Nas entrelinhas: O destino está traçado

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É interessante o papel do futebol na disputa eleitoral de Belo Horizonte. Kalil é mais forte entre os atleticanos; Leite, os cruzeirenses

Das disputas eleitorais do segundo turno, a que terá maior impacto nacional é a de Belo Horizonte, onde há um acirrado embate entre o candidato do PSDB, João Leite, e o azarão Alexandre Kalil (PHS). Qualquer coisa pode acontecer, uma vez que o debate de hoje entre os dois candidatos pode definir o resultado das urnas. A eleição aponta tendências importantes na política mineira, porque a cidade é uma grande caixa de ressonância para todo o estado. O problema é a dimensão nacional. Eventual derrota de João Leite, muito mais do que uma vitória do governador Fernando Pimentel, seria um fator de desequilíbrio na disputa interna do PSDB para a sucessão do presidente Michel Temer.

O tom pesado da campanha eleitoral é uma faca de dois legumes e pode virar um jogo de perde-perde. Depois de um segundo turno no qual começou na ofensiva, batendo duro até ultrapassar Leite, Kalil começa a sofrer as consequências da revelação de que responde a várias ações trabalhistas e tem uma dívida milionária com a prefeitura. Empate técnico. Mas acontece que a classe média parece ter ultrapassado a fase da rejeição pura e simples à política e começa a se mobilizar para decidir a eleição na boca da urna, daí a importância do debate entre os dois candidatos.

A preferência das torcidas de futebol, é óbvio, está vinculada à trajetória de Kalil como dirigente do Atlético Mineiro. Leite também é o candidato dos jovens, dos servidores públicos e dos profissionais liberais; Kalil tem as graças dos mais pobres e dos empresários da periferia. O prefeito Márcio Lacerda descarrega seus votos em Leite, o governador Pimentel e seus aliados trabalham por Kalil.

Mas pode sobrar é para o presidente do PSDB, Aécio Neves, que aparece nas pesquisas como o candidato com mais condições de derrotar uma eventual candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2018. Presidente do PSDB, porém, enfrenta dois adversários internos, o ministro de Relações Exteriores, José Serra, e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que foi o grande vitorioso das eleições paulistas. Se João Leite ganhar a eleição, Aécio sai fortalecido e pode manter as pretensões de suceder Michel Temer. Caso Kalil seja vitorioso, a situação se complica e Aécio pode ser empurrado a concorrer ao governo de Minas.

Nas demais capitais, as pesquisas mostram uma tendência à reeleição de Geraldo Julio (PSB) no Recife (PE), contra João Paulo (PT), mantendo a tendência do resultado do primeiro turno, o que confirma a hegemonia do clã Arraes (PSB). Em Fortaleza (CE), João Wagner (PDT) continua à frente de Capitão Wagner (PR), graças ao apoio dos irmãos Ciro e Cid Gomes (PDT). Em Cuiabá (MT), Ney Leprevost (PSD) consolidou a virada em relação a Rafael Greca (PMN). Arthur Virgílio (PSDB) parece ter assegurado a reeleição diante de Marcelo Ramos (PR), em Manaus.

Em Curitiba, Emanuel Pinheiro (PMDB) está com a vitória praticamente garantida na disputa com Wilson Santos (PSDB). Em Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD) abriu grande vantagem em relação a Rose Modesto (PSDB). Em Porto Alegre, Marchezan Junior (PSDB) leva a melhor diante de Sebastião Melo (PMDB). Gean Loureiro (PMDB) também disparou à frente de Angela Amin (PP) em Florianópolis. Luciano Rezende (PPS) mantém a dianteira frente a Amaro Neto (SD) em Vitória. E Marcelo Crivella (PRB) também manteve a liderança no Rio de Janeiro, contra Marcelo Freixo (PSol).

Arrumação
O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu outro freio de arrumação na Operação Lava-Jato ontem. Determinou o envio de equipamentos eletrônicos do Senado capazes de identificar e gravar interceptações telefônicas que haviam sido apreendidos pela Polícia Federal para o Supremo. Na semana passada, durante a Operação Métis, que investiga o envolvimento de policiais legislativos em ações para obstruir a Lava-Jato e favorecer parlamentares investigados, os aparelhos foram apreendidos por determinação do juiz Vallisney de Souza Oliveira. O magistrado autorizou a prisão de quatro policiais legislativos suspeitos de embaraçar as investigações, o que provocou um estresse entre o presidente do Senado, Renan Calheiros; a presidente do STF, ministra Cármem Lúcia; e o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes.

O recolhimento dos equipamentos foi informado por Zavascki ao ministro Ricardo Lewandowski, relator da ação apresentada pelo Senado contra a decisão do juiz. Pela manhã, Teori Zavascki já havia determinado a suspensão da Operação Métis e a transferência de todo o processo relativo à operação da Justiça Federal do Distrito Federal para o STF.