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Setores do governo e da indústria defendem veículo híbrido nacional contra concorrência chinesa

Publicado em Coluna Capital S/A

Por Samanta Sallum 

A Toyota anunciou investimento de R$ 11 bilhões no Brasil até 2030 para a expansão da capacidade produtiva de veículos, especialmente com a tecnologia híbrida Flex. A previsão é gerar mais de 2 mil empregos. O Corolla Sedã foi o primeiro híbrido Flex do mundo, tornando-se um case por ter sido desenvolvido no parque industrial brasileiro, em 2019. Setores do governo vêm apoiando a atuação da empresa. A polêmica agora é sobre a concorrência com os carros elétricos chineses importados.

Em entrevista exclusiva ao Correio, publicada ontem, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, defendeu maior taxação sobre os importados, já que estes não geram vagas de trabalho no país. Os híbridos produzidos aqui se tornaram também bandeira brasileira de contribuição da indústria nacional ao processo de descarboranização, levada às reuniões do G20. O carro será apresentado no próximo encontro setorial de emprego e renda do bloco, em Fortaleza, dias 25 e 26 de julho.

Hoje, o imposto sobre o carro elétrico é 18%. Mas há a previsão por parte do governo federal de se voltar a cobrar 35%, de forma escalonada. “Precisamos apressar esse calendário”, reforçou Marinho. Neste caso, a decisão é do MDIC e da Fazenda.

Etanol X Carvão

“Vamos transportar os ministros do G20 no veículo híbrido para eles conhecerem o produto brasileiro mais eficiente, ecologicamente falando. Ele não é 100% elétrico e não é 100% combustão. Por enquanto, só a Toyota está produzindo no Brasil e queremos mostrar que o nosso produto é o melhor, porque o Brasil tem um diferencial em relação ao resto do mundo, que é a sua matriz energética. O etanol faz muita diferença nisso aqui. A matriz dos chineses é o carvão. Vamos mostrar essa comparação do carro 100% elétrico chinês com o nosso”, destacou o ministro Marinho.

Piora no superávit de exportações

A alta das importações de carros elétricos da China para o Brasil foi apontada como explicação de boa parte da piora do superávit da balança comercial brasileira em junho de 2024, segundo o relatório do Indicador de Comércio Exterior (Icomex), da FGV. No mês, o saldo positivo foi de US$ 6,7 bilhões, uma queda de US$ 3,4 bilhões em relação a junho de 2023. Essa queda se deve ao recuo de -1,9% nas exportações e ao aumento de +14,4% nas importações.

No primeiro semestre, o saldo foi de US$ 42,3 bilhões, um recuo de US$ 2,3 bilhões. O volume importado de bens duráveis cresceu 20%, especialmente para veículos elétricos da China.

Paraguai e DF

A Toyota está há 66 anos no Brasil, com parque industrial em SP. Os veículos produzidos aqui estão sendo exportados para 22 países. Somente híbridos foram 20 mil para o Paraguai no ano passado. “É importante fortalecer a indústria local e a tecnologia Híbrido flex. Isso vai criar empregos no Brasil, gerar o pagamento de impostos aqui e fortalecer o discurso brasileiro da sustentabilidade pelo uso do etanol”, disse à coluna Rafael Ceconello, diretor de Relações Governamentais e Assuntos Regulatórios da Toyota Brasil.

De janeiro a junho, foram vendidos cerca de 10 mil veículos Toyota no Centro-Oeste e, desse total, 30% no Distrito Federal.

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