Urnas eleitorais manchadas de sangue

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DESDE 1960 »

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha com MAMFIL

Depois do “nós contra eles”, que instaurou no Brasil pós-abertura o período do apartheid e do ódio a todos os contrários, e mesmo depois da judicialização do mundo da política, com a Polícia Federal batendo à porta de ex-figurões de uma República que se pretendia bolivariana e se esvaiu pelo ralo, foi aberta agora a temporada de caça aos candidatos.

O aprendizado de democracia tem sido surpreendente para os brasileiros. Desde que foi dada a largada para as disputas eleitorais, nada menos do que 20 assassinatos foram registrados por todo o país. A maioria dos crimes ocorreu por emboscadas, com o uso de armas de fogo, inclusive por meio de armamento pesado, como fuzis .Trata-se , pelo volume de atentados, de situação inédita na história do país.

Aparentemente, os crimes nas diversas regiões do país não têm relação entre si. Somente no Rio de Janeiro, já são 14 o número de assassinatos de candidatos. Esses números poderiam ser muito maiores, caso os atentados e ameaças a candidatos tivessem logrado êxito. Casas e carros têm sido alvejados por tiros. Cartas com ameaças têm sido enviadas, emboscadas armadas, pessoas baleadas, sobrevivido. Além desse cenário de bang bang nas campanhas políticas, as ameaças e brigas são uma constante.

A situação ganhou tamanha dimensão que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Gilmar Mendes, considera a situação “extremamente grave”. “Há incidentes que podem não ter conotação eleitoral, mas a maioria tem”, afirmou Mendes. Quem ousa concorrer aos diversos redutos controlados pelo crime organizado, por traficantes, ou mesmo nas localidades dominadas pelas milícias, corre sério risco de morte.

Esses verdadeiros feudos, mantidos pelos criminosos em diversos estados, além de mandar eliminar candidatos com discursos contrários aos seus interesses, têm financiado diretamente a candidatura de pessoas ligadas ao mundo do crime, na tentativa de lançar braços criminosos também nas instituições e na máquina do Estado.

Pelo potencial desses atentados, é claro que a Força Nacional, mesmo contando com milhares de homens, não dará conta do recado. É preciso a atuação investigativa da Polícia Federal para eliminar, na origem, as tentativas. Caso contrário, a penetração do crime organizado, dentro das instituições legais, se é que já não está infiltrado, resultará em enorme problema no futuro próximo.

Não bastassem os inúmeros casos de corrupção que vão sendo revelados a cada dia, envolvendo praticamente todos os partidos, na divisão de um butim bilionário, surge agora mais esse contratempo no nosso longo caminho até a democracia plena.

A frase que não foi pronunciada

“A chuva parece aplauso caído do céu para a natureza que protege o homem.”

Uma criança cega que percebeu semelhança entre o barulho dos aplausos e o da chuva

Anatel

» Depois de colocar no canal National Geographic e ter a surpresa de ver que o espaço em um horário da manhã foi vendido à Polishop, o espectador registrou uma reclamação na Anatel. Hoje veio a resposta da NET. Um descontinho de 20% . A pergunta veio na hora da proposta: Vocês estão pagando para o cliente calar a boca? Nova ligação para a Anatel.

Amil

» Por falar em relação consumerista, do jeito que está não dá para continuar. O Plano Amil Dental já causou aborrecimento duas vezes para um cliente que é professor. Desmarcou as aulas para poder marcar uma cirurgia na clínica Oral Face que seria em duas semanas. Recebeu, um dia antes, a informação de que o procedimento foi adiado. O fato já havia acontecido em outra clínica do Conjunto Nacional, a Oralflex.

Sem educação

» A Biblioteca da UnB é uma das melhores da cidade. Aberta das 7h às 23h45 e, das 8h às 17h45, nos sábado, domingo e feriado. Pena que os protestos ideológicos cerrem as portas do local de estudo e conhecimento.

Sem azar I

» Começa, em 6 de outubro, o ciclo de palestras “Legalizar a jogatina é solução para o Brasil?” O evento é promovido pela Procuradoria-Geral da República e será no auditório Juscelino Kubitscheck, no Setor de Autarquias Federais.?

Sem azar II

» “A jogatina e a falácia dos ganhos para o estado” tema apresentado por Ricardo Gazel, doutor em economia pela Universidade de Illinois, especialista em gestão pública.

Sem azar III

» “Legalização beneficiará organizações criminosas” assunto proferido por Peterson de Paula Pereira, procurador da República, secretário de Relações Institucionais da Procuradoria-Geral da República.

História de Brasília

Sabe o governador de Goiás que qualquer político indicado para o cargo terá fechadas as portas do Ministério da Fazenda, do Banco do Brasil. E os políticos fazem sempre assim: organizam os esquemas, elaboram as fórmulas, escolhem os homens nos quadros partidários e, no fim, negam dinheiro, para que ele não se projete dentre os seus companheiros de partido. (Publicado em 15/9/1961)

Circe Cunha

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