circecunha@gmail.com; arigcunha@ig.com.br
Cultura é a primeira vítima da Lava Jato Ao lado da recessão econômica que assola o país e que, segundo os entendidos deverá estender seus efeitos perversos por pelo menos mais dois anos, a retração nos incentivos para projetos culturais de toda ordem foi sensivelmente sentida pelo setor. Para aquelas áreas que tradicionalmente sempre dependeram dos recursos públicos, o ressecamento da fonte de incentivos para a cultura , oriundos de estatais como a Petrobrás, é quase total, principalmente depois de deflagrada a Operação Lava Jato que ainda esmiúça os negócios da empresa. Também as empreiteiras, que aqui e ali patrocinavam esses projetos, sob a benção da Lei Rouanet, os repasses foram suspensos, pelo menos enquanto não cessar o efeito dominó provocado pela operação policial. O carnaval este ano em Salvador, vitrine do estado para o turismo, viu esse enxugamento de verbas ser reduzido de R$ 10,5 milhões em 2014, para R$ 2,3 milhões este ano. Nem a crise internacional de 2008, que ameaçava o capitalismo ocidental, abalou os projetos de mecenato para a cultura. Durante aquele período ainda permanecia a visão estratégica da Petrobrás de que o patrocínio à cultura agregava reputação e valor simbólico à sua marca. Hoje a realidade é outra. Apanhada na baixa da maré, nadando sem calças, a Petrobrás , que já foi ao lado da Caixa Econômica e do Banco do Brasil, o trio de ouro do incentivo à cultura brasileira, amarga dias de angústia com a perda significativa do seu próprio valor. Também de mercado. Pior é que o que acontece hoje com a estatal do petróleo, ameaça ocorrer com a Caixa e com o BB, quando forem submetidos à lupa da justiça , por conta das investigações que se aproximam , cada vez mais, dos fundos de pensão. Não bastassem as más notícias para o mundo da cultura nacional, O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que em 2014 foi o maior investidor da Lei Rouanet, com R$ 54 milhões , passou a integrar o rol de instituições sob suspeita , se transformando agora no mais novo alvo da CPI aprovada no âmbito da Câmara dos Deputados. Se nas ditaduras a verdade é a que primeiro perece, nas economias que abraçam o capitalismo de estado a cultura é logo vitimada, assim que a crise e a polícia tocam a campainha da porta do Estado. A frase que foi pronunciada: “Já vi uma moça, uma linda moça, que dos treze aos vinte e dois anos sonhava em ser mulher e, daí por diante, desejava ser homem.”
Mais cuidado
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam) Hoje, com Circe…
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