VISTO, LIDO E OUVIDO Criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960 Com Circe Cunha e Mamfil
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Com o retorno das aulas em toda a rede pública do Distrito Federal, programado para o próximo dia 11 desse mês, uma série de assuntos, de suma importância para os estudantes e para a educação em geral e que estavam momentaneamente deixados de lado, devem retornar ao centro das discussões. Uma dessas questões, e talvez das mais prementes, é com relação aos seguidos e crescentes casos de violência que vêm ocorrendo em boa parte das escolas públicas da capital. Por razões estranhas e ainda pouco explicadas, os casos de violência, envolvendo aluno contra aluno e alunos contra professores, ainda não mereceram a devida atenção das autoridades, o que, na prática, significa que em 2019 esses episódios lamentáveis irão retornar às páginas do noticiário policial.
A rotina de insegurança de professores e de alunos, frente a escalada da violência nas escolas, com seguidas agressões verbais e mesmo físicas, tem transformado nossos estabelecimentos de ensino num ambiente de trabalho insalubre e mesmo perigoso para esses profissionais e para o alunado.
Pesquisa do sindicato dos professores mostrou em trabalho recente que nada menos do que 97,15% dos educadores já presenciaram cenas e atos de violência dentro das escolas. De fato, a onda de violência experimentada por todo o Distrital Federal nos últimos anos já transpôs os muros das escolas. As ocorrências envolvendo alunos armados, portando entorpecentes, brigas de gangues, ameaças de morte e outros fatos dessa natureza, já são realidades presentes no dia a dia de muitos de nossos estabelecimentos de ensino.
No estado vizinho de Mato Grosso, como no restante do país, onde esses casos também vêm ocorrendo, foi preciso a aprovação de uma Lei específica (Lei10.473) instituindo uma chamada “Política de Prevenção à Violência contra Profissionais da Educação da Rede de Ensino”, para assegurar proteção efetiva a esses trabalhadores, inclusive com a penalização também dos pais e responsáveis.
Pedidos de afastamento e de licenças de professores com depressão e medo de retornar ao convívio de alunos violentos aqui no Distrito Federal vêm se avolumando a cada ano, sem uma resolução efetiva por parte das autoridades. Não se conhece, até o momento, nenhuma proposta ou projeto oriundo da Câmara Distrital que trate desse assunto. A última proposta nesse sentido foi apresentada pelo ainda deputado federal Rodrigo Rollemberg (PL- 6269), ainda em 2009, na Câmara dos Deputados. De lá para cá, por conta do baixíssimo contingente do Batalhão Escolar, os casos de violência nos estabelecimentos de ensino só sofrem uma redução efetiva durante os recessos e as férias escolares, o que não deixa de ser um alívio para as autoridades e para a comunidade em geral. Um alívio que não é o ideal. O foco da não violência deve ser justamente o período letivo.
A frase que não foi pronunciada:
“Como ensinar a não violência às crianças com a televisão ligada na eleição para a presidência do Senado?”
Pai de família pensando nas incoerências do país.
Passado
Por falar em violência na escola, leia, abaixo, a sequência de historinhas sobre o que ocorria no Colégio Caseb, quando Brasília nascia, em novembro de 1961. A conclusão é que o acompanhamento dos pais na vida escolar dos filhos é fundamental. Já dizia o filósofo de Mondubim: “Se filho não precisasse de pai e mãe, nasceria de uma árvore e cairia quando estivesse maduro.”
Historinhas (11/1961)
A notícia publicada nesta coluna, sobre a situação de alunos transviados na Escola da Caesb, criou uma situação de alarme justificada, mas os defeitos de interpretação devem ser corrigidos.
Não fizemos alusão à vida dos alunos dentro do Colégio, mas depois das aulas, ou durante as “gazetas”, que se realizam em virtude da pouca atenção de muitos pais para com os filhos.
Quando elogiamos o plano de ensino de Brasília, estávamos reconhecendo, mas reconhecemos, também, que o Rio nos mandou inúmeros transviados para o convívio com alunos habituados simplesmente à vida escolar.
Estes, são os órfãos de pais vivos, que, através de contatos com alunos normais, vão desvirtuando os estudiosos, contaminando as amizades, destruindo a educação.
Educação é berço, e a escola é o seu ponto de aprimoramento. Para que se evitem os problemas de juventude, tão comuns no Rio e S. Paulo, é que fizemos a denúncia, não à escola, mas aos pais, aos responsáveis, pra que acompanhem, mais de perto, a vida de seus filhos.
A informação que temos da Escola, confirmada por nossa visita em horário escolar, é a de que a assistência ao aluno não será redobrada, porque já é eficiente, mas as punições para casos irregulares serão implacáveis e definitivas.
Piscinão
É fundamental que tenha sempre policiamento no Piscinão do Lago Norte. Os bêbados dirigindo colocam em risco a vida de todos os que passam por ali, principalmente aos domingos da manhã até à noite.
Todos por tudo
Segue, até o dia 13 de abril, o projeto SOS DF com a parceria da CEB, SLU, DF Legal, Detran, DER e administrações regionais. Por toda a cidade, desobstrução da rede fluvial, lâmpadas trocadas, pistas sinalizadas, e por aí vai.
Senado
Agora que estamos só nós dois aqui. Se os representantes do povo acolheram o voto aberto e não eletrônico (pelo resultado no painel) como voto seguro, imagine o que não acontece nas urnas eletrônicas por esse país afora. O próprio ministro Marco Aurélio de Mello fez impecável defesa do voto transparente e auditável. “Prevalece, como direito inalienável dos cidadãos, a submissão dos atos de exercício de poder, tanto do Executivo como do Judiciário e do Legislativo, à luz meridiana, dogma do regime constitucional democrático. Constitui fator de legitimação das decisões governamentais, indissociável da diretriz que consagra a prática republicana do poder, o permanente exercício da transparência”. Urnas eletrônicas só com voto impresso!
Esclarecendo
Jornalistas conceituados acreditam na violabilidade dos votos impressos. Eles ficam na seção de votação. São acomodados em uma urna (que é verificada com antecedência se está realmente vazia). Só tornam a recontagem dos votos e auditoria possíveis.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Estes, são os órfãos de pais vivos, que, através de contatos com alunos normais, vão desvirtuando os estudiosos, contaminando as amizades, destruindo a educação. (Publicado em 10.11.1961)
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