Palavras ao vento

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Com Circe Cunha // circecunha@gmail.com

“No início, quando da aceitação da abertura do processo de impeachment, as razões que levam a aceitação dessa abertura, não são razões fundadas na necessidade da aceitação”. A afirmação, feita durante a entrevista dada pela presidente Dilma, após a decisão da Câmara do Deputados que aprovou a admissibilidade de seu processo de impeachment, resume um pouco do silogismo que caracteriza o universo dilmista e que pode ser bem mais  entendido em proposições do tipo: um queijo suíço é cheio de buracos.

Quanto mais queijo, mais buracos. Cada buraco ocupa o lugar onde deveria haver apenas queijo. Assim, quanto mais buracos, menos queijo. Quanto mais queijos mais buracos, e quanto mais buracos, menos queijo. Logo, quanto mais queijo, menos queijo. É dentro dessa estrutura de pensamento que se move o mamulengo criado por Lula para elevar o Brasil à condição de desenvolvimento experimentado por nossos irmãos bolivarianos da Venezuela.

Fosse Dilma a mulher sapiens que acredita ser, nesta altura dos acontecimentos, forçada pelos deputados a se transformar em meia presidenta, diríamos que ela está dependurada apenas por uma das mãos no galho seco da República, prestes a se precipitar no pântano onde os crocodilos a esperam de boca aberta e dentes afiados.

Na coletiva, concedida a jornalistas do tipo amigáveis, Dilma voltou a investir nas teses de que é vítima e perseguida por um processo sem fundamentação legal e, pior, alvo de um golpe urdido por forças conservadoras, tendo àfrente o vice-presidente, Michel Temer e, seu escudeiro, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

O alerta feito pela chefe do Executivo de que está sendo alvo de um golpe de Estado, pela gravidade da denúncia deveria mobilizar imediatamente todas as instituições da República, a começar por aqueles que têm o dever constitucional (art. 142) de defender da pátria e a garantia dos Poderes que são as Forças Armadas.

Deveria merecer também a máxima atenção do Conselho da República, do Supremo e do parlamento. Em democracias maduras, Dilma seria convocada incontinenti a explicar perante o Congresso os detalhes dessas ameaças de golpe que pairam sobre o Estado. A orelha mouca às  falas alarmistas de Dilma denota sintoma já sentido também por parte de membros do próprio governo: Dilma pode falar o que quiser, pois o discurso não bate com as provas.

A frase que não foi pronunciada

“Não tenho vergonha de dizer que estou triste, não dessa tristeza ignominiosa dos que, em vez de se matarem, fazem poemas.”

Mario Quintana

Shopping

Houve uma causa na Justiça em que a mãe conseguiu indenização de um shopping depois que o filho teve o braço machucado por algum defeito das instalações. A verdade é que os funcionários de shopping raramente chamam a atenção de crianças que fazem estripulias porque as próprias mães permissivas não admitem.

Crescimento

A Estrutural é uma invasão gigantesca, com população de 39 mil habitantes. Anos atrás, a situação era terrível. Vi crianças, homens e mulheres correndo atrás de caminhões de lixo disputando com os urubus. Hoje, organizados, tiram do lixo o sustento com mais dignidade. Eles são fundamentais à cidade reciclando e aproveitando o material.

Mobilidade

Hora de passar das promessas à prática. O governador Rollemberg tem projetos para melhorar a mobilidade no DF e, até agora, nada. Com a Copa do Mundo, a população acreditou que  saísse o metrô de superfície, mas a verba desapareceu. Só há unanimidade em uma coisa: do jeito que está não dá para continuar.

Proatividade

Por falar em trânsito, esse é o momento de a engenharia começar os trabalhos para evitar problemas com as chuvas. É preciso proatividade para ter resultados satisfatórios.

História de Brasília

Reina absoluta tranquilidade em toda Brasília. Os bancos estão fechados, os colégios também, as pistas do aeroporto interditadas por tambores. Mas que reina, reina. Absoluta tranquilidade. (Publicado em 5/9/1961)

Circe Cunha

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Circe Cunha

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