Desembargador pede mais informações antes de decidir habeas corpus de delegado acusado de produzir e vender maconha

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ANA MARIA CAMPOS

O desembargador George Lopes Leite, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) negou — até que sejam esclarecidas as circunstâncias da prisão — o pedido de liminar em habeas corpus impetrado pelos advogados do delegado Marcelo Marinho de Noronha.

O desembargador pediu informações detalhadas ao Juízo da Terceira Vara de Entorpecentes, que autorizou busca e apreensão na casa e na chácara no Núcleo Rural Nova Betânia, em São Sebastião, de Marcelo Noronha e de seus familiares, que também foram presos.

O juiz que autorizou a medida também pediu que o Ministério Público esclareça a atuação de cada um dos indiciados na associação criminosa. Além do delegado Marcelo Noronha, também são investigados por produção e tráfico de maconha os filhos dele, Ana Flávia Rubenich e Marcos Rubenich, além de sua mulher, Teresa Cristina Lopes.

A pedido dos advogados, o desembargador determinou ainda que os depoimentos prestados por Marcelo Noronha e familiares, gravados em vídeo, sejam anexado ao processo.

A defesa alega que as plantações de maconha encontradas pela Polícia Civil na chácara de Teresa Cristina eram cultivadas para consumo próprio e fins medicinais. O delegado teria, inclusive, uma receita médica da Califórnia. “Numa análise perfunctória, os fatos se apresentam ainda nebulosos, apesar de sua gravidade, de modo que a análise do pedido liminar exige maior prudência, devendo ser feita depois da oitiva do Juiz e do Ministério Público”, aponta o desembargador.

Marcelo Marinho de Noronha foi preso acusado de infringir os artigos 33, § 1º, inciso II, e 35, ambos da Lei 11.343/2006, durante operação deflagrada pela Corregedoria da Polícia Civil do Distrito Federal.

A investigação teve origem em denúncia anônima de que o delegado estaria traficando drogas em associação com sua companheira e seus dois filhos.

Os advogados apontam que prisão em flagrante — convertida em preventiva na audiência de custódia —  é demasiadamente severa.

Marcelo Noronha, 54 anos, é delegado de Polícia há mais de 22 anos. Já exerceu a função de Diretor do Presídio PDF II e até a deflagração da operação estava lotado na Comissão Permanente de Disciplina da Polícia Civil do Distrito Federal. Ele perdeu o cargo comissionado logo após a prisão, por determinação do diretor-geral, Robson Cândido.

Na investigação, utilizando drones, a Corregedoria da PCDF verificou que, na área externa da casa, havia 26 vasos com plantas semelhantes à cannabis sativa L, em local dotado de iluminação artificial.

Uma equipe de policiais constatou que o local tinha uma estrutura capaz de produzir maconha em escala industrial, com vários vasos plásticos para o plantio de mudas, quatorze luminárias, 24 plantas grandes e 105 mudas da planta cannabis, uma balança de precisão, tesouras apropriadas para o trato das plantas e da preparação de maconha, além de diversos documentos, projéteis de calibre 12 e uma arma de fogo pertencente ao arsenal da Polícia Civil. Tinha também cômodos projetados para servirem de estufa.

Consta, ainda, do relatório da investigação que o delegado teria mencionado que viajara entre os dias 14 e 21 de novembro, junto com a sua atual companheira, Teresa Cristina Cavalcante Lopes, até Bogotá, na Colômbia, para comprar sementes selecionadas de cannabis. Ele teria dito também que fornecia maconha para seus amigos mais chegados.

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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Ana Maria Campos
Tags: delegado Habeas Corpus Maconha Marcelo Noronha PCDF

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