Por Samanta Sallum
Desde o início de agosto, o atual presidente da Fecomércio do DF, José Aparecido, iniciou uma tensa e ansiosa contagem regressiva que está prestes a se encerrar na próxima sexta-feira, dia 20. Essa é a data prevista para a Confederação Nacional do Comércio (CNC) finalizar a intervenção na gestão do Sesc e do Senac locais e repassar o controle dessas entidades a Aparecido.
Muita coisa está em jogo: o vultoso orçamento das duas casas e o processo eleitoral pelo qual todo o sistema vai passar no próximo ano. O suspense continua. Fontes ouvidas pela coluna informaram que até o último minuto o cenário pode mudar. Ainda paira dúvida se a CNC vai prorrogar ou não mais uma vez o período da “gestão compartilhada”, iniciado em fevereiro.
Processo turbulento
Aparecido foi eleito presidente em março deste ano, num turbulento processo em que sua candidatura foi contestada pela direção da CNC. Esta chegou a emitir um parecer jurídico por sua impugnação. A orientação não foi acatada pelo então presidente da Fecomércio-DF, Edson de Castro, o que permitiu a vitória de Aparecido. Porém, assumiu sem poderes sobre o Sesc e o Senac.
A CNC já tinha designado um representante direto para cuidar das entidades regionais: Francisco Valdeci, vice-presidente da confederação e homem de confiança de José Roberto Tadros, comandante da entidade nacional.
Avanços com limites
Aparecido se define como um homem de diálogo e, ao mesmo tempo, se esquiva em falar com a imprensa sobre o assunto. No entanto, em eventos com empresários, nas últimas semanas, avisou aos colegas animadamente que, a partir do dia 20, tudo mudaria, que finalmente teria poder decisório para realizar ações por meio do Sesc e do Senac.
Aparecido, quando assumiu a Fecomércio, dizia que não bateria de frente com a CNC e que buscaria o diálogo, o que parece mesmo ter avançado. Mas com limites. Fontes ouvidas pela coluna apontam que a CNC manterá pessoas de confiança no Sesc e no Senac no DF para preservar “encaminhamentos, orientações e princípios” da instância nacional.
Procurada, a CNC ainda não se pronunciou oficialmente sobre o assunto.
Disputa de grupos
O falecimento, em fevereiro, de Francisco Maia, que presidia a Fecomércio e foi vítima de complicações causadas pela Covid, abriu uma fissura na relação interna da Fecomércio e também com a instância nacional. Maia tinha o apoio de José Tadros. Mas Aparecido, que já era um dos vice-presidentes da entidade local, não tinha a simpatia da CNC.
A confederação, na época da eleição , informou que tinha uma posição técnica em consonância com o regimento da entidade para ter dado o parecer contrário a Aparecido. Alegou que o empresário, à frente do Sindicato do Comércio de Papelaria no DF, tinha pendências judiciais.
Muitas decisões em 2022
Aparecido assumiu um mandato tampão deixado por Francisco Maia que se encerra em maio do ano que vem. Ele poderá concorrer novamente à presidência aqui no DF. Em 2022, as entidades do setor passarão por eleições. Entre janeiro e março, as novas diretorias dos sindicatos patronais do comércio serão escolhidas. Em maio, será a vez de definir os nomes que comandarão a Fecomércio até 2026. E no segundo semestre ocorrerá a eleição de mais impacto, a da CNC. Então, será no tabuleiro eleitoral que muita coisa será decidida, apaziguada ou acirrada. E o Sesc e o Senac estão no centro disso.