Quem hoje passa pela Praça dos Três Poderes, na Esplanada dos Ministérios, não imagina que um dia ali foi um dos pontos mais agitados de Brasília. Centenas de pessoas de todas as idades se encontravam em uma casa de chá de 250 metros quadrados, construída em um subsolo localizado atrás do Panteão da Pátria, a poucos metros do Palácio do Planalto. O auge do movimento foi na década de 1980, quando as noites eram sempre de muita dança e as festas varavam a madrugada. Tanto tempo após o ápice do funcionamento da famosa Casa de Chá de Brasília, ela voltou aos dias de glória. Após mais de 15 anos de reforma, o espaço foi reinaugurado em 2010.
No subsolo da praça havia um bar onde as pessoas conversavam e se livravam do estresse do dia de trabalho. Do lado de fora, alguns formavam uma roda para cantar e tocar violão, ao mesmo tempo em que admiravam o céu estrelado da capital federal e da imponente arquitetura dos monumentos onde são tomadas as decisões políticas do país. Todo o cenário foi projetado no início da construção de Brasília pelo arquiteto Oscar Niemeyer, mas, em 50 anos, o lugar não foi bem aproveitado e a casa já não funcionava há cerca de 20 anos. Um risco de desabamento da estrutura e interferências políticas foram responsáveis pelo fim dos encontros e pelo consequente abandono.
A nova Casa de Chá abriga um dos CATs (Centro de Atendimento ao Turista). Por determinação da lei, não será permitida a venda de bebida alcoólica, como ocorria antigamente. A casa tem por finalidade atender visitantes e turistas que circulam todos os dias pela Praça dos Três Poderes.
Uma obra arrastada
Nas décadas de 1970 e 1980, a Casa de Chá ficou sem administração por falta de arrendatário. Em setembro de 1994, o espaço virou um Centro de Atendimento ao Turista (CAT), que ficou aberto por seis anos, mas acabou fechado por risco de o teto desabar. Um convênio entre o Governo do Distrito Federal (GDF) e a Fundação Israel Pinheiro, em setembro de 2003, aumentou as esperanças de reabertura da casa. O prazo estabelecido para a entrega da reforma era 30 de abril de 2004, mas o investimento de R$ 150 mil do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) não foi suficiente. Os problemas estruturais demandaram mais verba e então o GDF resolveu assumir a obra. Desde dezembro de 2005, a Casa de Chá está sob responsabilidade da Secretaria de Obras. Na época, o presidente Lula pediu à então governadora Maria de Lourdes Abadia que resolvesse o problema o mais rápido possível. No dia seguinte, Maria Abadia ordenou que a licitação fosse realizada na semana posterior e garantiu à população que a reforma ficaria pronta em quatro meses.