O cineasta João Batista de Andrade, atual diretor do Memorial da América Latina, de São Paulo, será o novo secretário nacional de Cultura, subordinado ao ministro da Educação e Cultura, Mendonça Filho. A decisão foi tomada pelo presidente Michel Temer no final da tarde de ontem, diante do fato de que nenhuma das mulheres convidadas para ocupar o cargo aceitou a tarefa. João batista foi indicado para o cargo pelo presidente do PPS, deputado Roberto Freire, na semana passada.
João Batista abandonou o curso de Engenharia da Escola Politécnica da USP) em 1964 (último ano) por causa do golpe militar. Seu primeiro filme, o documentário “Liberdade de Imprensa”(1967) foi apreendido pelo Exército no Congresso da UNE (1968) Em 1977, após uma longa temporada no documentário e na televisão, realiza “Doramundo”. Neste filme, ele inicia uma das principais características de suas próximas obras: a discussão política através do cinema. Por “Doramundo”, João Batista foi premiado com o Kikito de melhor filme e melhor diretor no Festival de Gramado de 1978.
No ano de 1981, ele recebeu o Kikito de melhor roteiro por “O Homem que Virou Suco” (1980), filme que logo a seguir ganhou um dos maiores prêmios do cinema brasileiro, a Medalha de Ouro de Melhor Filme no Festival de Moscou/1981. Em 1983, causa forte impressão ao desmistificar violentamente a ilusão da abertura democrática em “A Próxima Vítima”, um de seus melhores filmes. Em 1987 ganhou quase todos os prêmios do festival de Brasília, com o polêmico “O país dos tenentes”(com Paulo Autran) com temática ligada ao fim do regime militar.
No ano seguinte recebeu o que faltou em Brasília, o prêmio de Melhor Filme no RioCine. O Plano Collor interrompeu sua carreira de forma drástica e o cineasta se auto-exilou no interior brasileiro: 8 anos sem filmar. Em 1999 seu épico “O tronco” (baseado no romance de Bernardo Élis) recebeu o prêmio de Melhor Filme pela Comissão das Comemorações dos 500 anos de Brasil (Festival de Brasília). Em 2005 realizou o documentário de longa metragem “Vlado, trinta anos depois”, sobre seu amigo Vladimir Herzog, morto em dependências do Exército em São Paulo em 1975. Em 2010 foi o grande homenageado do festival latino-americano de cinema (Memorial da América Latina).
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