Por Ana Maria Campos — Depois de ser um dos protagonistas na reação do Executivo ao 8 de janeiro e desempenhar missões no governo federal, Ricardo Cappelli, até o momento ainda na função de secretário executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, virou alvo de bombardeio de petistas, base principal do presidente Lula. O momento é de espalhar que Cappelli, filiado ao PSB e braço direito de Flávio Dino, foi no passado um crítico do presidente Lula. Entre petistas, a avaliação é de que Cappelli voou muito nos últimos tempos, apareceu, cresceu e se tornou um adversário interno para projetos eleitorais.
Muita gente no PT trabalha para que Ricardo Cappelli fique fora do governo Lula e comemora a escolha do ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski como sucessor de Flávio Dino no Ministério da Justiça. O novo ministro do STF, que toma posse em 22 de fevereiro, trabalhou para manter o seu 02 como titular do cargo e, inclusive, fez a recomendação de que nas últimas semanas ele divulgasse as realizações da pasta, como operações contra o crime organizado, combate ao narcotráfico e projetos como o aplicativo do Celular Seguro. Cappelli ganhou holofotes também com a repercussão do primeiro aniversário da invasão à Praça dos Três Poderes, quando assumiu a intervenção na segurança pública do DF e conquistou notoriedade nacional. Mas ficou grande demais.
Ricardo Cappelli trocou mensagens públicas, pelas redes sociais, com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), e foi convidado para assumir um cargo no primeiro escalão da prefeitura. Ele não comenta os ataques petistas, tampouco a possibilidade de migrar para o Rio. Mas é certo que sua prioridade é permanecer em Brasília, onde tem apoio partidário para uma candidatura majoritária em 2026, ao Palácio do Buriti ou ao Senado. Claro que a eleição está muito distante. Mas na capital do país Cappelli ficou conhecido nacionalmente. Um cargo no Rio desvirtuaria esse caminho.
Principal nome do PSB do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg faz mil elogios a Ricardo Cappelli, com quem passou a se relacionar politicamente depois do 8 de janeiro. O ex-governador do DF telefonou para o correligionário, quando ele assumiu a intervenção na segurança do Distrito Federal, e se colocou à disposição para ajudar no que fosse necessário. Agora, com o bombardeio de fogo amigo a Cappelli, Rollemberg diz o que pensa do companheiro de partido: “Cappelli se mostrou desde o início extremamente leal, preparado e comprometido com o governo Lula e com o país. Ninguém pode ter dúvida dessas características. Assumiu a intervenção na segurança em momento delicado e teve desempenho exemplar, irretocável”.
Para Rollemberg, o presidente Lula acertou ao escolher o ministro Ricardo Lewandowski para o ministério da Justiça e Segurança Pública, mas acredita que há espaço para Cappelli no governo Lula. “É indiscutível a capacidade do ministro Ricardo Lewandowski e acho que ele realmente deve ter liberdade para montar a sua equipe, mas há certamente outras missões para Cappelli”, acrescenta o ex-governador que hoje integra a equipe do vice-presidente Geraldo Alckmin no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, como secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria.
Ainda sobre Cappelli, Rollemberg disse estranhar informações divulgadas por petistas de que, no passado, ele era um crítico contumaz do presidente Lula. “Soa muito estranho que um quadro ligado ao ministro Flávio Dino, um dos mais leais aliados históricos do presidente Lula, fizesse críticas públicas dessa natureza”, afirmou.
O teólogo Leonardo Boff, amigo do presidente Lula e admirado pela esquerda, saiu em defesa de Ricardo Cappelli, no X, pelo fogo amigo dos últimos dias: “Não podemos perder Ricardo Cappelli. Precisamos de homens destemidos, com expertise comprovada e defensores claros da democracia como Cappelli para fazer frente ao fascismo do governo anterior, que possui ainda muitos adeptos. Que Cappelli seja promovido a um cargo correspondente”. O (ex) secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública respondeu: “Muito honrado pelas suas palavras, querido Leonardo Boff. União e reconstrução”.
Líder do PT na Câmara Legislativa, o deputado distrital Chico Vigilante faz um diagnóstico dos ataques sofridos nos últimos dias por Ricardo Cappelli: “Ele foi com muita sede ao pote, apareceu demais. O presidente Lula não gosta disso. O ministro Lewandowski tem as características para o cargo, a começar pela discrição. É preciso ter mais ação e menos fanfarra”.
Para o deputado distrital Chico Vigilante, um exemplo de sucesso no governo Lula, na área de segurança pública, é o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. “É discreto e está desempenhando um excelente trabalho. Ele é imexível”, afirma o petista.
O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para 8 de fevereiro, no plenário, a retomada do julgamento sobre as cotas partidárias, que pode alterar a composição da bancada de deputados federais do DF. O PSB questiona a forma adotada pelo TSE para calcular a ordem de classificação dos candidatos. O julgamento já teve duas paralisações, com pedidos de vista dos ministros Alexandre de Moraes e André Mendonça. A depender do resultado, pode sair Gilvan Máximo (Republicanos-DF) para a entrada de Rodrigo Rollemberg (PSB-DF). Perde um conservador, ganha um progressista.
Rollemberg tem dois votos no STF para tese que garante seu mandato. Os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes acompanharam a posição do relator, Ricardo Lewandowski (foto), agora aposentado, mas divergiram em relação à aplicação do entendimento para as eleições de 2022. Presidente do TSE, Alexandre de Moraes apresentou voto vista no sentido de que a tese deve ser aplicada nas eleições do ano passado, o que garantiria a posse de Rollemberg.
Até então, o julgamento vinha sendo virtual. Agora será retomado no plenário.
O Governo do DF sofreu pressões para troca de comando no Corpo de Bombeiros do DF por parte de deputados distritais. Mas a coronel Mônica de Mesquita Miranda segue firme e forte, ainda mais agora na dobradinha com a coronel Ana Paula Barros Habka, comandante-geral da PM.
Ex-comandante da PM, coronel Fábio Augusto Vieira, preso desde agosto e denunciado pelo episódio do 8 de janeiro, aguarda com resiliência um desfecho para seu processo. No momento, ele tem se distraído com um curso de auxiliar de cozinha.
O Hospital Universitário de Brasília (HUB/UnB) realizou com sucesso, em dezembro, o primeiro transplante de medula óssea pelo Sistema Único de Saúde (SUS) do Distrito Federal. Trata-se de uma conquista não só para o paciente transplantado, um trabalhador da construção civil de 48 anos, como para toda a sociedade e também um marco para a instituição.
O Distrito Federal enfrenta uma proliferação de casos de dengue, com sintomas agressivos e muitas internações. Desde o início do ano, houve 11 mortes pela doença. O pior é que mais de 90% dos focos estão dentro de casa e para contê-los são necessários esforços da própria população, que muitas vezes não toma providências.
Está na pauta do STF o julgamento de uma ação em que se discute se freiras podem tirar e renovar CNH com fotos vestindo o hábito, desde que comprovem perante o Detran que fazem parte de instituições religiosas oficialmente reconhecidas. O caso se refere a uma freira do Paraná, mas o Supremo reconheceu repercussão geral e o resultado do julgamento valerá para todo o país. O relator é o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso.
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