Pitada brasileira

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Desde 1960

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com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br

Com a repetição, em curto espaço de tempo, de mais um caso rumoroso de impeachment, o que se verifica é que, de alguma forma, nossos esquemas e modelos de República, previstos na Constituição de 1988, necessitam de recall urgente. São bem conhecidas as falhas na estrutura de poder do Estado, e localizam-se, precisamente, no modelo de presidencialismo de coalizão, em que para governar é preciso ceder a vontades e apetites da base de apoio. A pergunta é: por que, até agora, não foram sanados esse e outros defeitos de fabricação? Desde 1992, com o afastamento do primeiro presidente civil, eleito pós-período militar, a vida dos brasileiros é atormentada.

Afirmar apenas, como fazem muitos, que o impeachment é processo natural previsto em lei não basta. É preciso entender que esse é um processo traumático que, de alguma forma, paralisa a vida do país, suspende a atividade econômica, com reflexos no mercado financeiro e na imagem externa da nação.

O impeachment tem consequências diretas no dia a dia das pessoas, afetando empregos, negócios, investimentos. Afastar um presidente do poder, no nosso caso, em que o Executivo se assemelha à antiga monarquia, desestabiliza o país. Naturalmente, os brasileiros tendem a emprestar aos governantes uma certa dose de cordialidade, identificando-os, de certa forma, com alguém próximo que os socorrerá na hora de aflição.

Temos em nós aquilo que o historiador Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil, de 1936, definiu como homem cordial, no pior sentido do termo. À razão, preferimos o coração. Desobedientes, paternalistas, avessos à hierarquia e à disciplina, herdamos essas características da mistura do português, com o índio americano e o negro africano. Essa latinidade permeia tudo o que somos. No caso concreto, a presidente, enxotada do cargo, é vista como aquela irmã mais velha e encalhada da qual sentimos pena e queremos proteger. Levamos para o Estado nossas carências como seres humanos, acreditando na possibilidade de redenção de todos, mesmo os maus.

Os problemas com Collor e Dilma surgem quando buscamos estender à esfera do Estado os mesmos arranjos que fazemos em família. A versão difundida e aceita por parte da população (inclusive pelo filho de Sérgio) de que a presidente foi vítima injustiçada de um golpe serve como uma luva no nosso sentido de cordialidade.

Os desastres provocados com a ruína da economia e os inúmeros casos de corrupção podem ser facilmente perdoados, já que se trata de males necessários ao bem-estar dos menos favorecidos. Pensamos, agimos e votamos nesse sentido. Não é por outra razão que nossos representantes não alteram o modelo de presidencialismo de coalizão que tem nos afligido. Na verdade, eles não alteram esse modelo danoso porque, ao fim ao cabo, somos nós que não queremos que seja mudado.

A frase que não foi pronunciada

“Se a minha herança foi maldita, a herança dos governos Lula e Dilma ainda não foi nominada.”

FHC pensando, enquanto lê um jornal de 2013

Novidade solidária

Sempre com a criatividade intuitiva, a contribuição de brasileiros tem sido importante para os refugiados. Há aplicativos para os recém-chegados ao país com facilidades para localizar serviços importantes da cidade e um banco de dados de voluntários dispostos a acompanhá-los a consultas médicas. A Agência da ONU para Refugiados (Acnur) apresentou alguns dos seus modelos inovadores no último dia 14, em um painel do Festival Path.

Hoje

Hoje, às 11h30, acontecerá um dos melhores shows da temporada do Clube da Bossa: Indiana Nomma e Alma Thomas. Acompanhadas pelo trompete de Moisés Alves; pela base de José Cabrera, ao piano; Johninha Madeiros, no contrabaixo; e Misael Barros na bateria. No SCS, Quadra 2, Edifício Presidente Dutra, no térreo do prédio do Sesc. Teatro Silvio Barbato. Entrada franca.

Release

O 5º Festineco celebra a arte dos bonecos nacionais e internacionais. Bonecos de cinco países, cinco estados, além do Distrito Federal, se preparam para a quinta edição da mostra competitiva que movimentará a cidade do Gama, de 24 de maio a 5 de junho. O festival é realizado pela Companhia Voar Teatro de Bonecos. Trata-se de uma grande festa que conta com a participação de artistas locais, nacionais e internacionais, com patrocínio do Fundo de Apoio a Cultura (FAC).

História de Brasília

Uma boa parte dos oficiais da Aeronáutica que comandaram o policiamento era constituída por médicos. Um pediatra ficou na entrada do caminho ao aeroporto, e um ortopedista no pátio de manobras, orientando o trabalho dos repórteres. (Publicado em 6/9/1961)

Circe Cunha

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