Desde 1960
aricunha@dabr.com.br
com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br com MAMFIL
Aos poucos, a realidade impõe as mudanças que as necessidades imediatas e os novos tempos ditam. No caso do tombamento da capital, feita pela Unesco em 1987, a realidade, imposta tanto pelo inchaço populacional, quanto pelo agravamento da violência, tem empurrado a cidade para beco sem saída decorrente de um desordenamento urbano sistemático e, em alguns casos, irreversível.
A questão é simples: diferentemente de outras localidades, formadas apenas a partir do prolongamento e expansão de antigos povoados, as cidades planejadas, como é o caso de Brasília, requerem que novos arranjos, em seu desenho obedeçam, não a lógica do mercado imobiliário e outras variantes, mas a cartesiana do projeto.
Essa obrigação em se ater ao projeto pensado, deveria ganhar bem mais atenção, quando a cidade passa a integrar o seleto grupo de patrimônios culturais da humanidade. Tombar não é engessar, tampouco desfigurar.
Com 112,25km², Brasília possui a maior área tombada do mundo, sendo o único bem contemporâneo no planeta a merecer essa distinção. Desprezar esse fato pode trazer prejuízos irreparáveis não só para a unidade do conjunto arquitetônico, mas, sobretudo, retirar a capital do eixo de interesse de visitantes e turistas.
Desfigurar uma cidade planejada, como vem acontecendo com maior rapidez nesses últimos anos, não é trabalho de um dia e de uma pessoa. Esse é processo lento e que vem sendo feito no dia a dia por uma multidão de brasilienses, sejam moradores, sejam comerciantes, sejam simples transeuntes. Esse trabalho paciente em desmanchar conta, obviamente, com a displicência dos órgãos de fiscalização do governo local e de outros órgãos, como é o caso da polícia e bombeiro.
A situação vem se repetindo com maior velocidade nas áreas comerciais da cidade por conta do aumento desenfreado da violência. A mais nova agressão, feita em nome da segurança, vem da quadra modelo 307 Sul, onde comerciantes, pressionados com os roubos e assaltos feitos à luz do dia, resolveram instalar um enorme painel de grades metálicas nos fundos das lojas.
A medida coloca os comerciantes na posição ambígua entre vítimas dos bandidos e artífices de uma ilegalidade que pode render punições. Esse é apenas um exemplo mais atual do descaso com a lei do tombamento, mas que vem se repetindo há anos, principalmente nas áreas comerciais, desfiguradas pelo improviso dos puxadinhos criativos.
Chega a ser surrealista que um pequeno número de marginais que perambula livremente pela cidade consiga impor a toda uma população, a lei das grades. Ou a segurança age para tirar das ruas essas hordas de marginais, ou a população vai ter que se resguardar, cada vez mais, dentro de grades metálicas, como prisioneira de fato. Pior, vão transformar a capital numa cidadela fortificada contra os novos bárbaros.
A frase que foi pronunciada
“O tempo é infiel para os abusos.”
Metastasio
Transição
As secretarias do GDF vão deixar o Mané Garrincha para a realização de algumas competições dos Jogos Olímpicos que acontecerão na cidade. Certamente a secretária Leany Barreiro de Sousa Lemos, do Planejamento dará uma solução a contento.
Inútil
Foi inaugurado o Viaduto Novo, em Águas Claras, na rua Alecrim. E mais: os motoristas ficam dando voltas e voltas na rua Pitangueiras porque o sentido das pistas não leva a lugar algum. GDF diz que deve alterar o sentido das pistas na semana que vem.
Coveiro
“Que fechem o Brasil todo”. Conselho do deputado federal Sibá Machado pelo Acre que age como coveiro, e não como parlamentar.
Homenagem
Professor Moisés Ribeiro, recebeu o carinho dos amigos pela passagem do aniversário. Com uma voz sem igual na cidade, Moisés e o contrabaixo eram uma coisa só na Escola de Música. Nossos cumprimentos.
História de Brasília
Já que estamos no Hospital Distrital, durante uma aula de esterilização, as enfermeiras constataram que a água, em Brasília, ferve a uma temperatura de 98 graus Celsius. (Publicado em 5/9/1961)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam) Hoje, com Circe…
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