anderson_torres_eixo Crédito: André Feitosa SSP/DF

Anderson Torres: “Apesar de todos os contratempos, as forças de segurança têm se superado diariamente”

Publicado em Entrevistas

À queima-roupa // Anderson Torres, secretário de Segurança Pública do DF

por Ana Maria Campos

Como vai ser o processo de vacinação das forças de segurança?
Sabemos da limitação da quantidade de doses, por isso não trabalhamos com a possibilidade de vacinação em massa das forças de segurança em um primeiro momento. Diante desse cenário, solicitei aos chefes das forças um planejamento, de acordo com as características e as prioridades de cada corporação, para que possamos alinhar um cronograma de imunização com a Secretaria de Saúde, conforme a disponibilidade de vacinas. E tão logo seja possível, queremos apoiar também nossos parceiros policiais federais, rodoviários federais, legislativos e penais, que atuam aqui no Distrito Federal. Nossa intenção é, em acordo com o planejamento das forças, começar a vacinação pelos profissionais que estão mais expostos ao vírus, ou seja, os que atuam na linha de frente, em contato direto com as pessoas.

Policiais serão vacinados antes de professores?
Desde o ano passado, venho em uma série de tratativas para incluir nossos policiais, bombeiros e agentes nos grupos prioritários. Temos contado com o apoio do governador Ibaneis e do secretário de Saúde, Osnei Okumoto, e já conseguimos entrar no quarto grupo prioritário. Porém, com essa nova onda, a situação se tornou ainda mais urgente. Por isso, tenho me encontrado quase que diariamente com o governador Ibaneis Rocha. Preocupa-me a exploração do tema por pessoas alheias à segurança pública e a estipulação de datas e prazos para essa vacinação, uma vez que isso aumenta a ansiedade da tropa, e até o presente momento não temos como precisar datas para a vacinação. Por isso, é importante que todas as forças de segurança tenham em mente que estou empenhado pessoalmente na busca de uma solução urgente para esta questão, e que tão logo tenhamos uma definição, vamos divulgar imediatamente. Nós, os profissionais da segurança pública, não paramos desde o início da pandemia. Desempenhamos uma atividade em que não cabe a possibilidade de teletrabalho. E, apesar de todos os contratempos, as forças de segurança têm se superado diariamente, atuando nas ruas de modo incansável, aumentando a segurança no DF. A prova disso é a sequência histórica de redução dos índices de violência no DF nos últimos dois anos, em todas as modalidades de crime, com destaque para cerca de 50% de redução nos feminicídios em 2020.

O Ministério Público do DF recebeu denúncia de desvio de sobras de frascos de vacina contra covid. Há uma apuração no governo sobre isso?
Desde o início da vacinação, temos atuado em conjunto com a Secretaria de Saúde e outros órgãos para a escolta das vacinas, além de auxiliar na segurança e organização nos postos de vacinação. Evidentemente, além dessas ações, a Polícia Civil estará sempre pronta para investigar e apurar eventuais denúncias.

Já há vários casos de mortes de PMs por covid-19. Qual foi o impacto da pandemia entre os servidores da segurança?
Mesmo tendo sofrido essas tristes baixas, batemos um recorde de eficiência, ano passado, atingindo a menor taxa de homicídios dos últimos 41 anos. Essa conquista histórica só foi possível pelo moral elevado das nossas forças de segurança, que não hesitaram em nenhum momento, mesmo diante desse cenário incerto. Até o momento, dentre todos os policiais militares que morreram por infecção com o Coronavírus, 20 deles ainda estavam no serviço ativo, nos ajudando no combate diário. Lamentamos profundamente todas essas perdas, e agradeço a todos os profissionais de segurança pública pela coragem e pelo comprometimento de seguir em frente, mesmo em plena pandemia.

Com o crescimento da onda de covid, aumento de casos de infecção e morte, e o negacionismo, acredita que o presidente Jair Bolsonaro perdeu popularidade no DF?
O presidente Bolsonaro tem uma massa fiel de eleitores, que sabem que ele tem um enorme desafio pela frente. Vivemos um período complexo, nunca visto antes pela maioria de nós. Creio que ainda é muito cedo para qualquer tipo de palpite nesse sentido. Da nossa parte, seguimos totalmente empenhados em ajudar a população do Distrito Federal e o governo a superar essa crise sanitária.