Abraham Weintraub é o pior ministro da história do MEC, diz ex-secretário de Educação do DF Rafael Parente

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Coluna Eixo Capital/Por Ana Maria Campos

À QUEIMA-ROUPA

Rafael Parente, especialista em educação e ex-secretário de Educação do DF

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, defende a manutenção da data do Enem como forma de não prejudicar a maioria em detrimento de uma minoria que não tem acesso à internet. Qual é a sua opinião sobre isso?

É uma visão torpe de uma pessoa que deveria estar trabalhando para garantir que a educação no Brasil funciona a serviço da diminuição das desigualdades. Somos um dos países mais desiguais do mundo, também nas oportunidades e resultados educacionais. Se quisermos aumentar a equidade e criar um país mais justo, devemos priorizar, em nossas políticas, os mais pobres e vulneráveis.

Suspender o Enem atrasa o calendário universitário e não sabemos quando será possível fazer aglomerações novamente. Qual é a solução?

O ano letivo de 2020 (e, em certa medida, também o de 2021) será um ano completamente atípico. Uma exceção em vários sentidos. Devemos priorizar, neste momento, a garantia de ensino remoto para todos, inclusive àqueles que não têm acesso à internet. O Enem pode ser adiado por alguns meses, mesmo que seja realizado durante o primeiro semestre de 2021. Podemos ir corrigindo os calendários nos dois anos seguintes.

Temos um ministro da Educação com opiniões bastante polêmicas. Que impacto essa postura traz para a educação?

O problema não é só este. Mas que não há preocupação aparente com os enormes problemas que temos para resolver na educação no Brasil, inclusive no que tange ao desastre educacional por consequência da crise da covid-19. É o pior ministro e, consequentemente, a pior gestão da história do MEC. Estados e municípios poderiam estar fazendo um trabalho muito melhor se houvesse algum tipo de articulação por parte do governo federal. Não há. O desenvolvimento educacional no Brasil só não está parado porque governadores, prefeitos, secretários estaduais e municipais estão sendo protagonistas. A mobilização e a influência que o terceiro setor exerce em nosso país também é singular.

E no DF, o que achou das medidas restritivas contra a covid-19, com suspensão das aulas? Quando voltar?

As medidas de suspensão das aulas foram corretas e a volta às aulas não deve ser tratada como prioridade, neste momento. O retorno será bastante complexo. A França está tentando voltar e os problemas começaram a aparecer. O Todos pela Educação criou uma excelente nota técnica que resume bem as melhores orientações e protocolos utilizados no mundo atualmente. https://www.todospelaeducacao.org.br/conteudo/educacao-na-pandemia-o-retorno-as-aulas-presenciais-frente-a-Covid-19

Acha que as aulas on-line prejudicam o aprendizado?

Não é que o ensino remoto não funcione. Ele pode funcionar, desde que seja temporário e/ou apenas uma parte da experiência educacional. Em 2009, no município do Rio de Janeiro, desenhamos e implementamos uma política com aulas digitais que foi muito importante para a melhoria da aprendizagem. Mas, para dar certo, é preciso pensar na infraestrutura, metodologias e formação. Escolas, professores, familiares e estudantes não estavam preparados para o ensino remoto.

2020 será um ano perdido para a educação?

Não precisa ser um ano perdido, mas será um ano completamente atípico. Precisa ser um ano híbrido, com experiências presenciais e remotas muito bem alinhadas. Estamos acompanhando as ações no DF, GO e MA e os três estados estão se adaptando bem à enorme crise que estamos enfrentando.

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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