À QUEIMA-ROUPA
Claudio Abrantes, deputado distrital e líder do governo na Câmara Legislativa
Nesta semana, a relação entre o Executivo e os distritais esquentou. O governador chegou a tirar de pauta dois projetos importantes (Refis e Procred) e reclamou dos deputados. Como fica o clima a partir disso?
Existe, tanto da parte do governador para a Câmara quanto da Câmara para o governador, um grande e absoluto respeito. O conjunto da obra, o contexto da atual legislatura é prova disso, uma vez que todos os projetos aprovados tiveram emendas, e o governador tem como prática ouvir todos os deputados, desde situação, passando pelos independentes e também a oposição. E é esse o clima, com o respeito de sempre. Todos estamos vivendo um momento ímpar não só em nossas vidas individualmente, mas em toda a humanidade, e, se houve algum tipo de situação desfavorável, já foi dissipada. Tanto que os projetos em questão seguem seu curso normalmente, as emendas serão analisadas com todo o cuidado, e o respeito permanece o mesmo.
Historicamente, existe na relação entre parlamentares e Executivo, não só na Câmara Legislativa, pressão por cargos, para se ter participação no governo e, a partir disso, apoiar. Líder do governo, como o senhor está lidando com esse tipo de situação?
Não é uma prática nossa, também não reconhecemos isso no governo Ibaneis Rocha. Temos um momento em que o tecnicismo e a afinidade de áreas predominam, e não percebo da parte do governo qualquer intimidação. Da mesma forma como não vejo meus pares pressionando o governador por cargos em troca de apoio. O que eu vejo é muito trabalho, de todos os lados, e a busca recorrente do equilíbrio e de proximidade com as demandas da população.
Diante de todo o contexto, é possível construir uma relação mais harmônica para avaliação e consenso em torno desses projetos específicos do Refis e do Procred?
Não só é possível como já está ocorrendo. Não houve qualquer quebra de harmonia, a parceria entre o Legislativo e o Executivo permanece igual, respeitando a independência de cada casa e com foco no trabalho. Vale lembrar que vivemos uma legislatura que tem como uma das marcas solucionar problemas históricos do Distrito Federal, como as poligonais e a as pecúnias. E mais, lembro ainda que nenhum outro mandato passou pelo que estamos passando agora, com o coronavírus, esse enorme e inédito desafio a todo e qualquer gestor público.
Qual deve ser o papel da Câmara Legislativa na pandemia? O que o senhor destaca na atuação até agora?
A CLDF é a casa do cidadão de Brasília. Por isso, estamos o tempo todo focados em entender as demandas da sociedade, e essa atribuição se reflete também neste momento. O perfil multifacetado dos deputados, inclusive, forma uma estrutura de proteção ao cidadão que abarca as mais diversas frentes. Então estamos o tempo todo intermediando ações, exigindo e fiscalizando os outros Poderes, e, ao mesmo tempo, trabalhando de forma conjunta. E aqui cito ainda a atuação parceira, responsável e forte do governador, decisiva para o bom funcionamento do DF. Essa união de forças é que tem sido o esteio para que Brasília esteja à frente das demais unidades na proteção dos seus moradores. São muitas ações para destacar uma, então enfatizo o montante de verbas destinadas nessa guerra pela vida e a aprovação do programa Renda Emergencial.
Como o senhor avalia as ações do GDF contra a pandemia? Concorda com a abertura das atividades comerciais?
O GDF tem trabalhado com agilidade, com ousadia, de forma técnica e ao mesmo tempo cidadã, adiantando-se a possíveis situações vindouras. Prova disso é o fato de, apesar das previsões negativas, termos um índice de perdas humanas abaixo de outras capitais. Ressalto a importância de cada uma dessas vidas perdidas, declaro minha solidariedade a cada família. Quero recordar, por exemplo, que o governador lançou o auxílio de R$ 408 às famílias de baixa renda e o auxílio de R$ 1,2 mil destinado aos motoristas. Também adaptou o formato do FAC (Fundo de Apoio à Cultura), voltado a projetos digitais. Além disso, promoveu a ampliação da rede de saúde pública, com a chegada dos novos leitos, e tem movimentado uma grande rede de proteção ao cidadão, integrando todo o Executivo, todas as secretarias. Sobre as aberturas, o governador está amparado por critérios técnicos, e como ele diz, a qualquer momento as decisões podem ser revistas.
O senhor é presidente da CPI do Feminicídio. Como estão as ações durante a pandemia? O que é possível fazer neste momento em que há preocupação porque parte do problema ocorre em casa e o contexto atual faz com o convívio possa ser maior?
Na segunda-feira, dia 8, foi aberta a Delegacia Especial de Atendimento a Mulher (Deam II), em Ceilândia, cidade onde mais se registraram ocorrências de violências contra a mulher. Essa era uma demanda nossa, pela qual trabalhamos muito. A CPI segue promovendo trabalhos internos, e tenho a satisfação de poder dizer que os assassinatos de mulheres já diminuíram neste ano. Acredito que a existência da CPI já tem um efeito positivo, que é dar à sociedade a resposta de que, no DF, a impunidade não passa batida. Frente a tudo isso, estamos trabalhando, e não vamos parar.
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