“Avalio que, até agora, a Câmara foi morna”, diz deputada Dayse Amarilio

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À QUEIMA-ROUPA – Por Ana Maria Campos

Deputada Dayse Amarilio (PSB)

“Avalio que, até agora, a Câmara foi morna. Acredito que a instabilidade política, em razão da intervenção na segurança pública e o afastamento do governador, fez com que a Casa demorasse muito a dar respostas à sociedade”

Qual a sua opinião sobre a possível federação do PSB com o PDT?

Minha análise é que será promissora. A federação será boa para os dois partidos, ambos com características progressistas e bandeiras em comum. Além disso, na dificuldade de nominata e quadros, conseguiremos uma boa ampliação. Um exemplo é a senadora Leila do Vôlei (PDT), que tem um perfil muito voltado para o diálogo. É preciso destacar que a federação também abriga o Solidariedade, um partido muito organizado, que tem uma Fundação muito pujante e que pode agregar muito em termos de qualificação técnica e formação política.

A senhora esteve com a reitora da UnB, Márcia Abrahão. Seu mandato pode ajudar a universidade?

Sou egressa da Universidade de Brasília e tenho um carinho muito grande pela UnB. Estive com a reitora em uma reunião de cortesia para, além de me colocar à disposição, entender as demandas da Universidade. Existem alguns entraves que não nos permitem destinar recursos diretamente para a UnB, mas nós temos somado forças com deputados federais e senadores e articulado o envio de recursos para a Universidade. Além disso, temos articulado parcerias, inclusive com o Hospital Universitário (HUB). Queremos somar esforços para fomentar um programa que incentive a contratação de profissionais sem experiência para o primeiro emprego e também incentivar programas de treinamento. Há muito para ser feito e temos boa vontade para isso.

Como está a mobilização pelo piso salarial da enfermagem?

A enfermagem após 50 anos avançou muito. Hoje temos uma Lei regulamentada e duas Emendas Constiticionais. No que pese isso, as reuniões dos últimos dias foram mais promissoras e já temos uma sinalização de alguns ministros, inclusive o ministro Rui (Costa) e o ministro (Alexandre) Padilha, que em maio – mês da semana brasileira de enfermagem – tenhamos a edição da Medida Provisória que vai regulamentar o que o ministro Barroso solicitou. Então, nossa mobilização continua. Temos a convocação de uma mobilização nacional pelo Fórum Nacional, que será um ato em Brasília, no próximo dia 29 de março, na praça das Bandeiras. Não pretendemos parar as mobilizações, ao contrário, já existe uma interlocução dentro da categoria para que os profissionais intensifiquem as mobilizações até que, finalmente, consigamos a implementação do piso.

Como avalia o andamento da CPI dos Atos Antidemocráticos? Acredita que chegará aos financiadores e organizadores?

A ideia, a cobrança dos parlamentares, principalmente do bloco da minoria e da oposição, é de que consigamos chegar até os financiadores. Dentro do nosso bloco, PSB-PSOL, temos um membro titular da CPI, que é o deputado Fábio Felix. Temos acompanhado as oitivas, mas a grande dificuldade é realmente das pessoas comparecerem. Temos esperança que a Casa traga luz às coisas que aconteceram e, principalmente, para o papel da polícia do Distrito Federal e do próprio DF nos episódios de 8 de janeiro.

Entre 24 parlamentares, a Câmara Legislativa tem apenas quatro mulheres. Como aumentar a participação feminina no Legislativo?

É um desafio social que passa, inclusive, pela união e pela unidade dessas quatro mulheres. Isso reverbera a grande dificuldade que nós temos em entender que só ocupando esses espaços é que conseguiremos fazer políticas públicas voltadas para as mulheres. Então, se nós eviscerarmos essas dificuldades, mas, ao mesmo tempo, tivermos coragem para legislar, marcar posicionamento e nos unir, isso acabará dando força para outras mulheres terem vontade de ingressar na política. Outra questão que não podemos esquecer é que essas decisões também passam pelos partidos, pelas nominatas, pela atuação das mulheres que estão nesses espaços de poder, não apenas os mandatários em si. É preciso empoderar as mulheres e colocá-las em espaços estratégicos nas siglas, criando uma rede que permita que elas se amparem, potencializem, se fortaleçam e lancem candidaturas femininas.

Como avalia a atuação da Câmara até agora?

Avalio que, até agora, a Câmara foi morna. Acredito que a instabilidade política, em razão da intervenção na segurança pública e o afastamento do governador, fez com que a Casa demorasse muito a dar respostas à sociedade. Percebo que cada parlamentar está trabalhando muito em suas bases, mas essa instabilidade do DF acabou mesmo dificultando a condução esperada dos trabalhos na Câmara, apesar da condução diplomática e certeira da vice-governadora, Celina Leão (PP), que, como governadora em exercício, atuou de forma firme, porém, sempre buscando o diálogo com o parlamento. Agora, com a volta do governador, espero que possamos trabalhar de forma mais célere e dar as respostas que a população precisa e merece. Nossa expectativa é que o canal de diálogo, aberto pela vice-governadora, seja mantido.

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