Praças do Brasil

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Foto: Rubens Cavallari / Folhapress

       Nas muitas praças públicas, espalhadas por todo esse imenso país, rodeadas por muitas árvores e sombras, é comum, quando a tarde se aproxima, notar a presença de muitos idosos, que se reúnem em pequenos grupos, matando o tempo com conversas saudosas ou, simplesmente, envolvidos em jogos como dama, xadrez, carteado e outras modalidades de disputa.

Nesses lugares, como ocorre em toda a vida, há aqueles que se destacam nesse ou em outros jogos, ganhando com isso certa fama no local. Não raro, alguns desses jogos inocentes são turbinados por apostas, feitas por debaixo do pano, em dinheiro vivo, talvez para conferir maior suspense às disputas. Não é muito dinheiro, pois os aposentados, neste nosso país, vivem, ou melhor, sobrevivem no limbo, entre as necessidades vitais e algum pequeno prazer momentâneo, nem que seja a conquista de cinco ou dez reais a mais, suficiente para a compra de alguns pães ou uma lata de cerveja; mas que, no íntimo, produz aquela sensação prazerosa de vitória, numa fase da vida em que as derrotas se avolumam sem cessar.

 Aqueles que cruzam esses espaços, apressados e envolvidos nos afazeres infindáveis do dia, sequer notam que, por todo lado, nessas praças reais, ali estão, como num holograma gigante projetado no espaço, a imagem exata do que serão ou estarão fazendo num futuro breve. A convivência com os semelhantes, nessa fase da vida, em que a solidão vem cobrar seu alto preço pela decrepitude, ajuda a dissipar as dores e os maus presságios.

É preciso repartir tanto o longo passado como o futuro breve. Ainda mais num país como o nosso, em eterno e turbulento processo de vir a ser desenvolvido, essa aproximação sorrateira da terceira ou quarta idade é sempre um tempo de apreensões. É de notar que o avanço da medicina, mesmo apesar das carências existentes na saúde pública de nosso país, tem ajudado a aumentar o número de idosos; com isso os jogos e as disputas ganham até plateias e torcedores. O problema é que essas praças, muitas delas, construídas num passado longínquo, quando a cidade era menor e com menos carências, já não oferecem espaços suficientes para essas novas levas de idosos que chegam.

Curioso é notar que, nessa parte urbana e específica em cada canto de nosso país, estão concentradas amostras reais de cidadãos que, por sorte ou azar, chegaram à velhice. A questão aqui é o que fazer com essa massa específica de brasileiros, que cresce a cada dia, de modo a tornar essa fase da vida, para todos eles, a mais prazerosa possível ou, quem sabe, a menos sofrida. A verdade é que a sociedade, no geral, não possui olhos adequados para essa realidade que é de cada um e de todos.

Dessa forma, é comum que praças como essas, que existem aos milhares em nosso país, tornem-se espaços invisíveis à população e ao próprio governo. As praças são apenas um ponto geográfico e material, que servem de cenário ou pano de fundo para o que interessa realmente: que é a massa humana que nela se encontra.

 É essa paisagem humana que importa. São pessoas tornadas, com o tempo, árvores frondosas, de profundas raízes e que merecem ser cuidadas. São, portanto, nossos jardins, plenos de vida.

A frase que  foi pronunciada:

“Desejo que toda vida humana seja pura liberdade transparente.”

Simone de Beauvoir

Foto: Simone de Beauvoir em Paris em 1945. Denise Bellon (Álbum) – (brasil.elpais.com)

Transição

Frei Benedito, do Santuário São Francisco de Assis, explicava, durante a missa, que o poder não nos pertence. O poder é a oportunidade que se tem de prestar serviço ao semelhante.

Santuário São Francisco de Assis. Foto: divulgação.

Na linha

Por falar em poder, os seguranças dos órgãos públicos de Brasília são os que mais penam. Apesar de a capital federal ser criticada por ter moradores arrogantes, geralmente estes, vêm de outros estados. Agora mesmo, no burburinho de equipe de transição, seguranças são orientados para uma prática, mas, depois de reclamações dos poderosos, são desautorizados e orientados à mais flexibilidade. Bem diferente daquele oficial norte americano, interpelado por um diplomata brasileiro, que queria passar pela barreira instalada no trânsito. Nosso compatriota perguntou ao funcionário do estado americano se ele sabia com quem estava falando. A resposta foi curta e grossa: “Não sei quem é o senhor, mas eu sou a lei!”

Assefaz

O Plano de Saúde da Assefaz tem um projeto que funciona como grupo de apoio aos familiares de pacientes hospitalizados. A intenção é fortalecer a família para poder cuidar bem do doente. São reuniões presenciais, onde as experiências são compartilhadas e os familiares acolhidos.

Foto: divulgação

Social

Saiu o resultado da campanha “Leia com uma criança”, que alcançou, nesta edição, 1 milhão de crianças em 659 municípios, sendo que 74% deles (487) estão entre os mais vulneráveis do país. No total, 2 milhões de livros foram distribuídos por meio de Secretarias Municipais de Educação e organizações da sociedade civil (bibliotecas comunitárias, associações de bairro, dentre outras). Destes, 8.964 são em formato acessível ou braile.

Print: itausocial.org

História de Brasília

Em tudo, registre-se a atitude apática do sr. Willy, que de braços cruzados, assistiu à demolição de sua casa, à evacuação de seus móveis, qual o samba de Adoniram Barbosa, relembrando “Maloca Querida”. (Publicada em 14.03.1962)

Circe Cunha

Publicado por
Circe Cunha
Tags: #AriCunha #Brasília #CirceCunha #CongressoNacional #HistóriadeBrasília #IdososNoBrasil #Mamfil #PraçasNoBrasil #TerceiraIdade

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