ANA MARIA CAMPOS
Major da reserva da Polícia Militar, o advogado Jorge Antônio Oliveira Francisco, é o primeiro integrante da corporação a assumir um cargo no núcleo duro do poder federal.
Anunciado ontem (21/06) pelo presidente Jair Bolsonaro para a Secretaria-geral da Presidência da República, o oficial é filho de um antigo colaborador da família Bolsonaro, Jorge Francisco.
Durante mais de 20 anos, foi leal a Bolsonaro e aos três filhos do hoje presidente da República.
Capitão da reserva do Exército como Jair Bolsonaro, Jorge Francisco, figura na Justiça Eleitoral como o maior doador das campanhas do clã, na condição de pessoa física.
Desde 2004, ele doou R$ 48,5 mil para candidaturas dos Bolsonaro. Em 2004, foram R$ 10 mil para o 02, Carlos Bolsonaro, na disputa a uma vaga de vereador.
Dois anos depois, a colaboração de R$ 10 mil caiu na conta de campanha de Jair Bolsonaro que se reelegia deputado federal.
Nesse mesmo ano, o 01, Flávio, hoje senador, recebeu R$ 13 mil do capitão Jorge Francisco. Para Eduardo Bolsonaro, o repasse foi de R$ 11 mil, em 2014. A última colaboração ocorreu em 2016. Transferiu R$ 2,5 mil para a candidatura do vereador Carlos Bolsonaro, em sua quarta eleição.
O próprio ministro da Secretaria-geral da Presidência declarou doação de R$ 4 mil dos R$ 13 mil arrecadados, segundo prestação de contas, para Flávio Bolsonaro em 2006.
Poder transferido
Em abril do ano passado, o capitão da reserva Jorge Francisco morreu de infarto, aos 69 anos, cinco meses antes do atentado do amigo, em plena campanha eleitoral.
Bolsonaro chegou a suspender a agenda de campanha para lamentar a perda e ir ao enterro no cemitério Campo da Esperança, em Brasília.
O capitão também não teve a oportunidade de ver o presidente subindo a rampa do Palácio do Planalto. Mas o filho Jorge Antônio Oliveira Francisco passa a ser poderoso, ocupando uma sala ao lado do gabinete do presidente da República.
Visita para poucos
Em fevereiro, o agora novo ministro da Secretaria-geral da Presidência da República, Jorge Antônio Oliveira Francisco, que já exercia a função de subchefe de Assuntos Jurídicos do Palácio do Planalto, foi um dos poucos e seletos integrantes da equipe a despachar com o presidente Jair Bolsonaro no quarto do Hospital Albert Einstein, onde ele se recuperava de uma cirurgia para retirada da bolsa de colostomia.
Prestígio e rusgas
Entre policiais e bombeiros militares, a esperança é de que, com um representante no gabinete de Bolsonaro, as duas corporações terão prestígio na hora das decisões do presidente da República.
Policiais civis temem que, pelas rusgas entre as forças de segurança, a categoria fique em segundo plano.
Um aliado da PCDF, no entanto, é o secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, que já vinha mantendo contatos com Jorge Oliveira Francisco sobre a reposição salarial dos servidores do DF.