VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
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Num mundo ideal, onde a raça humana agiria movida apenas pelo espírito da colaboração e da fraternidade, não haveria a necessidade de se organizar entidades religiosas, instituições político-partidárias ou mesmo forças bélicas e militares de dissuasão. Restariam fora da sociedade, as três principais entidades que forjaram toda a história da humanidade, desde que os ancestrais dos homens desceram das árvores. Obviamente, um mundo com natureza e características somente poderia existir nas regiões celestes de um paraíso inacessível. Política, religião e forças armadas representam, desde o alvorecer da humanidade, as três potências que, de certa forma, deram um curso histórico compreensível que resultaria no que conhecemos hoje como civilização. Trata-se aqui de uma tríade lentamente desenvolvida pelo gênio humano para atender, de modo satisfatório, aos três impulsos primários dessa nova espécie dotada do sentido da razão.
Tornava-se necessário compreender o mundo real e metafísico à sua volta, interferir ativamente nesse ambiente externo e muitas vezes hostil, ao mesmo tempo em que assegurava que haveria a participação e o trabalho de todos para que esses projetos fossem realizados. Para o bem e para o mal, essas três organizações conduziram a humanidade ao ponto em que estamos hoje. Não sem um custo de infinitas vidas, o que é testemunho o fato de que não existe sobre a face da Terra civilização alguma que não tenha sido erguida sobre os escombros de outras, adubadas por sangue que, muitas vezes, chegou a correr como rios.
Não seria de todo exagerado constatar então que a construção das principais civilizações humanas foi feita sobre incontáveis cemitérios. Ninguém pode negar, então, que, em nome das religiões, das ideologias políticas e graças ao poderio das forças armadas, a humanidade tem sido passada pelo fio das espadas desde sempre. Ainda hoje é assim. Se separados, esses três gênios invocados pelos homens, deixaram um rastro de grande destruição ao longo do tempo, juntos, configurando alguns modelos de Estado atuais, são mais perigosos ainda. A junção, num mesmo caldeirão, de ideais da fé, com ideologias político-partidárias e com pitadas de apelos às forças armadas, vem formando, entre nós, um caldo perigoso, cujos efeitos já são sobejamente conhecidos ao longo da história da humanidade, em todo tempo e lugar.
A sociedade, ao aceitar, pacificamente, a formação de bancadas religiosas, da segurança, da bala e de outros grupos radicais e extremistas, dentro do parlamento, acreditando inocentemente que um Estado deve se apoiar no tripé da fé, da ideologia e da força bruta, não está fazendo o que acredita ser o jogo democrático, mas preparando o terreno para a repetição do que foi visto no passado e que não deu em boa coisa.
A frase que foi pronunciada:
“O futuro é a projeção do passado, condicionada pelo presente”
Lara Vinca Masini, crítica de arte
Textando
Jornalista e professor Aylê-Salassié F. Quintão publica texto sobre a preocupação com o cenário atual da política e economia brasileira. “A realidade exige, de imediato, e, no mínimo, uma comissão, para discutir saídas para o caos que se anuncia. Os fatos mostram que existe uma crise real e outra intangível alimentada por uma cabulosa injunção política correndo em sentido contrário, cuja preocupação é saber “O que fazer para que tudo fique ainda pior?”. Leia a íntegra logo abaixo.
–> Inspirados em Murphy, pautam-se no caos
Aylê-Salassié F. Quintão*
Aparentemente a pandemia está passando. Não vai embora… Vai ficar por aqui, rondando os incautos. O momento é, então, de começar a enfrentar as sequelas, com otimismo. Ninguém tem indicações claras do que fazer, embora esteja evidente a necessidade urgente de um Plano de Reconstrução , nome dado por alguns economistas de plantão para a correção dos impactos negativos do corona vírus no Brasil . Opinam aleatoriamente. Mas, já se projeta que, sem a transferência emergencial de renda, o número de brasileiros vivendo na pobreza chegará a 48 milhões e na miséria 7 milhões.
Os conservadores vêem o mercado encontrando um equilíbrio e pregam que as soluções poderão vir da retomada das reformas (administrativa, tributária, trabalhista). Os pouco compromissados com a governabilidade insistem, contudo, em gastos maiores do Estado, com a instituição de uma renda social básica permanente, extensiva aos trabalhadores informais; corte de salários, sobretudo no Judiciário e no Legislativo; aumento das alíquotas de impostos; sobretaxação de heranças e o fim das isenções fiscais para dividendos e ações. A necessidade de um plano para a saúde primária e para a educação à luz das novas tecnologias são pouco lembrados.
No cenário conjuntural a previsão do Banco Mundial é a de queda de 8% do PIB brasileiro e, com ele, da produção e da produtividade. Os negócios pararam e os investidores fugiram. O desemprego retornou ao patamar dos 14 milhões de trabalhadores. As tais reformas desapareceram e os condenados por corrupção com o dinheiro público foram soltos pela, chamada, “Alta Corte” . Também foi defenestrado, o Plano de Enfrentamento aos efeitos da Pandemia, da Secretaria de Assuntos Estratégicos. Os apocalípticos da saúde anunciam para julho o pico da pandemia no Brasil.
Surdo, o governo age, pré-eleitoralmente, distribuindo dinheiro, sem licitações, e encobrindo os mal feitos com bate bocas inócuos. Movimentos como os LGBT, antirracistas, antifascistas aproveitam-se da oportunidade para aprofundar o caos. Não estão nem aí para os empresas que fecharam as portas, para os trabalhadores que perderam seus postos de trabalho ou para as famílias que começam a ter dificuldades para se alimentar . Ocupam-se em fazer contraponto às provocações baratas. Das populações indígenas ninguém se lembra também . Pior é que o País e não tem lideranças com credibilidade para negociar soluções partilhadas como se fez no Afeganistão e em Israel, diante das divisões políticas internas.
Concomitante, as eleições batem às portas . Para eleger quem? Existe algum candidato qualificado para enfrentar um quadro desses, seja a nível da União, dos 27 estados ou dos 5.500 municípios? Todos só sabem muito, mas gastar, sempre mais do que arrecadam. Agora, o álibi é a pandemia. O Estado está quebrando, e o governo perde ainda o Mansueto, o homem que administra o caixa do Tesouro . O afrouxamento de regras, apoiado no Centrão, pode dar à governabilidade ferramentas para retomar os velhos hábitos do toma lá, dá cá,
A realidade exige, de imediato e, no mínimo, uma Comissão para discutir saídas para o caos que se anuncia. Os fatos mostram que existe uma crise real e outra intangível alimentada por uma cabulosa injunção política correndo em sentido contrário, cuja preocupação é saber “O que fazer para que tudo fique ainda pior ?”. Pauta-se no caos, não o sugerido pelos grandes teóricos da Política e da Economia, mas assentado nos ensinamentos sobre a natureza das coisas do pragmático Edward Murphy. Incomodado com o ambiente vivenciado, o engenheiro Luiz Henrique Ceotto desenterra, sem ironias, as “Dez leis de Murphy”para explicar as perspectivas em causa no Brasil neste momento:
1. A Natureza está sempre à favor da falha. Tudo tende a dar errado.
2. Tudo relegado a sua própria sorte tende ir de mal a pior.
3. Nada é tão ruim que não possa piorar (tudo que começa bem, termina mal e tudo que começa mal, termina pior).
4. Se algo poderá dar errado, dará. Se algo não pode dar errado, dará também.
5. Se algo está dando certo, cuidado, algo está errado.
6. Se existe várias formas de algo dar errado, dará na forma de maior impacto e prejuízo.
7. Se a solução e um problema parecer fácil, você não entendeu o problema.
8. Erros sempre acontecem em série.
9. Toda nova solução cria novos problemas.
10. Tudo é possível. Apenas não muito provável e dentre eventos prováveis, sempre haverá um improvável.
Soluções dentro de um quadro como esse exigem muito otimismo, sem ignorar que essas leis funcionam. Seus efeitos patéticos são mais rápidos que as promessas que se ouvem diariamente. Iluminados, como Muhammad Yunus, o banqueiro dos pobres de Bengala, prêmio Nobel de Economia, sugerem que quaisquer planos de reconstrução do caminho para o desenvolvimento devem passar pela correção da rota suicida do atual sistema econômico. Não basta reformar o modelo, derrubar ministros e estátuas. Para o Brasil, recomenda-se um redesenho prévio da cultura e da ética, tal a dimensão alcançada pelas vulgaridades.
*Jornalista e professor
Rede Urbanidade
Uirá Lourenço comemora a decisão judicial que obriga o GDF a liberar acesso às vagas para bicicletas (paraciclos); sinalizar as rotas dos ciclistas; apresentar projetos de bicicletários e de integração das ciclovias, ciclofaixas e calçadas na plataforma inferior da Rodoviária. Nem precisava de decisão judicial. O governador é um homem viajado e já viu o respeito aos ciclistas pelo mundo.
Terrível
Concessionárias do DF estão funcionando. Na verdade, estão abertas para receber o público que não chega.
Pandemônio
Veja a seguir a fala da ministra Damares sobre o que as escolas estão impingindo em seus alunos. Se esse escândalo continuar, em 300 anos o planeta estará desabitado. Ponto para o final.
Tempo
Convite para uma visita à página da Embrapa. Cursos gratuitos e online. Quer melhorar sua horta? Vale conferir em Tira Duvidas do Curso Hortas em Pequenos Espaços.
Desanuvie
Dicas para um fim de semana com filmes durante a pandemia. Por falar nisso, o Cine Brasília preparou uma lista também para a criançada. Tudo organizado para você, no link Cine Brasília prepara lista de filmes infantis.
História de Brasília
A tese peca pela imbecilidade, pela má fé, pela maneira manhosa, pelos arrodeios, enfim, pelo pulo da onça que eles querem dar. Mas, apareça, um homem que tenha a coragem de dar a todo o mundo o atestado de incompetência do povo brasileiro, como seria o caso do retorno da Capital. (Publicado em 10/1/1962)
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