Por Samanta Sallum
Abad, Abrasel, Afrac, Anamaco e CNDL se uniram em defesa da modalidade de pagamento. As cinco entidades ligadas ao comércio e serviços pedem ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que não permita que os bancos acabem com o parcelamento sem juros no cartão de crédito.
Impacto nos pequenos negócios
“Essa é a modalidade de pagamento preferida dos brasileiros. Acabar com ela afetará não somente os cidadãos, mas também toda uma enorme cadeia de pequenas empresas, causando um imenso impacto na nossa economia. E tudo para que alguns bancos se beneficiem”, explica o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci.
Desenrola Brasil
As cinco entidades elogiaram o esforço do governo para limpar o nome dos consumidores, por meio do programa Desenrola Brasil. Segundo elas, isso ajuda o país a crescer e propicia o surgimento de novos negócios, movimentando a economia.
“Não podemos deixar que essa boa iniciativa seja prejudicada na sequência por uma mexida no parcelamento sem juros no cartão. É preciso que o governo esteja atento para não permitir essa rasteira no povo brasileiro”, reforça José César da Costa, presidente da CNDL.
Febraban
Para os bancos, o parcelamento sem juros no cartão de crédito é uma jabuticaba brasileira. Com o crescimento da polêmica, no entanto, a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) sinaliza que o parcelamento não vai acabar.
Em nota disse que “não há qualquer pretensão de se acabar com as compras parceladas no cartão de crédito”. A entidade disse que analisa as causas dos juros praticados no país e estuda o “aprimoramento” do parcelamento. Afirma, no entanto, que é necessário debater “a grande distorção que só no Brasil existe, em que 75% das carteiras dos emissores e 50% das compras são feitas com parcelado sem juros”.
A polêmica vem na esteira da discussão, no governo federal e no Congresso, sobre a criação de um teto para as taxas de juros cobradas no chamado rotativo do cartão de crédito, que passam de 400% ao ano.
Na Câmara, a proposta em debate é de reduzir os juros do rotativo de 12% para 8% ao mês, o que, segundo a Febraban, tiraria de circulação 65 milhões de cartões de crédito, prejudicando a oferta do produto para a classe mais baixa.
Queda nas vendas
As entidades dos principais setores econômicos do consumo afirmam que acabar com o parcelado sem juros vai prejudicar grande parte da população, que depende dessa modalidade de pagamento para ter poder de compra.
O presidente da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção), Geraldo Defalco, reforça: “o setor entende que o parcelamento sem juros é muito importante, porque grande parte das compras realizadas, da classe média até as classe E e D, precisam desse tipo de financiamento. É muito essencial que se mantenha, ou isso poderá gerar uma queda muito grande nas vendas e, por consequência, demissões que afetarão os empregos no setor”, afirma.