Os brasilienses contam com quatro pontes para atravessar o Lago Paranoá. Três delas levam ao Lago Sul, incluindo a mais recente, a JK, que se tornou cartão-postal da capital. Mas, acredite, até 1974, não havia nenhuma. Os hoje nobres Lago Sul e Lago Norte viviam isolados, o que tornava os terrenos dos dois bairros pouco valorizados.
A primeira ponte a ser erguida é a Ponte das Garças. A obra durou de 29 de junho de 1973 a 14 de janeiro de 1974. A estrutura é de concreto e aço. A extensão é de 300 metros de comprimento e 18m de largura, com quatro pistas de rolamento. É chamada informalmente de a Ponte do Gilberto devido à proximidade com o centro comercial Gilberto Salomão, no Lago Sul.
Vale lembrar que Brasília começou a ser construída no segundo semestre de 1957 e foi inaugurada em 21 de abril de 1960. Portanto, a capital ficou 16 anos sem ter uma ponte para o Lago Sul.
A segunda ponte é a Costa e Silva, renomeada Honestino Guimarães. A ponte foi projetada em 1967 por Oscar Niemeyer, porém suas obras só começaram em 1973. Durante vários meses a construção ficou paralisada e foi retomada somente após três anos, sendo inaugurada em 1976, com 400 metros de extensão, ligando o Setor de Clubes Sul e o pontão do Lago Sul, com acesso à Península dos Ministros e à Quadra 11 do Lago Sul.
O projeto era de uma ponte de concreto, mas a ponte ganhou estrutura metálica fabricada em Volta Redonda. Ela tem um arco suave que, segundo nota poética de Niemeyer em seu projeto, “deve apenas pousar na superfície como uma andorinha tocando a água” sem deixar sua base evidente.
O pessoal do Centro de Documentação do Correio Braziliense resgatou um exemplar do jornal, de 1967, em que aparece um esboço do projeto, desenhando pelo próprio Niemeyer, especialmente para o jornal.
Ponte Monumental
Oscar Niemeyer a nomeou Ponte Monumental ao projetá-la, entretanto ao ser inaugurada foi rebatizada de Ponte Costa e Silva pelo então presidente Ernesto Geisel, homenageando seu antecessor militar Costa e Silva.
Pelo fato de estar homenageando um líder de Estado durante a ditadura militar (1964-1985), conhecido por fechar o Congresso Nacional durante a ditadura com o AI-5 e ser ligado à desaparecimentos, torturas e assassinatos a alteração do nome da ponte foi proposta por diversas vezes em 1999, 2003 e 2012,. O projeto de lei PL 130/2015 do deputado distrital Ricardo Vale do PT aprovado em 7 de janeiro de 2015 mudou o nome da ponte para o atual: Honestino Guimarães.
Honestino Guimarães participou do movimento estudantil na Universidade de Brasília (UnB) durante o período da da ditadura militar. Foi perseguido e desapareceu em 1973 sob circunstâncias ainda não apuradas, mas com responsabilidade assumida pelo Estado.
Outra ponte que também é chamada de Costa e Silva é a Ponte Rio–Niterói, que também está em processo de troca de nome.
Documentos mostram que Honestino Guimarães foi espionado até a morte
Há um livro que relata a trajetória do líder estudantil Honestino Guimarães
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