Entrevista com o secretário de Segurança do DF, Júlio Danilo Souza Ferreira
Por Samanta Sallum
Quem estará no comando da Secretaria de Segurança do DF na madrugada do réveillon e no dia da posse de Lula, em 1º de janeiro?
Essa é uma questão que cabe exclusivamente ao governador do Distrito Federal. Temos trabalhado na transição para que os projetos e ações da segurança pública continuem, independentemente de quem esteja à frente, visando sempre à segurança e à melhoria da qualidade de vida da população.
Qual a sua missão prioritária até o dia 1º de janeiro à frente da secretaria?
Posso dizer que todas as missões de segurança pública são prioritárias. Mas destaco o planejamento das operações de diplomação e posse dos governos federal e local, e também o monitoramento das manifestações e atos públicos decorrentes deste período eleitoral. Em outra ponta, estamos empenhados na redução dos crimes violentos letais intencionais, da violência contra a mulher, dos crimes contra o patrimônio, entre outros.
Há algum receio de tumulto na posse de Lula?
Costumo dizer que, em se tratando de segurança pública, esperamos o melhor, mas nos preparamos para todos os cenários. Temos protocolos de atuação integrada que são constituídos com a participação de todos os órgãos envolvidos, e que vêm sendo aperfeiçoados e aplicados em eventos deste tipo. É um momento único e relevante para a história do nosso país e as forças de segurança do DF, que têm sido referência de profissionalismo em todo o país, estão prontas.
Como a secretaria está lidando com as manifestações bolsonaristas que não aceitam a eleição do PT?
O papel da segurança pública é garantir que toda manifestação, independentemente da ideologia, aconteça de forma pacífica e na perspectiva da ordem pública. Isso é garantido pela Constituição. Os casos excepcionais devem ser avaliados e tratados individualmente pelos órgãos competentes. A segurança pública do DF tem adotado papel de mediador, com base no diálogo, entre órgãos de governo e manifestantes, para a garantia da segurança e da mobilidade pública. E até o momento tem funcionado bem.
O senhor aguarda o retorno do delegado federal, e atual ministro da Justiça, Anderson Torres, para o cargo? O senhor foi secretário executivo na gestão dele. Pretende permanecer?
Isso tem sido cogitado e é uma possibilidade. Porém, no momento, estou focado nas operações em andamento e em fechar este ciclo de governo, com resultados positivos para a população do DF.
Já definiu a sua volta à Polícia Federal?
Essa também é uma possibilidade, mas ainda não está definido.
O senhor participou do governo de transição local e elaborou, com sua equipe, o planejamento da pasta para os próximos 4 anos. O que destacaria desse trabalho?
Temos uma política de segurança pública consolidada: o DF Mais Seguro, que reúne diversos projetos que visam à redução das mortes violentas, com ações integradas e regionalizadas; o enfrentamento à violência contra a mulher; a melhoria da estrutura das forças de segurança, com construção ou reformas de unidades, aquisição de viaturas e equipamentos; o aperfeiçoamento dos processos de gestão, sempre na perspectiva da integração; concursos públicos para recomposição dos quadros e, ainda, formação e valorização profissional. Teremos muito trabalho pela frente!
Qual balanço faz de sua gestão? Acredita que deixará que legado?
Fechamos o ano passado com o menor índice de homicídios dos últimos 45 anos e, este ano, conseguimos manter a redução de casos, e teremos o menor número em 46 anos, desde 1977. Ou seja, será possivelmente o ano mais seguro da história da capital. Essa conquista se dá, principalmente, por uma gestão técnica e eficiente da segurança pública. Criamos diversos mecanismos de monitoramento e avaliação de nossas ações para nos ajustar e seguir avançando. Temos, ainda, uma integração cada vez mais consolidada das forças de segurança pública, que atuam com base em estudos, com uso da inteligência e da tecnologia. É uma equipe de gestão técnica, de diálogo e de resultados.
Os secretários de Segurança que passaram pela pasta, ao longo de vários governos, se queixavam de muita interferência política. O senhor passou por isso?
Sempre tivemos um diálogo positivo com o universo político, de todas as orientações, e com representantes de diversos segmentos da sociedade. Isso é muito importante para a elaboração de políticas eficientes de segurança pública. O governador Ibaneis, desde o início desta gestão, nos deu autonomia para que desenvolvêssemos nosso trabalho de forma técnica e transparente. Isso nos deu muita tranquilidade e independência.
É verdade que é necessário um entendimento do GDF com Palácio do Planalto para a escolha do secretário de Segurança na capital federal? Como o senhor avalia que deve ser essa relação?
Creio que não haja obrigatoriedade nesse sentido. São escolhas que envolvem uma série de questões, sejam elas técnicas, pessoais ou políticas. Porém, no sentido mais amplo, acho importante que haja diálogo entre as gestões local e federal, em todas as áreas. Na segurança pública, por exemplo, existem diversos projetos em andamento para ampliar a integração entre as forças de segurança dos estados e do governo federal, seja na troca de informações, destinação de recursos para investimento, no trabalho de inteligência, entre outros.