Câmara derruba aumento de passagens
Câmara derruba aumento de passagens Luís Nova Câmara derruba aumento de passagens

Câmara derruba decreto de reajuste das tarifas

Publicado em CB.Poder

Ana Viriato

Por 18 votos a zero, os deputados distritais aprovaram o projeto de decreto legislativo que suspende o reajuste de tarifas do transporte. Pressionados por dezenas de manifestantes reunidos na galeria do plenário, os parlamentares discursaram contra o aumento e aprovaram o texto sem dificuldades.

 

Na prática, entretanto, o valor das viagens só voltará aos antigos patamares após a publicação da resolução no Diário Oficial do Distrito Federal. O prazo é de 15 dias, tempo suficiente para Rodrigo Rollemberg (PSB) recorrer à Justiça para tentar manter os aumentos.

 
Os 18 parlamentares presentes mostraram-se contrários à determinação do Executivo local, vigente desde o primeiro dia útil do ano. Integrante do grupo técnico que produziu o projeto de decreto legislativo, Israel Batista (PV) afirmou que o aumento ocorreu embasado por informações falaciosas. “A cada R$ 12 investidos em transporte, R$ 1 vai para o coletivo. O problema, então, não está concentrado em gratuidades, por exemplo”, disse, referindo-se à intenção do GDF em restringir a concessão do passe livre estudantil.

 
Cláudio Abrantes (Rede) defendeu a manutenção do debate sobre o transporte público brasiliense. “Não basta derrubar o reajuste. É necessário abrir a caixa preta do setor, analisar o ramo e aferir as irregularidades”, afirmou.

 
Não compareceram à sessão extraordinária os integrantes da base, Luzia de Paula (PSB), Agaciel Maia (PR), Telma Rufino (PROS) e o líder do governo na Câmara, Rodrigo Delmasso (Podemos); além dos distritais Cristiano Araújo (PSD) e Robério Negreiros (PSDB). Lira e Juarezão, que estavam ausentes no início da sessão, chegaram para a votação.

 
A gama de irregularidades apresentadas pelos deputados na justificativa do projeto de decreto legislativo é ampla. Os parlamentares citam, por exemplo, o descumprimento do Artigo 11 da Lei Federal n° 8.987/1995, cujo conteúdo determina que “o Poder Público deve prever receitas alternativas, complementares e acessórias, com vistas a favorecer a modicidade das tarifas”.

 
Há, ainda, desrespeito à diretriz que condiciona a revisão tarifária à análise do Conselho de Transporte Público Coletivo do DF, desativado desde o início da gestão do chefe do Executivo local. “Ao não consultar o Conselho, o Secretário de Mobilidade usurpou os direitos de poderes e da população ao debate”, argumentou Wasny de Roure (PT).

Debate na Câmara

Os distritais, embasados por documentos oficiais, alegam que o deficit de R$ 427 milhões para o custeio do sistema de transporte público decorre, em parte, de erros praticados pelo Palácio do Buriti. Embasados por documentos oficiais, eles argumentam que as gratuidades de passe livre estudantil e de portadores de necessidades especiais não devem ser remuneradas por meio de tarifa técnica, valor estabelecido por fórmulas previstas em contrato e superior à tarifa usuário — montante pago pelos passageiros ao ingressar no transporte público.

 

Ainda segundo o colegiado, a “incoerência” teria custado aos cofres públicos R$ 62 milhões a mais que o necessário. Considerando os três anos de contrato, o repasse incorreto poderia chegar a R$ 200 milhões.
Além disso, os deputados destacam um parecer da Corte de Contas, que aponta superfaturamento no valor das tarifas técnicas na ordem de 43%. O documento, assim, “demonstrou um ganho extraordinário para o licitante vencedor de cada lote e os respectivos contratos teriam nascido com um desequilíbrio em favor do erário”.