VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Talvez, o maior problema existente hoje no âmbito da medicina pública não fique por conta apenas do notório sucateamento e superlotação dos hospitais e postos de saúde do Estado, mas na ponta final desse longo processo de descaso, que acaba conduzindo ou empurrando o atendimento médico para o beco sem saída da desumanização das relações entre pacientes e profissionais de saúde.
As cenas de revolta de pacientes nas antessalas de atendimento, querendo invadir os consultórios aos gritos, seguidas de outras cenas que acabam em xingamentos e agressões, repetem-se a cada dia dentro dos hospitais públicos por todo o país. Há uma espécie de revolta no ar toda a vez que aglomerações e filas se formam na frente desses centros de saúde. Culpar unicamente os médicos e os atendentes de nada adianta. Na melhor das hipóteses, contribui para a piora dos serviços. A causa desse caos na saúde, embora seja, em tese, a pasta que mais recebe repasses da União, é mais profunda.
Este ano, segundo fontes do próprio governo, foram alocados R$ 215,2 bilhões, um valor, segundo especialistas nessa área, abaixo do necessário. O que ocorre hoje com a saúde em nosso país é semelhante ao que afeta também as áreas de educação, segurança e outras de interesse direto da população. Não há uma prioridade e uma real concentração de esforços para resgatar esses setores do constante patamar da decadência e do mal atendimento. A má gestão, a falta de reconhecimento à importância dos profissionais da saúde e educação, seguidas de desvios de toda a ordem, é uma doença que vem de cima e contamina todo o restante.
A coisa fica pior quando se verifica que o governo não tem plano consistente algum para essas áreas. Mesmo a indicação dos altos escalões que vão gerir essas pastas obedece não a critérios técnicos, mas a preferências políticas e a outras conveniências estranhas e prejudiciais ao setor. Quando o problema vem de cima, com todo o seu peso burocrático e paquidérmico, aqueles que estão na base e no atendimento ao público é que são esmagados. Obviamente que, nesse processo de enxurrada de lama morro abaixo, os que sofrem por último e de maneira mais trágica são justamente os cidadãos que buscam os serviços públicos.
A desumanização de todo o sistema de atendimento, seja na saúde, seja na educação ou mesmo em outras áreas do atendimento ao público, é, assim, o derradeiro processo que vem para soterrar as relações humanas, tornando todo o sistema gravemente enfermo. Difícil em meio a tantos contratempos é encontrar meios de humanizar adequadamente as relações entre médicos e pacientes, entre professores e alunos ou entre funcionários públicos e a população.
Para o cidadão que arca com todos os altos custos dos serviços públicos prestados à população, a sensação frente a toda a desumanização no atendimento é culpa do primeiro atendente, visto do outro lado do balcão. A ele todos os impropérios e revoltas são dirigidos. O que ninguém parece enxergar é que a causa final de toda essa desumanização não está realmente na ponta do sistema, mas lá distante, na sua origem.
A frase que foi pronunciada:
“Na prática…a teoria é outra.”
Roberto Parentoni, advogado criminal
Pague e pegue
A mais famosa empresa de entrega de alimentos comprados de restaurantes tem uma prática divergente aos direitos do consumidor em sua política de cancelamento de pedidos. Uma taxa pela entrega dentro dos parâmetros. Mas, se por ventura, o cliente não atender a porta ou se o motoqueiro disse que tocou a campainha e ninguém atendeu, a comida volta e o consumidor perde o que pagou.
Surreal
Se na capital do país o abandono ao pessoal da Saúde, Educação, Cultura, Segurança está como está, imaginem pelo Brasil afora. O piso da Enfermagem de 4 mil reais ninguém paga, professores que desistem da profissão, teatros fechados. Para se ter uma ideia, enquanto o parlamento aprova o aumento dos proventos de juízes e promotores, um pediatra que trabalhou por 50 anos salvando vidas recebe 7 mil reais de aposentadoria.
Alerta
A Neoenergia adverte consumidores para o novo golpe do parcelamento. Se optar por parcelar, é bom que seja pelo site da empresa ou loja de atendimento.
Pelas beiradas
Lei do Planejamento Familiar discutida no STF. Dessa vez, o PSB abriu caminho na ADI 5.911. O assunto gira em torno da realização do procedimento de esterilização voluntária com a idade mínima de 21 anos ou dois filhos vivos.
Viva a vida
Roseana Murray, escritora que perdeu um braço atacada por pit bulls, recebe alta. O carinho da equipe de enfermagem ajudou a poetisa a enfrentar os 13 dias de agonia.
História de Brasília
A solidariedade existente entre os pioneiros de Brasília ainda é um exemplo para os que se mudam para a nova capital. Outro dia, o sr. J. J. Sabriá parou seu carro para retirar uma pedra do meio da rua, e ontem, o Ruy dos Santos, gerente da Satic, achou uma chave próxima a um carro, e deixou o seguinte bilhete para o motorista: “Creio ter o senhor perdido a chave do seu carro. Encontrei-a e coloquei-a no porta luvas”. ? (Publicada em 06.04.1962)
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