VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Fukuyama, filósofo e economista nipo-americano, autor do polêmico best-seller “O Fim da História e o Último Homem” – em que apontou a queda do muro de Berlim como sendo marco que deu início ao fim dos processos históricos de mudanças, que seriam substituídas pelo liberalismo e pelo triunfo da democracia liberal – em importante entrevista concedida há alguns anos à imprensa, teceu comentários instigantes sobre a crise brasileira, cujos desdobramentos vinha acompanhando de perto com lupa de estudioso dos problemas humanos.
Em sua avaliação, o momento brasileiro era repleto de vantagens únicas e de grandes desafios, principalmente no âmbito político, onde já se anunciam transformações significativas. No entanto, para o cientista, era preciso evitar que o combate necessário à corrupção fosse, como veio a ser, arrastado para o campo de batalha das ideologias políticas.
Entendia Fukuyama que havia, em nosso país, como em outros países da América Latina, um complicado entrelaçamento entre a elite política e empresarial, ambos acostumados historicamente com as benesses advindas da corrupção na máquina pública. O que destacava o Brasil naquele cenário era a existência de uma imprensa livre e independente, aliada a um sistema judicial, atuante, firme e imparcial. Tudo isso somado a uma sociedade civil mobilizada, que, de certa forma, impedia que os mal feitos fossem varridos para debaixo do tapete como era nosso costume cultural e histórico até então.
Neste ponto, Fukuyama se dizia preocupado com a possibilidade de o combate à corrupção, que parecia ser um consenso entre muitos políticos, pressionados por seus eleitores, vir a ser arrastado para o campo de guerra ideológica, perdendo, com isso, seu foco e seu poder de justiça. Por isso, para muitos que acompanham o trabalho de Fukuyama, ele é hoje uma espécie de guru, se é que se pode dizer assim, no âmbito acadêmico. Conforme ele previu em seus estudos e expertise, impasses seriam ruins, tanto para um lado como para o outro, prejudicando principalmente a sociedade como um todo e as chances de transformação do país.
Nos Estados Unidos, lembrava, a sociedade civil teve que se esforçar por décadas, a partir do século XIX, para modernizar os serviços públicos do país, priorizando indicações técnicas e, principalmente, fazendo valer efetivamente o combate à corrupção. O Brasil, dizia, precisa de uma nova geração de políticos que não esteja atrelada ao velho jeito de fazer as coisas e empenhada em agir de modo diferente. Não acho que isso seja impossível, mas exige tempo.” Para tanto, seria necessário impor limites ao capitalismo do tipo selvagem, criando uma rede de segurança social para proteger as pessoas do mercado voraz. “Não é desejável que o capitalismo faça tudo o que quer, aconselhava, mas também não se pode politizar qualquer tomada de decisão econômica”, ensina.
Na avaliação do economista e professor da Universidade de Stanford, o combate à corrupção não é, nem nunca, foi uma questão fundamentalmente cultural, mas de expectativas, ou seja, é preciso que aconteçam sérios revezes com quem pratica a corrupção, para que as pessoas entendam que esse não é o caminho. “As normas sociais só mudam com regras melhores e pressão social”, aconselhava.
Como ainda não havia, em nosso país, uma direita bem formada, com projetos e programas bem estruturados e capaz de fazer valer o outro lado da balança ideológica, a vitória da esquerda se deu até de um modo bem simples, culminando agora com a reeleição de seu maior representante, como já previa, Fukuyama.
A frase que foi pronunciada:
“Sistemas corruptos não se consertam sozinhos.”
Fukuyama
Editora UnB
Marcus Mota e Luis Lóia são os organizadores da obra A Tragédia Grega: origens. Lançada pela editoria UnB, a obra traz os textos traduzidos e comentados por Eudoro de Sousa. Acesse o livro na íntegra no link A tragédia grega : origens.
Congresso em Portugal
Abertas as inscrições para o VII Congresso Lusobrasileiro sobre Alienação Parental, que acontecerá nos dias 23 e 24 de janeiro, na Faculdade de Direito de Lisboa, em formato online – via zoom da FDL.
Em pauta
Sem sucesso, o ex-senador Marco Maciel tentou regulamentar o lobby. O assunto ocupa as gavetas do parlamento há pelo menos 40 anos. Trata-se de uma ferramenta importante no combate à corrupção e ao aprimoramento da democracia. Ouça, no link Regulamentação do lobby vai dar mais transparência aos processos de tomada de decisões no Congresso, a entrevista da Rádio Câmara com Ricardo José Rodrigues, Consultor Legislativo daquela Casa.
História de Brasília
Por falar nisto, a informação que havia era a de que a NOVACAP estava recuperando os boxes dos mercadinhos para os entregar aos produtores. Os boxes continuam fechados, e ninguém está recuperando nada, coisa nenhuma. (Publicada em 14.03.1962)
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