Coluna Eixo Capital, publicada em 22 de dezembro de 2024, por Pablo Giovanni (interino)
O ex-ministro e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres venceu a disputa judicial com a União e não precisará devolver os R$ 87,5 mil recebidos como salário enquanto esteve preso, entre janeiro e maio de 2023. Delegado da Polícia Federal, Torres enfrentou um processo administrativo na corporação, que inicialmente determinou a devolução dos valores, decisão posteriormente reforçada pela União.
Entretanto, em sentença proferida na última quarta-feira, o juiz Gabriel Zago manteve entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), que considera inconstitucional a suspensão de vencimentos de servidores públicos em prisão preventiva. O magistrado citou os artigos 5º, inciso LVII, e 37, inciso XV, da Constituição Federal, que garantem a presunção de inocência e a irredutibilidade salarial.
“Por essas razões, mantenho a decisão liminar e julgo procedentes os pedidos, nos termos do art. 487, inciso I, do CPC, para declarar a inexigibilidade da cobrança de R$ 87.560,67, realizada pela União, bem como anular o referido débito”, afirmou o juiz.
Embora tenha conseguido essa vitória, Anderson Torres ainda responde a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) na Polícia Federal, atualmente suspenso por decisão da Justiça Federal. Além disso, na última semana, os advogados dele solicitaram a devolução de aves apreendidas pelo Ibama em sua residência durante a prisão. A defesa optou por não comentar o caso.
As últimas sessões da Câmara Legislativa (CLDF) em 2024 mostraram um clima bastante tranquilo, sem projetos considerados espinhosos encaminhados pelo Palácio do Buriti, além de um orçamento dentro das projeções — há, claro, exceções em algumas partes, mas nada de muito relevante. Porém, há pontos sensíveis entre os distritais que nada têm a ver com o papel do governo dentro da Casa: os projetos de Cidadão Honorário de Brasília.
Existiu um acordo, tratado em colégio de líderes nas últimas semanas de trabalho, de que projetos concedendo esses títulos a personalidades como o expresidente Jair Bolsonaro (PL), a exprimeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes não seriam analisados nas últimas sessões. O acordo, de fato, foi cumprido. Entretanto, os parlamentares também deixaram “acordado” que é necessário limpar a pauta no início de 2025, com a votação desses e de outros títulos — alguns pendentes desde 2022.
Mas, se depender da oposição, Bolsonaro jamais será homenageado. Se for do desejo dos distritais ligados à direita, “Xandão” passará longe de receber o título de cidadão honorário de Brasília. A conferir como será o retorno dos trabalhos.
Antes do recesso, o ministro Maurício Godinho Delgado, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), mediou um acordo coletivo entre o Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Indústria Moedeira (SNM) e a Casa da Moeda do Brasil. O pacto, válido de 1º de junho de 2024 a 31 de maio de 2025, prevê reajuste salarial de 3,93%, retroativo a junho de 2024, abono indenizatório de R$ 1,5 mil, além de benefícios como auxílio-alimentação, auxílio-creche e a criação do feriado no Dia do Moedeiro.
A Casa da Moeda é responsável pela fabricação de cédulas, moedas, passaportes e selos fiscais. Em janeiro de 2020, os trabalhadores chegaram a paralisar atividades por melhores condições de trabalho.
O governo do Distrito Federal avançou na concessão de estacionamentos públicos à iniciativa privada, mas enfrenta dificuldades para destravar a privatização da Rodoviária do Plano Piloto. Suspenso desde outubro pela 2ª Câmara Cível, o processo só deverá ser analisado pelos desembargadores após 20 de janeiro de 2025, com o fim do recesso forense. A suspensão ocorreu devido a possíveis irregularidades no edital que selecionou a empresa vencedora. O Executivo recorreu e aguarda decisão, mas não sairá em 2024.
A deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania) demonstrou insatisfação com o projeto de privatização de estacionamentos públicos no centro de Brasília. Em ofício enviado à Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), a parlamentar pediu mais detalhes sobre a proposta e defendeu maior debate na Câmara Legislativa (CLDF).
“Muito me surpreende essa tentativa de emplacar um projeto tão importante no momento em que a Câmara Legislativa sai de recesso. O assunto interessa à população do DF e não deve ser tratado com tanta pressa, principalmente sem ser discutido na CLDF, que é a casa do povo”, disse.
O governador Ibaneis Rocha (MDB) decidiu manter Rodrigo Delmasso na Secretaria da Família e Juventude, apesar da decisão do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) que impede o exdeputado distrital de ocupar cargos públicos. A defesa de Delmasso recorreu da decisão no tribunal e, no momento, o processo está suspenso após pedido de vista da desembargadora Anilcéia Machado.
A decisão do TCDF, emitida em outubro, também aplica uma multa de R$ 40 mil a Delmasso e outros ex-gestores da Secretaria de Trabalho por irregularidades de 2009, quando ele era chefe da Unidade de Administração Geral da pasta.
A bancada do Distrito Federal no Congresso Nacional conseguiu excluir o Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF) do projeto de cortes de gastos do governo federal. A articulação foi decisiva para proteger o fundo, que já havia sido alvo de ameaças semelhantes no ano passado.
O dólar segue acima de R$ 6, apesar dos esforços do Banco Central para conter a desvalorização do real. Na última sexta-feira, a moeda americana fechou a R$ 6,07, mesmo após o BC ofertar US$ 7 bilhões em leilão. Em 2024, a alta acumulada é de 25%.
O ministro Rogério Schietti Cruz, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), adiou para fevereiro de 2025 a análise do caso Adriana Villela, condenada em primeira instância pelo “Crime da 113 Sul”. Tanto o pedido de prisão preventiva, apoiado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), quanto o recurso da defesa, para anulação da condenação, serão avaliados no próximo ano. O STF já autorizou a execução de penas determinadas por tribunais do júri, como no caso de Villela.
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