O advogado e analista do Portal Inteligência Política Melillo Dinis afirma que “a responsabilidade pública da política será uma cobrança mais presente na relação eleitores e candidatos” por causa do contexto atual. Ele avalia que as eleições de 2020 serão marcadas por maior abstenção eleitoral e impactadas pelo desencanto dos eleitores. Confira entrevista:
Em meio à pandemia, o que esperar das eleições deste domingo?
Haverá maior abstenção eleitoral. Além dos temores com a pandemia, o desencanto dos eleitores poderá impactar as disputas municipais mais apertadas. A covid diminuirá a presença dos mais idosos e dos mais pobres nas urnas.
Qual vai ser o impacto da covid no voto?
Os temas da saúde pública e dos cuidados com os mais vulneráveis serão exigidos dos candidatos. Acima de tudo, a responsabilidade pública da política será uma cobrança mais presente na relação eleitores e candidatos. O Estado volta a importar, após um período em que o discurso era ultraneoliberal.
Que aprendizados as eleições nos Estados Unidos trouxeram ao Brasil?
São vários: que eleição se ganha após a votação, nunca nas pesquisas; que a vitória decorre do trabalho e do apoio dos eleitores; que o sistema das urnas eletrônicas que temos é muito mais evoluído e seguro; que quem fere com fake news, com fake news será ferido; e que o extremismo funciona por um tempo, mas não traz soluções para os problemas graves da população.
Bolsonaro vai sair vitorioso das urnas?
Não. Sem partido político, sem trabalho de base e com muita rejeição, o “mito” foi se transformando em “mico” nestas eleições municipais. Terá uma derrota e perderá consistência nas próximas batalhas.
Quando ele fala absurdos atrapalha os aliados?
As bolsonaradas, esta forma de abuso e absurdo, não são acidentais. São parte fundamental de um mecanismo que transforma a tempestade de besteiras em enxame digital. A questão é que muita gente gosta, seja para criticar ou reproduzir na corrente de ataques que virou a política brasileira. Atrapalha a todos e piora a situação dos aliados.
Na última eleição, em 2018, o eleitor queria novidade e combate à corrupção. E agora?
Ele deseja mais competência, soluções e ética. Menos conversa e mais condições de superar esta crise enorme. Diante do ano terrível de 2020, ações concretas e respeito com o outro são muito importantes.
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