Uma capital distante daquela que foi idealizada

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil

Foto: obviousmag.org

        Amigos próximos, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, relatam que, no fim da vida, esses dois realizadores da nova capital, deixavam transparecer um certo desalento com o resultado final alcançado com a construção de Brasília. O desencanto de ambos não se prendia aos aspectos do urbanismo inovador de um, ou a arquitetura arrojada e leve do outro, que juntas formaram o mais belo monumento de todos os tempos, admirada em todo o mundo. A decepção que ambos externavam, cada um à seu jeito, em conversas reservadas, era justamente o quão distante se encontrava agora a nova capital daquilo que haviam idealizado num passado longínquo.

A nova capital que sonharam seria habitada por novas lideranças, bem no sentido modernista do “homem novo”, um ser dotado de novos valores morais e éticos, gregário, humanista, cosmopolita, enfim um ser magnânimo, ou seja, diametralmente oposto do que se via até então em outras partes do país.

   Seria uma cidade nova para um novo homem. Com a ruptura institucional ocorrida em 1964, essa sensação de frustração só aumentou. Obrigados a se afastar de suas obras, numa época de cegueira generalizada, o que o urbanista e o arquiteto passaram a constatar, com tristeza, era que a nova capital era cada vez mais ocupada pelos mesmo velhos homens da República, que há séculos infelicitavam a nação, com seus vícios, falta de postura, ojeriza à ética e o descompromisso com os conterrâneos e com o futuro.

          Era gente do passado sob vestes novas. Vissem hoje no que se transformou a nova capital, principalmente após a emancipação política, feita sob medida para atender apenas a determinados grupos, sempre em desfavor de uma população crescente e carente, Lúcio e Oscar, provavelmente, repetiriam o mesmo desalento demonstrado por Deus em Gênesis 6, quando mostrou-se arrependido por haver criado o homem.

Charge: acertodecontas.blog.br

        A ideia original de que todos morariam próximos, no mesmo endereço, como o deputado morando ao lado do motorista, logo se mostraria uma ilusão passageira. A desigualdade social e de renda é hoje uma das marcas mais patentes da capital, transformada em uma verdadeira cidade de guetos. O fosso que separa o Sol Nascente, uma das maiores favelas do país, e o Lago Sul só possui paralelo na comparação entre Luxemburgo, na Europa, e o Zimbábue, na África.

Uma cidade desigual, para pessoas desiguais. O que seria uma cidade eminentemente administrativa, se transformou, rapidamente, a partir dos anos oitenta, numa metrópole semelhante a muitas outras espalhadas pelo país afora, com os mesmos problemas, mesmas carências, e as mesmas lideranças políticas apartadas do restante da população.

Curiosamente a constituição de uma poderosa máquina administrativa local só fez aumentar as disparidades de renda e de privilégios entre os cidadãos, as altas esferas do funcionalismo e dos políticos.

Enquanto um morador da periferia pena catando lata para obter R$ 200,00 para pagar um barraco de um cômodo, onde mora com a família, um conselheiro ou procuradores do Tribunal de Contas (TCDF), muitos residentes em mansões de alto padrão, recebe, além de um salário R$ 30 mil no contracheque todo mês, um extra, intitulado “auxílio aluguel” de R$ 4 mil.

  Exemplos como esse são fartos e demonstram o quão distante está a capital idealizada por sonhadores do passado e a cidade que temos hoje, inóspita e sem alma.

A frase que foi pronunciada:

“Prefiro pensar que um dia a vida será mais justa, que os homens não se olharão a procurar defeitos uns nos outros. Que haverá sempre a ideia de que em todos há um lado bom. Nesse dia, será com prazer que um procurará ajudar o outro.”

Oscar Niemeyer

Hacker

Vestido de inocente, o engenheiro social gosta de almoçar com o pessoal de T.I. principalmente da área pública, estagiários, terceirizados de bancos ou lugares interessantes para invadir a rede com vírus. Simpático, puxa conversa e num deslize do funcionário o sistema passa a correr risco. O futuro está ao lado.

Essa é velha

Falando em mundo virtual, cuidado! Há um vírus que chega no seu celular com a mensagem para clicar num local que vai bloquear o vírus. Daí o vírus entra.

Usa

Foi na Embaixada dos Estados Unidos. No momento de pedir novo visto, o cidadão brasileiro foi indagado se sabia a razão de ter tido o visto negado anteriormente. Sem saber, veio a pergunta da funcionária: Você estudou na América? Sim. Uma escola gratuita ofereceu um curso que me interessava e eu fiz a matrícula que foi aceita com a apresentação do passaporte. Mas não viajei com a intenção de estudar. A mocinha americana arrebita o nariz e diz: Sua intenção não nos interessa.

A vingança

Terminando o interrogatório, a Narizinho pergunta: O que vai fazer nos Estados Unidos? A resposta certa seria: O que vou fazer lá não te interessa.

Mas sobrou educação e isso não foi dito por parte do viajante. Mas seria um final e tanto, concorda?

Avant-gard

A única gráfica pública do país que imprime em Braile é a do Senado. A informação foi divulgada pela Diretora Geral Ilana Trombka, quando fazia um relatório dos milhões de economia da Casa devolvidos à União.

Pelo idoso

Dois senadores defenderam curso de extensão para idosos: Cristovam Buarque e Paulo Paim. Cristovam alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação para receber a novidade, e Paim alterou para que a lei afetada fosse o Estatuto do Idoso.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Nunca houve economia de troncos para as repartições públicas, e é preciso que se investigue se o defeito provém dos cálculos técnicos em comunicações. Com o Palácio Planalto acontece a mesma coisa. (Publicado em 13.10.1961)

Circe Cunha

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Circe Cunha
Tags: #Brasília #HistóriadeBrasília #AriCunha #CirceCunha #Mamfil

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