ANA MARIA CAMPOS, da coluna EIXO CAPITAL
Entre janeiro e fevereiro, 11 servidores da Câmara dos Deputados perderam a vida em decorrência da covid-19. Foram mais mortes nos dois primeiros meses de 2021 do que todas as registradas na Casa desde o início da pandemia em março de 2020.
Logo depois das festas de fim de ano, em janeiro, houve oito óbitos e três, em fevereiro. No total, desde o início da crise sanitária, foram registradas oficialmente 21 mortes de servidores, sendo 10 em 2010. Todos eram secretários parlamentares.
Entre os aposentados, mais 19 pessoas não resistiram ao novo coronavírus, sendo três neste ano.
Os dados são do Departamento Médico, da Diretoria de Recursos Humanos, da Câmara dos Deputados. No levantamento, não estão incluídas as vítimas do coronavírus que se foram em março.
É o caso, por exemplo, da servidora Creuzi R. da Silva (foto), da Secretaria de Controle Interno da Câmara, que morreu ontem (09/03). Ela era muito querida entre os colegas que estão consternados.
Creuzi, o marido, Ismael Neto, e o filho, Davi, foram contaminados. Ela não resistiu.
Volta ao trabalho
Durante a pandemia, na gestão de Rodrigo Maia (DEM-RJ), a maioria dos servidores do Congresso estava em home-office. Mas, assim que o deputado Arthur Lira (PP-AL) assumiu a presidência, em fevereiro, as regras mudaram.
Estava definida uma escala de retorno progressivo ao trabalho presencial. Nos primeiros dias, as filas de entrada nos anexos causaram aglomerações enormes. Por conta da superlotação dos hospitais do DF, no entanto, a Mesa da Câmara — e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) — proibiram a entrada de visitantes nas dependências do Congresso.
A nova rotina de trabalho presencial foi suspensa devido ao agravamento da pandemia no Distrito Federal que levou o governador Ibaneis Rocha (MDB) a decretar lockdown em várias atividades e toque de recolher entre 22h e 5h.
A situação da rede de saúde do DF, como em quase todo o país, é crítica. O DF tem 93% dos leitos de UTI ocupados e sete hospitais lotados.
Quase 500 contaminados
Entre as contaminações por covid-19 registradas na Câmara, houve 482 casos, segundo a Diretoria de Recursos Humanos da Casa.
Foram 33 em janeiro e 38 em fevereiro. Mas os piores meses de contaminação foram julho, com 80 casos, e agosto, com 99. Em seguida, dezembro, quando 64 funcionários pegaram covid-19.
Nesta terça-feira (09/03), o Brasil bateu novo recorde de mortes em decorrência da doença que alarma o mundo. Foram 1.972 mortos por covid-19 e 70 mil novos casos em 24 horas. Esse é o maior número de óbitos desde o começo da pandemia.
O Distrito Federal também está no pior momento. Há mais de 20 mil contaminações ativas. A cidade ultrapassou a marca de 5 mil mortes.