POR CARLOS ALEXANDRE DE SOUZA — O ataque ao Supremo Tribunal Federal (STF) mostra a urgência de punir, de forma exemplar, aqueles que entendem a política como uma guerra. Divergências fazem parte da democracia, mas empregar a violência — seja nas redes sociais, seja no mundo real — para impor seu ponto de vista é avançar claramente no princípio de civilidade que sustenta o regime democrático.
O avanço do extremismo revela como é preciso sanar diversas anomalias que têm na democracia brasileira, a saber: a) o entendimento de que o Judiciário é um inimigo da pátria, a tolher a liberdade dos cidadãos; b) a tolerância com mensagens, mobilizações e atos que agridem e ameaçam a convivência democrática e até a integridade física dos brasileiros; c) a ausência de uma regulação mais rígida das redes sociais, território livre para disseminação do discurso do ódio e do extremismo.
Vinte e dois meses depois do 8 de janeiro, o veneno do extremismo volta a se manifestar em Brasília. Em 2023, autoridades das instituições atingidas caminharam, de braços dados, pela Praça dos Três Poderes, em um gesto de união contra a barbárie. Em 2024, passou da hora de aplicar os instrumentos necessários para dar um basta a quem faz da violência uma arma política.
A passos largos
Após o atentado de quarta-feira, são grandes as chances de os processos contra extremistas em curso no STF ganharem velocidade. Ontem, a Justiça argentina emitiu ordem de prisão contra 61 foragidos que participaram do atentado de 8 de janeiro, em atendimento a pedido do ministro Alexandre de Moraes. Os processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro também caminham para uma definição.
Agenda suprema
O plenário virtual do STF está com a agenda repleta. Entre outros temas, os ministros vão analisar se a presença de símbolos religiosos em órgãos públicos contraria a laicidade do Estado brasileiro — há um crucifixo no plenário do STF. Estão também na pauta o pagamento de honorários advocatícios e a gratificação para policiais que fazem guarda de presos.
Ações penais
Por fim, o plenário virtual conta com 14 ações penais contra réus dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Os ministros têm até o dia 26 para declarar o voto.
Em evidência
Pela segunda vez em dois anos, uma crise política caiu no colo da vice-governadora Celina Leão, com a explosão de bombas em frente ao Supremo Tribunal Federal. A ausência do governador Ibaneis Rocha criou uma nova oportunidade para ela se destacar no comando das forças políticas do Distrito Federal. Celina foi elogiada pela cúpula dos Três Poderes por suas atitudes rápidas e eficientes.
Aposta alta
Em conversas com a cúpula do Congresso Nacional, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, lançou um número mágico para a economia brasileira nos dois próximos anos: R$ 70 bilhões. Esse é o valor que ele espera que o governo economize nos próximos dois anos do governo Lula. O pacote fiscal só deve ser anunciado após a visita do presidente da China, Xi Jinping, na próxima semana.
Transparência
Partiu do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, a decisão de liberar os vídeos com as imagens de Francisco Wanderley Luiz nas dependências da Casa, bem como nas proximidades. As imagens fazem parte do inquérito conduzido pela PF sobre o atentado na Praça dos Três Poderes.
Hermano, no
Cada vez mais radical, o governo de Javier Milei se distancia do Brasil no cenário internacional. A retirada da COP 29, no Azerbaijão, a oposição à taxação dos super ricos, medida defendida pelo governo Lula no G20; e a alegria esfuziante de Milei no jantar promovido pelo presidente eleito Donald Trump, na Flórida.
Apelo das cidades
A mobilização dos prefeitos no G20 é uma iniciativa fundamental para enfrentar as consequências da emergência climática. Os gestores municipais defendem, entre outras reivindicações, mais acesso a investimentos em favor da sustentabilidade. A tragédia ocorrida em Porto Alegre e diversas outras cidades gaúchas são exemplos do impacto da crise climática nos centros urbanos.
De Palmas para o mundo
O estado de Tocantins deu um passo importante no mercado de carbono. A unidade da Federação ajustou o seu programa de redução de emissões por desmatamento ao padrão internacional Art Trees, referência na geração de créditos de carbono. Com a medida, o estado tocantinense pode alcançar uma receita de R$ 2,5 bilhões até 2030.