Da Coluna Eixo Capital/ANA MARIA CAMPOS
ENTREVISTA: Clara Roriz, secretária de Atendimento à Comunidade do DF
“Meu foco é em como posso contribuir positivamente e aproveitar as boas lições que o ex-governador Roriz deixou. Seu lema era: ‘Governar é definir prioridades depois de ouvir o povo’. É preciso ouvir e ter a sensibilidade de fazer”
O que caracteriza as ações da Secretaria de Atendimento à Comunidade (Seac) e por que elas são importantes?
A nossa secretaria é uma iniciativa inédita no país. É um órgão que foi pensado como articulador entre a comunidade e o GDF. Embora todas as secretarias estejam disponíveis para atender a população, sabemos que, muitas vezes, é necessário estar diariamente nas ruas. Vemos muitas ações positivas nesse sentido, e a Seac é um catalisador que une esforços. Nossas ações são focadas em escutar e buscar atender as demandas das comunidades. Estamos presentes nas ruas, com escuta ativa, e muitas vezes transformamos essas informações e pedidos em projetos concretos, como “Cuide-se+”, “Atendimento em Movimento” e muitos outros.
Quais exemplos práticos demonstram esse impacto na comunidade?
O próprio “Cuide-se +” surgiu de uma escuta que fizemos em Águas Claras. A população relatou a carência de atividades focadas na saúde mental e em lazer. Então, elaboramos o projeto e o realizamos de forma itinerante pelas cidades. O mesmo acontece com o projeto “Absorva o Bem”, que será lançado oficialmente agora no dia 8. Trata-se de uma corrente de doação e arrecadação de absorventes para ajudar as pessoas que precisam de um acesso imediato a esse item básico. E tudo começou com o relato constrangido de uma moça que, ao me cumprimentar, disse que nossa conversa seria breve porque estava menstruada e não tinha absorvente. Antes mesmo de eu poder oferecer um absorvente, ela foi embora, mas aquela necessidade tão urgente ficou martelando na minha cabeça. Comecei a pesquisar em como ajudar e então chegamos ao “Absorva o Bem”.
Como você avalia que será a recepção do projeto?
Entre os órgãos públicos, como TJDFT, CLDF, MPDFT, TCDF e outros, houve uma ótima receptividade do projeto e acreditamos que ele pode se integrar na cultura do DF, como as faixas de pedestres, que já são uma marca nossa. Com esse apoio, de forma educativa e a sensibilização da mídia, os pontos solidários que vão se popularizar com a oferta de absorventes, e o convite para que qualquer pessoa faça a doação e mantenha as caixas abastecidas, teremos mais um bom exemplo de cidadania na capital federal.
Como você gerencia a relação da secretaria com outros órgãos do GDF? Há rivalidade nesse trabalho?
Não, na verdade, buscamos articulação e apoio mútuo. “Parceria” é o lema do governador Ibaneis Rocha e da nossa vice-governadora Celina. Os órgãos oferecem suporte e nós entramos com a mediação com a população, muitas vezes ajudando-os a terem acesso a serviços públicos e desafogando outros órgãos.
E como você tem visto o trabalho de projetos sociais?
O terceiro setor, em parceria com o governo, é muito potente em termos de transformação social. Na Seac, já identificamos e cadastramos mais de 800 projetos. A evolução é animadora. Com a crescente organização da comunidade, vejo um aumento na participação e na vontade de resolver problemas localmente. São muitas vozes se fazendo ouvir e isso demonstra um crescimento positivo.
O sobrenome Roriz tem peso politico. Como impacta na sua atuação?
Meu foco é em como posso contribuir positivamente e aproveitar as boas lições que o ex-governador Roriz deixou. Seu lema era: “Governar é definir prioridades depois de ouvir o povo”. É preciso ouvir e ter a sensibilidade de fazer. Por exemplo, muitas comunidades desenvolvem boas tecnologias de participação popular para melhorias comunitárias, e aquela tecnologia fica restrita. Com essa aproximação constante, estamos entendendo como essas dinâmicas podem ser melhor desenvolvidas de acordo com as demandas de cada RA. Meu objetivo à frente da Secretaria é impactar positivamente a população e demonstrar que por meio de nossas ações o governo está presente.

