Um possível novo mundo

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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São Paulo: serviços não-essenciais fechados. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Marco divisor da história da humanidade. Assim muitos analistas têm denominado o momento atual em que, jamais e em tempo algum, a maioria dos habitantes do planeta se viu obrigada a permanecer presa em suas residências. Por qualquer ângulo que se tente esquadrinhar a história das civilizações, nunca houve um período anterior semelhante onde, minimamente, os homens foram retidos dentro de casa para escapar de um flagelo externo. A estratégia do passado, para sobreviver às crises profundas, era basicamente fugir para longe.

Agora, com o perigo espalhado por todo o canto, a tática é permanecer escondido em casa, longe das ruas. A morte, dizem muitos, está lá fora, à espreita. Não só o que parece ser a morte física de muitos, mas o que se anuncia como ser os suspiros finais de um modelo de vida que acostumamos seguir sem pensar. Historiadores ousam afirmar que estamos no limiar de uma espécie de antirrevolução, contrária aos princípios trazidos pela Revolução Industrial do século XVIII, quando a produção em massa e a migração dos campos para a cidade criaram uma nova civilização, induzida pelo poder das máquinas.

Em muitos lugares, não são poucos aqueles que têm buscado refúgio, de volta ao campo e à vida simples da labuta com a terra, onde foram plantadas as primeiras sementes de nossa civilização. Por certo, ainda é cedo para confirmar a chegada definitiva de um novo modelo econômico e social. Por certo, também é afirmado que sairemos desse período de retração ao útero muito melhores moralmente. E por razões simples que sempre marcaram o comportamento humano: as dificuldades, ensinava o filósofo de Mondubim, aprimoram a moral e ética, fazendo dos bons pessoas ainda melhores.

O próprio sentido de grupo e de solidariedade entre as pessoas surge exatamente nesses períodos em que nos vemos afastados de nossos semelhantes. Sempre e em todo lugar os monges, os ascetas, que buscam aprimorar o espírito, invariavelmente eram aconselhados a se retirarem, em isolamento e clausura, afim de buscar, no mais profundo de cada um, a fonte de luz e do equilíbrio.

Há muito tem se falado sobre um certo processo de infantilização das sociedades, sobretudo daquelas gerações do pós-guerra, onde muitas facilidades foram postas à mesa de todos. Desacostumados a períodos de escassez e de privamentos, nossa sociedade atual parece ter esquecido que essa é, quer queiramos ou não, uma condição inerente à nossa existência sobre o planeta.

A impermanência de tudo é a única certeza que possuímos. De fato, para as pessoas, o que mais incomoda não é estar exatamente preso, mas em não poder prosseguir em suas rotinas exatas e massificantes. Acostumados pela pressão do modelo que construímos, a colher os frutos de nosso trabalho, longe de casa, perdemos esse contato com o lar, o que para muitos se tornou um lugar até desconhecido. Até mesmo nosso próprio planeta, tão repetidamente vilipendiado, teremos que encontrar nova maneira de nos relacionar daqui para frente.

A frase que foi pronunciada:

“O que é familiar não é conhecido simplesmente porque é familiar.”

Hegel (1807), um dos mais influentes filósofos da história

Imagem: wikipedia.org

Biológica

Um leitor furioso compartilha conosco o aviso que recebeu de uma clínica de fisioterapia que está funcionando normalmente. Além da irresponsabilidade, é inacreditável que pessoas ligadas à saúde desobedeçam às regras em momento de guerra.

Pesos e medidas

Por falar em desobedecer às regras, a população faz sua parte e o governo deveria fazer a dele. Nos hospitais públicos de São Paulo faltam máscaras, luvas e outros materiais de proteção aos profissionais da saúde. É bom que os governantes se atentem para as próprias obrigações na mesma medida que as ordens.

O corredor de uma UTI na cidade de Brescia, na Itália. CLAUDIO FURLAN/LAPRESSE / AP (AP)

Em casa

Exames estão suspensos para pessoas saudáveis. A informação é do Hospital Sírio-Libanês, onde apenas 2% das coletas deram positivo. A infectologista Maura Salaroli de Oliveira, da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Sírio, quer que o hospital esteja pronto quando a demanda crescer, por isso não há necessidade ou indicação do exame para pessoas sem sintomas, o que ressalta a necessidade de ficar em casa, já que o vírus é assintomático.

Voluntariado

Já com 1.461 seguidores no Instagram, o Brasília Maior que Codvid-19 uniu voluntários para produzir e adquirir material hospitalar. O médico residente do Hospital Universitário de Brasília, Pedro Henrique Morais, está mobilizando as pessoas e doações. Avisa que há recibo para os doadores e a prestação de contas é minuciosa. Tudo transparente. Acesse a página Brasília Maior que Covid-19 para mais informações e doe no link Brasília maior que COVID impressão 3D – 1.

Em ação

Empresas de eventos que trabalham para o governo contabilizam os prejuízos e começam a se unir. Cancelamentos dos eventos já geraram, de imediato, uma série de prejuízos econômicos e afetaram milhares de empregos diretos e indiretos.

Na prática

Algumas medidas solicitadas para esse seguimento são a isenção de ISS e ICMS também para os promotores de feiras, não negativação de empresas do setor para o Compras Net, liberação imediata do pagamento pelo Governo – estadual e municipal, suas secretarias e autarquias, na condição de credor, dos valores de serviços de eventos promovidos, realizados e patrocínios assumidos com empresas e classe artística que ainda se encontram em pendência (2020, 2019 e anos anteriores), e por aí vai.Coronavírus;

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Em Brasília, as coisas melhoram: bancos na Praça dos Três Poderes, preparativos para arborização na W-3, o Prof. Lúcio Costa permitiu a iluminação da Avenida das Nações, gente trabalhando, Prefeitura agindo. (Publicado em 04/01/1962)

Circe Cunha

Publicado por
Circe Cunha
Tags: #Coronavírus #COVID-19 #HistóriadeBrasília #Isolamento #IsolamentoNoBrasil #Quarentena AriCunha Brasília CirceCunha mamfil

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