VISTO, LIDO E OUVIDO – O antípoda da República

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Criada por Ari Cunha desde 1960

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com Circe Cunha e Mamfil

Numa República, que faça jus ao nome e que objetive a universalização do bem público, não caberia, por razões óbvias e éticas, a existência de cargos e outras sinecuras no serviço público, do tipo vitalício. O próprio sentido da vitaliciedade já desconfigura a República, naquilo que ela possui de mais característico, que é a impessoalidade e o interesse comum.

Ao assenhorear-se de um cargo vitalício, todo e qualquer indivíduo, adentra para um mundo onde as leis naturais, que regem outros homens, já não possui mais sentido. Nesse ambiente, distante anos luz de qualquer sentido republicano, o tempo cuida de amalgamar o cargo, a função e o próprio indivíduo, transmutando tudo num só elemento, onde já não é possível separar e distinguir sujeito e objeto.

 O cargo e a função vitalícia representam não só o antípoda da República, como cuida de desmaterializá-la, desmoralizando-a frente a sociedade. Ao transplantar esse modelo próprio da antiga monarquia, para a República, o que o instituto da vitaliciedade conseguiu, foi a contaminação da correta e isenta prestação dos serviços públicos com elementos personalistas, distantes, pois, aos interesses dos cidadãos.

 Ao mesmo tempo em que se afasta das necessidades dos cidadãos e da própria ética pública, a vitaliciedade faz da máquina pública um mecanismo à serviço das elites. Para além de servir como instrumento de impunidade para aqueles que eternamente esses cargos, a vitaliciedade cria, aos olhos de todos, cidadãos de primeira e de segunda classe, tornando esses privilegiados e outros, aos quais protegem, blindados pelo manto de intocabilidade, livres de quaisquer punições, mesmo que cometam crimes não condizentes com o cargo que ocupam.

Quando apanhados em crimes e delitos de grande repercussão, dos quais os cidadãos comuns jamais se livrariam, esses eternos senhores são punidos com aposentadoria compulsória, recebendo salário integral e outras prebendas como reparação a expulsão do paraíso.

Esperar que qualquer sentença judicial, transitada em julgado, venha por fim à esse caso é esperar pelo o que jamais irá acontecer. A vitaliciedade de uns acoberta e protege a vitaliciedade de outros e todos vivem felizes para sempre, nessa terra do nunca em que se transformou os cargos vitalícios.

As razões são sabidas: todos esses cargos levam o contemplado à uma espécie de paraíso na terra, onde as mordomias são infinitas, as obrigações são poucas e os castigos não acontecem. De vitalício para uma República bastaria a ética.

A frase que foi pronunciada:

Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos

Nelson Rodrigues

Empatia

Ninguém vê mais em Brasília cavalos puxando carroças cheias de material de reciclagem. Sofriam de maus tratos e exaustão. As instituições que protegem os animais fizeram e aconteceram. Agora é lei. Nada de cavalos carregando peso, sem alimentação adequada e tratados com tanta indignidade. No lugar deles ficaram seres humanos, que agora carregam sozinhos o peso dos carros improvisados que lhes dão o sustento.

Crime

Outro caso é a lei de trânsito, onde há a proibição de o motorista colocar o braço para fora do carro. A não ser que seja caminhão de lixo. Nada previsto na legislação neste caso. Aí sim, é permitido que seres humanos pendurem o corpo na parte externa do veículo faça sol, venha a lua ou faça chuva.

De Brasília

Pouca gente sabe que as primeiras missas da igreja Nossa Senhora de Guadalupe aconteciam no apartamento de Dona Cora Monção, no 5º andar do bloco A da quadra 312 Sul. Enquanto a construção não estava pronta a comunidade da redondeza se apertava no apartamento para ouvir a homilia e receber a hóstia.

História de Brasília

Quando Cachoeira Dourada foi construída, em 1953, ainda não se falava em Brasília. Por isto, a usina foi projetada para uma linha de 200 quilômetros, e 132 mil volts. Com Brasília, essa linha passou a ser de 400 quilômetros, e de 220 mil volts. (Publicada em 22.03.1962)

Circe Cunha

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Circe Cunha

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