Desde 1960
aricunha@dabr.com.br
com Circe Cunha e MAMFIL
Não se iludam. A indústria da invasão de terras públicas que tantos transtornos vem trazendo para o ordenamento urbano do DF é filha primogênita da emancipação política introduzida na capital. Os outros descendentes diretos desse arranjo maledetto são os escândalos de corrupção contínuos, a divisão da cidade em currais eleitorais, a sangria do dinheiro público para sustentar um esqueleto burocrático artificial e inoperante, além dos conflitos violentos e generalizados opondo pessoas de diferentes legendas, inclusive com a ocorrência de crimes e ameaças contra a vida.
Para uma cidade, planejada com esmero visionário, a introdução das mesmas mazelas administrativas que sempre assolaram o restante do país significou um recuo no tempo, não pelo processo político representativo em si, necessário, mas, sobretudo, pela qualidade pessoal dos agentes envolvidos.
Democracia com qualidade só é possível com representantes de qualidade. Usada como moeda de troca, no toma lá dá cá da aritmética malandra, as terras e os espaços públicos da capital foram sendo loteados entre as legendas, enquanto se buscava, por meio da feitura de leis marotas, aplainar os caminhos para a regularização veloz desses espaços.
A partir de 1990, num espaço de poucos anos, a cidade começou a experimentar um inchaço populacional, com gente de todos os cantos se transferindo para capital, por conta das notícias de que por aqui bastava assegurar o voto em determinado candidato para garantir um lote nos inúmeros condomínios que se formaram da noite para o dia. Como consequência, os brasilienses passaram a conviver com o aumento assustador da violência urbana, colapso no fornecimento de água e luz, hospitais agonizando e escolas públicas superlotadas. Paralisações e greves políticas frequentes, além da costumeira malversação dos recursos públicos e da corrupção disseminada na máquina administrativa.
Enquanto uma reforma política séria e profunda não for posta em prática, continuaremos tendo que optar entre a paz dos cemitérios, própria das ditaduras, e o alvoroço vivo da representatividade, embora feito por gente que não enxerga além do próprio umbigo.
A frase que foi pronunciada
“Se para tirar a carteira de motorista fiquei tão nervosa, imagine o que sente a Dilma Rousseff hoje, quando vão lhe tirar o governo!”
Ju Borges, de Brasília
Voto de volta
Impressionado com a arrogância do PT, o senador José Medeiros discursou sobre a falta de humildade do partido. Até agora ninguém do partido foi capaz de fazer o mea-culpa batendo a mão no peito para pedir perdão aos eleitores que acreditaram nas propostas de mudança para um país melhor, disse o senador. Como bem falou Alexandre Garcia, só o recall dos votos resolveria essa questão.
Mais escândalo
Na bola da vez está o BNDES. Os R$ 400 milhões que foram para o grupo São Fernando, do empresário José Carlos Bumlai, são apenas parte do que vem pela frente, num comboio de investigações. Além das irregularidades, o tráfico de influência nos empréstimos pesa contra o banco nacional.
Na capital
Deputado federal Alex Manente é um ferrenho defensor da acessibilidade por todo o país, principalmente para incrementar o turismo aos que usam cadeira de rodas ou tenham mobilidade reduzida. Só um passeio no comércio das entrequadras e W3 mostrará como estamos longe desse sonho.
Que moral
Quem for pego roubando será punido severamente. Essa é a regra número um do Comando Vermelho. Cartazes explicativos foram espalhados por uma favela do Rio. “Se matar inocente vai pagar com a própria vida.” Pelo comentário dos moradores, a ação deu bons resultados.
Nova hora
Flexibilizada por medida provisória, a Hora do Brasil pode ser transmitida entre as 19h e as 22h. A questão ainda não é definitiva.
História de Brasília
E o relator da matéria foi, precisamente, o sr. Cândido Mota Filho, a quem cabia manter uma medida moralizadora do governo que não foi tanto, não dando aos Jóqueis Clubes a força que eles demonstraram ter. Infelizmente tal não aconteceu. (Publicado em 13/9/1961)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam) Hoje, com Circe…
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