Ao anunciar resultados de crescimento do setor atacadista, Leonardo Severini cobrou uma reforma tributária que garanta mais confiança aos empresários para investir no país
Por Samanta Sallum
Atibaia/SP – O setor atacadista distribuidor, para surpresa até de analistas econômicos, manteve -se resistente em faturamento e volume de vendas, registrando contínuo crescimento neste ano em relação ao passado. Nos cinco primeiros meses de 2023, aumentou em 18,7% o faturamento. O valor ao todo captado, em 2022, foi de R$ 364 bilhões. E a projeção é que feche até dezembro com números ainda maiores.
“Mesmo com o PIB baixo e o aumento de preços dos produtos, em cerca de 15%, o setor em volume de vendas cresceu de forma surpreendente: 3,5%. Significa que, apesar de dificuldades, o consumidor se esforçou em manter suas compras, seu abastecimento de alimentos”, avaliou Daniel Asp Souza, gerente de Atendimento de Varejo da Nielsen, que faz o levantamento.
Os dados foram anunciados, nesta manhã, na Convenção Anual da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (ABAD). Segundo o presidente da entidade, o empresário Leonardo Severini, o crescimento se deve à queda da taxa de desemprego e a real retomada da economia pós- pandemia
Severini, no entanto, apontou a preocupação com o que ainda será definido na reforma tributaria. Ele vem acompanhando de perto o tema junto com a Frente Parlamentar do Comércio e Indústria, no Congresso.
“Nossa economia está bem, mas os empresários ainda precisam de segurança jurídica. O país carece dessa definição. Esperamos que a reforma tributária traga isso, que não seja algo que deixe o ruim pior ainda”, avaliou.
Ele também criticou a guerra fiscal entre os estados. “Não se pode achar bonito roubar uma maçã do vizinho e, ao mesmo tempo, ter outras 10 sendo levadas de si por outros vizinhos. A guerra fiscal é mais ou menos isso. Mas não cabe a nós apontar como resolver isso. É algo para os técnicos das área e estados analisarem”, comentou.
O presidente de ABAD fez questão de destacar a luta da entidade pela manutenção dos benefícios fiscais até 2032, como a indústria conseguiu, no ano passado. “Com a aprovação de Lei 186, no Congresso, nos equiparamos ao que foi concedido à indústria. E isso é muito importante para nosso setor”, reforçou.
Severini defendeu a cobrança de imposto no destino, como está sendo prevista na Reforma Tributária. “O Brasil não tem uma estrutura de tributação moderna como outros países têm. Mas está agora tentando avançar nisso”. Também salientou a necessidade de alíquotas diferenciadas, no caso menores que 25%, para produtos alimentícios.
Balanço do início do ano
As regiões que tiveram mais crescimento do setor atacadista, nos cinco primeiros meses, foram Centro Oeste, Sul e Minas Gerais. No resto do Sudeste, no Norte e no Nordeste, os resultados foram menos positivos, apesar de ainda terem registrado aumento. Isso seria reflexo das taxas de emprego e desemprego de cada região.
“No caso de Minas Gerais, vemos os resultados do bom desempenho de gestão do governo estadual. Isso ajuda”, comentou Severini, referindo-se ao governo Romeu Zema, do Partido Novo.
Retração nos hipermercados
O levantamento acende uma luz vermelha para os hipermercados, que apresentaram queda de 8% no volume de vendas. Entre os motivos avaliados, o encarecimento de produtos pelo investimento do segmento em agregar mais serviços, aumentando o custo operacional.
Nos ramos de alimentos e de limpeza, destaque para os atacarejos e do autosserviço independente, responsáveis por puxar o crescimento no período.
Na cesta higiene e beleza, nota-se aumento considerável impulsionado pelo setor Farma. Este canal de vendas e o de bares foram os que mais tiveram aumento em volume em todo o setor de atacado.
Ranking
O estado brasileiro que mais se destacou no faturamento anual em 2022 foi São Paulo, que atingiu R$ 82 bilhões. Depois vem Minas Gerais, que obteve faturamento de R$ 20 bilhões. Em seguida, aparecem Santa Catarina (R$ 18 bi), Rio de Janeiro (R$ 16 bi) e Paraná (R$ 11 bi). O Distrito Federal ficou na 6a colocação, com R$ 11 bilhões.