Há um realinhamento de forças nas eleições, com o PMDB e o PSDB retomando a posição de principais partidos, de um lado, e o PT em xeque no campo da esquerda
Os marqueteiros costumam dividir o eleitorado em dois grandes grupos, o vermelho e o azul. O primeiro grupo, grosso modo, seria mais identificado com o PT e os demais partidos de esquerda. O segundo, com o PSDB e forças do centro à direita. No primeiro grupo, estariam os descontentes, inconformados e mudancistas; no segundo, os conformados, privilegiados e conservadores. É uma divisão grosseira, mas a estratégia dos candidatos no primeiro turno das eleições costuma ser pautada pela busca da liderança desses grupos, a fim de garantir uma vaga no segundo turno ou mesmo a vitória no primeiro. Nestas eleições municipais, na maioria das cidades brasileiras, o vermelho é uma mancha residual, presente principalmente no Norte e Nordeste do país.
Considerando os partidos que votaram a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, as cidades são azuis. Esse é o divisor de águas da política nacional estabelecido depois da deposição da presidente Dilma Rousseff pelo Senado, que julgou o seu impeachment, e a confirmação de Michel Temer na Presidência. A ótica dos partidos não é exatamente a mesma do eleitor, ainda mais porque a maioria dos candidatos procura se desvincular da política nacional. Do ponto de vista local, é muito sinuosa a linha divisória entre o vermelho e o azul. Mas há um indiscutível realinhamento de forças no país, com o PMDB e o PSDB retomando a posição de principais partidos, de um lado, e o PT com sua hegemonia em xeque no campo da esquerda, devido à redução e pulverização dos votos do vermelho.
Nas 26 capitais e as 67 cidades com mais de 200 mil eleitores, nas quais pode haver segundo turno, o PSDB lidera com 22 candidatos; o PMDB tem 18. É um universo de 54,4 milhões de eleitores, ou seja, 37% do total. A tendência deve se reproduzir nas demais cidades do país. Entre as capitais, a única cidade onde o PT aparece como favorito é Rio Branco, no Acre, onde o prefeito Marcus Alexandre tenta a reeleição. É a pior situação da legenda desde que assumiu o poder. O PT chegou a eleger 25 prefeitos nas eleições de 2008, no governo Lula. Nas demais cidades com mais de 200 mil habitantes, o PT tem cinco candidatos competitivos, dos quais apenas o candidato de Anápolis (GO), João Gomes, lidera a disputa, com 24,1% dos votos.
A legenda também está atrás do PSB, que tem oito candidatos competitivos, sendo quatro em primeiro lugar; e do PSD, com seis, liderando em quatro. Empata com o PPS, o PP e o PRB, com cinco candidatos competitivos e dois na liderança da disputa, cada um.O PT também está atrás do PDT, que tem oito candidatos competitivos, liderando em uma. Os demais partidos de esquerda estão assim: PV, três candidatos competitivos, liderando em duas cidades; Rede, dois candidatos, liderando em uma; e PSol, um candidato competitivo, que lidera.
Nas capitais
O Brasil azul é liderado por São Paulo, com um desempenho espetacular do candidato do PSDB, o empresário João Doria, seguido por Celso Russomanno (PRB) e Marta Suplicy (PMDB). O desempenho do prefeito Fernando Haddad, o principal vermelho do país, é inacreditável: quarto colocado na disputa. Será o primeiro candidato à reeleição na capital paulista que não chegará ao segundo turno. O PSDB também tem um desempenho espetacular em Belo Horizonte (MG), com João Leite, apesar de o governador mineiro ser o petista Fernando Pimentel. O segundo colocado nas pesquisas é de um partido nanico: Alexandre Kalil (PHS). Os tucanos também lideram em Maceió (AL), com Rui Palmeira; Manaus (MA), com Arthur Virgílio Neto; e Teresina (PI), com Firmino Filho, candidatos à reeleição.
O PMDB vem tendo um grande desempenho nas capitais. Lidera em Boa Vista (RR), com Teresa Surita; Cuiabá (MT), Emanuel Pinheiro; Florianópolis(SC), Gean Loureiro; Goiânia (GO), Iris Rezende; e Porto Alegre(RS), Sebastião Melo. Se as urnas confirmarem esse favoritismo, pode sair da eleição à frente do PSDB em número de capitais sob sua administração. Também são azuis Campo Grande(MS), com Marquinhos Trad (PSD); Curitiba (PR), com Rafael Greca (PMN); Palmas (TO), com Carlos Amastha (PSB), Recife (PE), com Geraldo Júlio (PSB); Rio de Janeiro (RJ), Marcelo Crivela (PRB); Salvador (BA), ACM Neto (DEM); e Vitória (ES), com Luciano Rezende(PPS). Está indefinida a liderança em Porto Velho, mas tanto Mauro Nazif (PSB) como Capitão Wagner (PR) são azuis.
O vermelho está representado por Edvaldo Nogueira (PCdoB), em Aracaju(SE); Edmilson Rodrigues (PSol), em Belém (PA); Norberto Cláudio (PDT), em Fortaleza; Edvaldo Holanda (PDT), em São Luiz; e Clécio Luís (Rede), em Macapá (AP). Naturalmente, esse balanço depende de confirmação das urnas, domingo, mas já mostra um realinhamento de forças políticas em nível nacional muito desfavorável ao PT. A liderança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está abalada, a ponto de o seu candidato em São Paulo, Fernando Haddad, não exibir imagens em companhia do líder petista nos programas de televisão, para não assustar os eleitores que querem se bandear para o azul.
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