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Candidato argentino à presidência chama Lula de “comunista furioso”

Publicado em Coluna Capital S/A

Comparado ao estilo Bolsonaro, Javier Miles se opõe ao peronismo, e ataca presidente brasileiro o acusando de influenciar eleição na Argentina 

Por Samanta Sallum 

Buenos Aires – Em meio a uma situação econômica dramática, a Argentina está em contagem regressiva para as eleições presidenciais. Os estilhaços da briga acirrada entre os concorrentes voaram para cima do presidente brasileiro, Lula (PT). O petista é associado ao peronismo, representado pelo atual presidente argentino, Alberto Fernández, e ao seu candidato, o atual ministro do Economia, Sérgio Massa. O rival deles, o ultraliberal Javier Milei, de extrema direita, comparado a Bolsonaro, disparou no Twitter que Lula é “um comunista furioso” e o acusou de tomar “ações diretas contra a sua candidatura”.

Foi uma reação ao movimento do Banco de Desenvolvimento de América Latina (CAF) liberar um empréstimo à Argentina via o FMI, que teria contado com influência de Lula. Os países-membro do Banco  teriam aprovado o envio do recurso diretamente em nome da Argentina, garantindo um desembolso de US$ 1 bilhão ao país.

Imagem de Ricardo Stuckert/PR

A medida beneficiaria o governo do atual presidente Alberto Fernández (foto) E, assim, a campanha de Sergio Massa, que representa também Cristina Kierchner.

Moro reforça coro de Milei 

Javier Milei até ganhou apoio do senador brasileiro Sérgio Moro. O ex-juiz também, nas redes sociais, criticou ontem o presidente brasileiro. “Não satisfeito em desarrumar a economia brasileira e nos colocar rumo a uma crise fiscal futura, Lula tenta afundar a Argentina ajudando o kirchnerismo nas eleições presidenciais contra Millei e Bullrich. Alívio em prazo curto não altera a gestão econômica ruinosa do populismo de esquerda na Argentina.”

Segundo a Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom),  a ministra do Planejamento Simone Tebet negou publicamente “que tenha recebido ligação ou orientação do presidente Lula quanto ao empréstimo à Argentina”. E que assim não procede a informação da ajuda de Lula ao presidente argentino.

Tebet é a liderança brasileira no Banco de Desenvolvimento da América Latina e teria o poder para chancelar a operação. Em tese, a Argentina não poderia mais receber recursos por ter esgotado o limite de crédito.

Escândalo atinge campanha de Massa

Para apimentar ainda mais a disputa eleitoral, os escândalos surgem conforme a proximidade do dia da eleição. Os jornais argentinos ontem  estampavam fotos de uma modelo em viagem pela Espanha com o chefe da Casa Civil do governo de Buenos Aires, Martín Insarraulde.

Ela publicou fotos nas quais ele aparece, ostentando em passeios de barco, com bebidas caras, relógios e artigos de luxo. O político é aliado próximo de Sérgio Massa, e concorria a um cargo parlamentar. Pegou muito mal tanta esbanjamento num momento em que o país passa por gravíssima crise econômica, provocando o empobrecimento da população. Ele desistiu da candidatura, renunciou. Mas deixou o embaraço para Massa.

Empresários apoiam candidata do centro

As eleições ocorrem em  22 de outubro , e Javier Milei vem liderando as pesquisas, mas com diferença apertada para Massa. Ao se proclamar como o candidato anticasta política, apresentando-se como a nova opção, Milei conquista o voto de protesto em todas as classes sociais.

O empresariado argentino não aderiu à aventura de Milei. A maioria prefere a candidata Patrícia Bullrich, de centro, que foi ministra da Segurança Pública do governo Macri (2015 a 2019).

Comitiva brasileira

Delegação de empresários brasileiros, incluindo da capital federal, está em Buenos Aires para, entre outros assuntos, tratar do Mercosul. O presidente da Fecomércio DF, José Aparecido Freire, participa da missão.

Em visita à Câmara dos Deputados, esteve na Comissão do MercoSul, presidida pelo deputado Fernando Iglesias, do partido de Patrícia Bullrich. Segundo ele, só a candidata leva a sério o Mercosul.

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