Governo sofre nocautepelas redes sociais por fake news
Por Samanta Sallum
Depois de mais um desgaste de comunicação, o Ministério da Fazenda recuou na medida referente ao Pix. Foi após o efeito viral do vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL/MG), com mais de 150 milhões de visualizações, em que ele alarma a população para as pretensões do governo federal de taxar o Pix, a ferramenta digital de operação financeira mais usada pelos brasileiros.
A Receita Federal anunciou que vai derrubar a instrução normativa que aumentava a fiscalização sobre transferências até R$ 5 mil do Pix de pessoas físicas.
“Pessoas inescrupulosas”
Segundo o governo federal, “pessoas inescrupulosas distorceram o ato normativo, causando pânico”. Os bolsonaristas partiram para uma ofensiva nas redes sociais, apontando que o governo poderia cobrar imposto sobre as operações do Pix e que iria apertar os usuários com a fiscalização.
O ministro Fernando Haddad e o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, afirmaram que, em momento algum, pensou-se em taxar as transações do Pix. Mas já não havia tempo de conter o alastramento das fake news. O jeito foi cortar o mal pela raiz e derrubar a medida.
O deputado do PL ultrapassou o número de seguidores do presidente Lula no Instagram, alcançou 13,4 milhões.
Desviar o foco
Analistas avaliam que a estratégia com a medida do Pix era desviar o foco do problema dos gastos públicos, acenando para mais eficiência em arrecadação. Mas acabou sendo tiro no pé.
Segundo Everardo Maciel, ex-secretário da Receita Federal, o barulho sobre mudanças no Pix não passou de alarme falso. Em entrevista ao programa CB Poder, ele apontou que esse tipo de fiscalização sobre as operações financeiras já existe desde 2001.
“E não faz o menor sentido se falar em taxar uma ferramenta. O Pix é uma ferramenta. O que se taxa são as operações de crédito e débito. Não vi novidade alguma na medida do governo”, explicou.