Granizo, geada e até neve encobriram Brasília

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Carro coberto por gelo na Esplanada dos Ministérios, em 1964 – Arquivo do Correio Braziliense

O Distrito Federal enfrentou duas semanas de frio intenso neste mês de julho. Em algumas regiões, a sensação térmica chegou à de temperaturas negativas. Tudo por causa de uma  massa de ar vinda da Argentina. No entanto, ela não proporcionou imagens incríveis como as registradas em 1964 pela equipe do Correio Brazliense. Elas ilustraram a capa e uma página central da edição de 16 de outubro daquele ano. Recuperadas pelo Centro de Documentação (Cedoc) do jornal, as imagens mostram os efeitos daquela que é considerada a maior chuva de granizo da capital até hoje. Ela deixou vias, jardins e veículos cobertos de branco, principalmente na região central, ao redor da Rodoviária do Plano Piloto.

Estudante brinca com o gelo que caiu em toda a Esplanada dos Ministérios, há 53 anos – Arquivo Correio Braziliense

A menor temperatura registrada na capital (pela estação convencional do Setor Sudoeste) foi de 1,6 °C, em 18 de julho de 1975. A maior atingiu 36,4 °C em 18 de outubro de 2015. Os dados são do Inmet, que, desde 1961 (a partir de 21 de agosto), faz a medição oficial em Brasília. Mas, conforme mostrou o Correio, há duas semanas, o DF já registrou até neve. Em um dos mais antigos relatos de viagem pelo sertão brasileiro, o quinto governador de Goiás afirma que “no mês de junho, chega a cair neve”, referindo-se a Mestre d’Armas, atual Planaltina.

Candango brinca com gelo decorrente de chuva de granizo, em 1964 – Arquivo do Correio Braziliense

A história da neve no cerrado consta em um dos mais antigos relatos de viagem conhecido pelos pesquisadores. Intitulado Jornada que fez Luiz da Cunha Meneses da Cidade de Bahia… para Vila Boa Capital de Goyaz, é obra de Cunha de Menezes, quinto governador e capitão-general da Capitania de Goiás. Fruto da viagem dele para tomar posse como governador da então capitania de Goiás, onde chegou em 15 de outubro de 1778, ele anotou as distâncias em léguas. Mas, acima de tudo, o mais surpreendente é o relato sobre a presença de neve, em uma região hoje conhecida pela baixa umidade no período que costuma ir de maio a outubro.

O impressionante fenômeno climático está na anotação realizada em 10 de outubro de 1778: “Da Bandeira a Contage de São João das Três Barras 11 léguas, a saber ao Sítio Novo 2, ao Pipiripaô, 1 e 1/2, ao Mestre d’Armas 2, e 2 ½ São João das Três Barras, sítio tão frio que no mês de junho, que é a maior forma de inverno, chega a cair neve.” Junho, nos tempos atuais, é justamente o início da seca no Distrito Federal.

Quer saber mais sobre a história da neve no DF? Clique aqui

Renato Alves

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