Polícia dá largada à reforma política

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Com Mamfil e Circe Cunha
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Quem diria que a tão pretendida reforma política, reconhecida por todos como a mãe de todas as reformas, acabaria sendo induzida pela delegacia de polícia. De fato, a questão política se transformou, entre nós, em caso de polícia. Não é para menos. Boa parte de nossos políticos, de posse da carapaça da prerrogativa de foro e do corporativismo cego, tem agido como fora da lei.

Com a entrada de sola da polícia no covil político, o que é correto, ficam adiadas as urgentes reformas da Previdência e trabalhista, o que é ruim. Agora, quer queiram, ou não, a pressão popular, na trilha dos homens da lei, vai fazer de tudo para colocar um fim na eterna festa bancada com o dinheiro do contribuinte.

Mal-acostumados com as mil mordomias trazidas pelo cargo, nossos políticos têm agido, desde sempre, como adolescentes rebeldes e mimados, filhos de família rica. Problemáticos e sem limites, nossos representantes se tornaram em fonte de encrencas. Antigamente, o simples fato de alguém ser chamado à delegacia para dar explicações era uma grande vergonha e, dificilmente, a pessoa se livrava da pecha de encrenqueiro e perigoso.

Hoje, ser levado, sob vara, para prestar esclarecimentos à Justiça, mais parece um ritual de batismo, quando o meliante é introduzido no nebuloso mundo da política. O pior dessa situação vexaminosa é que nossos representantes são, em última análise, feitos à nossa imagem e semelhança. Pelo menos à imagem e semelhança dos eleitores. Conhecedores da fraqueza moral de nossos políticos e do poder de sedução do dinheiro, empresários reunidos no exclusivíssimo clube dos campeões nacionais, abduziram os representantes legais da população para juntos saquearem, à mancheia, os cofres do Tesouro.

Seguros e aquartelados no bunker do mandato e usando do falso argumento de que não existe democracia sem eles, nossos políticos têm abusado da paciência da população, da desobediência as leis e da falta de bom senso, indo constantemente contra as mínimas regras da ética, praticando todo o tipo de crime, sob o olhar preguiçoso e o passo lento da justiça. Mais importante do que a existência de uma classe política apartada dos reais interesses da sociedade é a manutenção da máquina pública em mãos de pessoas de bem, cujo o único partido é o do interesse comum. O tamanho do Estado tem que ser da exata dimensão dos reclamos da população e não dos interesses privados da classe dirigente.

A reforma política deflagrada pelas investidas das operações policiais precisa ser continuada, agora, com a pressão contínua e crescente da população sobre os Poderes da República. Ou brigamos pela revisão geral no modo de fazer política neste país, ou nos tornaremos cúmplices desses mesmos crimes e, portanto, reféns das mazelas que criamos para nós mesmos.

Por séculos a população brasileira tem se submetido de forma apática às arrumações propostas pela elite dirigente e o resultado invariavelmente tem sido o mesmo: subdesenvolvimento e miséria contínua. Está na hora de seguir junto com a polícia e arrombar a porta dessas iniquidades e proclamar o poder da ética. Ao menos pelo bem das novas gerações que virão.

A frase que não foi pronunciada

“O Brasil já está bem adubado. Vamos plantar um país melhor!”

Ozanan Coelho, de onde estiver

Pancada

» Nenhum instituto meteorológico conseguiu prever as chuvas repentinas e intensas que caíram na semana. O dia ensolarado surpreendeu muita gente quando transformado em verdadeiro dilúvio.

Incoerência

» Enquanto a população amarga uma conta mais salgada em troca de menos água, a Adasa acaba de autorizar a coleta de água por caminhões-pipa em 11 pontos do DF. Geralmente, são localizados próximos a nascentes.

Direito Humano

» Em Minas, a regra já precisa ser acatada e obedecida. A Superintendência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte recebeu uma notificação da Superintendência Regional do Trabalho, que obriga os garis a não mais andar pendurados nos caminhões, eles devem ser transportados dentro da cabine ao lado do motorista.
Macaquice

» Começa uma pressão popular para que os clubes de futebol sigam o exemplo do Coritiba e do Atlético Paranaense. O Campeonato Brasileiro seria transmitido pelo Facebook ou pelo YouTube. Essa ideia parece assinada pelo senador Requião. Mas só parece.

Sem fiscais

» Os micro-ônibus que transitam na pista das quadras perto do Parque Olhos D’Água continuam passando pelas rotatórias como verdadeiros malucos. Se houver emergência que exija frenagem, certamente acontecerá um acidente.

História de Brasília

Toda essa massa humana desesperada e desorientada invadiu a pista durante a chegada do governador Leonel Brizola, e atirou-se a caminho do desastre. (Publicado em 28/9/1961)

Circe Cunha

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Circe Cunha
Tags: Política Brasil Brasília ari cunha MAMFIL circecunha

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