Passado e amassado

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com Circe Cunha / circecunha.df@dabr.com.br

No realismo fantástico em que se transformou a política brasileira na última década, nada mais causa espanto. Até mesmo o retorno melancólico de Dilma Rousseff à Presidência da República, com direito a foguetório, fanfarra e tudo mais. Ocorre que o martelo não foi batido e Dilma ainda é uma presidente afastada. Fala-se em revisão de alguns votos no Senado. Basta, para tanto, que dois dos 55 votos dados em prol do impeachment sejam modificados.

O governo do presidente interino Michel Temer tem dado alguns tropeços na largada, hesitado em algumas medidas, perdido ministros, aumentado salários fora de hora. Se, pelo lado jurídico, o processo que respaldou o impeachment está bem amarrado tecnicamente, o mesmo não ocorre com o trâmite político da questão, em que a variável humana é colocada ao sabor do momento em que a Operação Lava-Jato se encontra.

À medida que as investigações avançam sobre os políticos, pode haver um recuo no voto de um ou de outro parlamentar. Paira a nuvem da incerteza sobre a votação final. As gravações mostrando os diálogos de Sérgio Machado abriram brecha de luz sobre todo o processo. Pelo menos é o que creem os petistas.

As manifestações populares que varreram o governo Dilma para fora do Palácio do Planalto também são uma incógnita. A questão é: haveria espaço para pressão popular contra um rito estritamente legal que trouxesse Dilma de volta ao Executivo? Observadores têm chamado a atenção para uma possível carta na manga escondida pela presidente, que seria a promessa de convocar a antecipação de eleições gerais, tão logo voltasse ao poder. Esse recurso extraordinário serviria para passar uma borracha no passado de muita gente, inclusive, no da própria presidente que, hipoteticamente, seria substituída e absolvida do processo político de afastamento.

Nas oportunidades em que ela precisa falar em público, a presidente tem martelado que o governo de Michel Temer empreenderá cortes profundos nos programas sociais. O que ela não explica e esconde da audiência é que, se esses cortes forem feitos de fato, é porque os cofres públicos estão vazios. Ademais, o enxugamento de muitos programas sociais foi feito ainda durante seu segundo mandato, por imposição da frágil realidade dos números. Para as plateias encantadas, Dilma tem repetido o latinório de que a direita golpista e neoliberal vem impondo um retorno ao passado e que os mais prejudicados serão os menos favorecidos.

Esse discurso de que se ensaia volta a um passado de angústias e aflições escamoteia o fato de que o regresso da querida ao Poder Executivo é, em si, repetição do mesmo modelo que já arruinou a Venezuela e ameaça se repetir no Brasil. O que Dilma não compreende e seus companheiros não aceitam é que eles são parte de um passado que a nação, a duras penas, tenta esquecer.

A frase que foi pronunciada:OK

“Fofoqueiros alimentam as injúrias, os justos pedem provas.”

Karl Nesh

Release

Recebemos convite para o Arraiá do Dotô, que vai acontecer para a imprensa. O presidente da AMBr, Luciano Carvalho, estará presente e à disposição para falar de assuntos como a crise no setor de saúde do DF e o excesso de exames pedidos nos consultórios. A festa junina da Associação Médica de Brasília será no próximo dia 11, na própria associação.

Concorrência

Comunicação importante sobre a parceria entre os Correios e EUTV. A experiência foi bem-sucedida em Angola. O presidente dos Correios, Heli Siqueira de Azevedo, aduz que a empresa pretende disponibilizar planos de serviços e ofertas próprias, de acordo com o perfil do público. “Nossos clientes são os usuários de nossa rede de atendimento de quase

12 mil pontos em todo o território nacional. É esse público que pretendemos atender com esse novo serviço. Somando a capilaridade e a força da marca Correios com a expertise e a disposição da EUTV em prover serviços inovadores e de forte apelo para o público de baixa renda, essa parceria reúne todos os elementos para ser um grande sucesso.”

Lá vem

Por falar em Angola, um título de matéria da rádio Atividade, da Jovem Pan, chama a atenção: “Lava-Jato mostra que Brasil, Angola e Portugal são mais que países-irmãos, são irmãos metralha”. Esse poço de corrupção é mais fundo que o pré-sal!

História de Brasília

Brasília sofre sempre as influências de origem. Na mudança, eram os cariocas. No governo, eram os mineiros, depois, os paulistas, e agora, os gaúchos. (Publicado em 7/9/1961)

Circe Cunha

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Circe Cunha

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