Da Coluna Eixo Capital
Uma operação para desativar duas bananas de dinamite ontem em Samambaia provocou um mal-estar enorme entre policiais civis e militares do Distrito Federal.
O delegado Fernando César Costa, chefe da Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos (DRF), disse em entrevista à TV Globo que houve uma opção de trabalhar em conjunto com a Polícia Federal neste caso. “O nosso objetivo maior aqui é a preservação de provas, sem esquecer a segurança, mas a preservação de provas para aparelhar a investigação policial, coisa que a Polícia Militar do DF não vinha compreendendo nos nossos trabalhos”, disse o delegado.
Na PM, a declaração caiu como uma bomba.
Telefonema para acalmar os ânimos
Por conta da repercussão da declaração do delegado Fernando César Costa, o diretor-geral da Polícia Civil, Eric Seba, telefonou ontem (01) para o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Florisvaldo César, para se desculpar e pedir que as duas corporações continuem trabalhando juntas.
Policiais militares comentavam ontem que a PM segue uma doutrina internacional que preconiza as seguintes prioridades: salvar vidas, salvar o patrimônio e por último produzir provas.
O Bope (Batalhão de Operações Especiais) tem experiência internacional nessa questão, com explosivistas formados nas melhores escolas do mundo, que são referência no assunto.
Choque de procedimentos
Entre policiais civis, o entendimento é de que era preciso levar as bombas sem detoná-las, depois de isolar a área, para obter algum tipo de evidência da autoria do crime, como impressões digitais ou elementos que indiquem onde os explosivos foram produzidos.
Em jogo, um choque de procedimentos entre as polícias Civil e. Militar.
Veja a nota pública da Polícia Militar:
A Polícia Militar do Distrito Federal continuará atuando dentro dos preceitos legais estabelecidos em nosso ordenamento jurídico. Seguiremos cumprindo nossa missão dentro da legalidade, profissionalismo e prezando pelo respeito mútuo aos demais órgãos e principalmente à população do DF.
Contudo, não faremos considerações a respeito de irrefletidas e inconsequentes declarações de servidores alheios à PMDF que não reflitam os princípios e valores praticados por sua corporação de origem.
A Associação dos Oficiais da Polícia Militar do DF (ASOF) também divulgou uma nota de repúdio, em que aponta: “A agressão direta e injustificada a uma instituição de segurança pública certamente não é saudável, tampouco benéfica para a população”.
Leia a íntegra da nota:
Um jornal local de televisão, de grande alcance, exibiu essa semana a infeliz opinião de um profissional de segurança pública que acreditamos ter experiência e conhecimento suficientes para estar exercendo o cargo que ocupa.
Entretanto, no lugar de trazer soluções ou apontamentos coerentes e ponderados, durante a entrevista utilizou-se de expressões totalmente inadequadas e emotivas, demonstrando assim, total desequilíbrio e despreparo para alguém que ocupa um cargo público.
A agressão direta e injustificada a uma instituição de segurança pública certamente não é saudável, tampouco benéfica para a população, menos ainda para os organismos responsáveis por garantir a paz social que todos merecem, bem como, não contribui na solução de nenhuma questão relacionada a essa temática.
Desconhecendo a real intenção de tal ato, somente podemos supor que esse profissional não agiu por impulso, uma vez que se expressou de forma contundente contra uma categoria de profissionais respeitada e essencial para a garantia da segurança de milhares de pessoas.
Assim, por não acreditarmos que sua conduta se resumiu a um ato meramente acidental, registramos nosso protesto e lembramos que a sociedade é muito mais importante que interesses individuais e obscuros. Talvez o reconhecimento público por parte desse profissional de que seu trabalho nos últimos dias se limitou a finalizar aquilo que outros já tinham iniciado, possa ser a resposta que todos esperam.
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