ANA MARIA CAMPOS
ANA VIRIATO
Quando começaram as articulações pela corrida ao Palácio do Buriti, nomes ligados aos ex-governadores José Roberto Arruda (PR) e Joaquim Roriz (sem partido) estavam unidos em um só grupo e acumulavam um significativo espólio eleitoral. As negociatas e brigas de egos dos últimos meses, no entanto, os dividiram em quatro frentes distintas. A última delas, lançada ontem. Sob a bênção do ex-secretário de Saúde Jofran Frejat (PR) e graças à articulação de Arruda, o deputado federal Alberto Fraga (DEM) entrou na disputa pelo GDF. Ao lado do democrata, Izalci Lucas (PSDB) concorrerá ao Senado. Com a união sacramentada, nas próximas duas semanas, o grupo político vai correr contra o relógio em busca de novos aliados com nomes de fôlego para preencher as vagas majoritárias remanescentes e de ainda mais tempo de propaganda eleitoral na tevê e no rádio.
O lançamento da candidatura ocorreu em meio a tentativas frustradas de uma união entre DEM e PR e o grupo formado por MDB, PP e Avante. Unidos por meses em torno do nome de Jofran Frejat, os partidos se separaram após a desistência do médico. Ex-vice-governador e presidente regional emedebista, Tadeu Filippelli escolheu o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF) Ibaneis Rocha como pré-candidato ao GDF e ofereceu a Fraga o posto de senador. Deputado federal mais votado em 2014, o parlamentar não aceitou a oferta por acreditar que detém mais chances de vitória. Guiado por Arruda, formalizou um novo grupo.
Agora, a frente formada por PR, DEM e PSDB tentará convencer parte dos antigos aliados a ficar ao seu lado. O primeiro deles é o PP. Como a sigla é presidida regionalmente pelo deputado federal Rôney Nemer, amigo pessoal de Filippelli, a costura deve acontecer por cima. Articuladores pretendem procurar o comandante nacional da legenda, Ciro Nogueira, para conquistar o apoio. Como argumento, dirão que, ao lado do MDB e Avante, o PP não conseguirá eleger deputados federais. Caso haja acordo, a vice-governadoria ficará com a agremiação. O nome cotado para assumir o posto é o de Anna Christina Kubitschek, esposa do empresário Paulo Octávio e neta do ex-presidente Juscelino Kubitschek.
Impasse com MDB
Com o MDB, porém, uma eventual reaproximação pode enfrentar percalços. “Dizem que, em política, devemos ciscar para dentro. Mas não sei se, dessa vez, vale a pena”, disse Fraga. O deputado federal relembrou que as conversas com os emedebistas não foram produtivas. “As pessoas acham que dinheiro compra tudo. Tem gente que não sabe o que é uma urna, mas acha que voto cai de árvore. Fizeram o jogo sem combinar com os russos e deu no que deu”, pontuou, se referindo a Ibaneis Rocha. E completou: “Se DEM e PR tivessem sido excluídos do jogo com base em critérios, eu aceitaria, como o fiz quando recuei para apoiar Frejat. Mas, por dinheiro, não”.
Ao Correio, após receber a notícia de que Fraga havia entrado no páreo, Tadeu Filippelli garantiu que a candidatura de Ibaneis Rocha é “irreversível”. O partido do ex-vice-governador detém o segundo maior tempo de propaganda eleitoral na tevê e no rádio, com cerca de 1 minuto e 3 segundos a cada um dos dois blocos de nove minutos, transmitidos às segundas, quartas e sextas-feiras. A legenda também está entre as que dispõem de mais recursos de financiamento de campanha.
Chapas pré-moldadas
As chapas de centro-direita encabeçadas pela ex-distrital Eliana Pedrosa (Pros) e pelo deputado federal Rogério Rosso (PSD) também acertam os detalhes finais. Com Alírio Neto (PTB) como vice, Eliana busca fechar a composição das vagas do Senado. Alguns nomes interessados nos cargos consultam lideranças nacionais para consolidar a aliança.
Rosso está com a chapa pré-moldada. O vice dele será o pastor Egmar Tavares (PRB). Ao Senado, concorrerão Cristovam Buarque (PPS) e o empresário Fernando Marques (Solidariedade). Mas o deputado federal ainda tenta atrair novos aliados. O Podemos fechou a indicação ao nome dele na última segunda-feira. “O apoio foi aprovado por unanimidade. Nosso partido lançará as candidaturas proporcionais e um nome independente ao Senado, o da servidora da Saúde Natália Mazzoli. Pela lei, ela terá direito apenas ao tempo de tevê e rádio do Podemos. Também pleiteamos uma segunda suplência de senador”, explicou o presidente regional da sigla, Marcos Pacco. Em busca da aproximação com outros partidos, Cristovam reuniu-se, ontem, com dirigentes do PCdoB e PPL.