O lado silencioso da Lei do Silêncio

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

com Circe Cunha e Mamfil

colunadoaricunha@gmail.com;

Foto: g1.globo.com (Thiago Sabino/Divulgação)

   Por trás da Lei do Silêncio, que querem de qualquer forma impingir a comunidade como salvação para estabelecimentos noturnos decadentes, se estende também todo um aparato falsamente modernizante que visa fazer do Plano Piloto e de parte da capital uma gigantesca área de recreação onde o barulho e a desordem generalizados irão, pouco a pouco, minar o sossego e a tranquilidade que ainda resta para os brasilienses ao cair da noite.

       A começar pelo próprio nome dado à uma lei que pretende não o silêncio, mas a abolição deste, pelo aumento crescente dos decibéis. Também não corresponde à verdade a afirmação de que a reclamação dos moradores tem feito cair o movimento nessas casas onde há a apresentação de música ao vivo. A falta de clientes em todos os estabelecimentos de comércio decorre da crise econômica experimentada pelos brasileiros desde 2013 e não tem relação nenhuma com a atividade musical.

       A setorização de atividades para a capital, conforme proposta pelo seu idealizador, Lúcio Costa, foi a melhor e mais racional medida que poderia ser adotada para uma cidade planejada e ainda hoje cumpre, com eficácia, seu papel. A alteração do volume (decibéis) atende, única e exclusivamente, à uma minoria que busca lucrar negociando a tranquilidade dos brasilienses, já ameaçados quando a noite chega pela carência de policiamento, pela iluminação precária, pelas badernas nas adjacências desses bares, onde o consumo de bebidas e drogas, inclusive por menores, é feito sem qualquer restrição.

        Não bastasse essa anomalia, os moradores da cidade ainda vão sendo obrigados a conviver com o advento dos Food Trucks que, invadindo áreas de estacionamento e áreas verdes, promovem suas festas populares ao arrepio da lei, sem vistoria sobre o barulho produzido, nem sobre a qualidade de comida que oferecem em seus cardápios.

      O fato é que a qualidade de vida dos moradores do Plano Piloto vem decaindo a cada ano pelo avanço progressivo de uma modernidade totalmente alheia ao respeito pelo silêncio, pela paz e pelos direitos de quem quer ficar em casa para descansar. São imposições dadas certamente por pessoas que não são ligadas à cidade. Em pouco tempo saem daqui deixando o rastro de destruição. Isso é intolerável.

Deixar essas e outras “inovações” nas mãos de políticos, cujo o único interesse é angariar apoio e voto, não parece uma boa ideia. Nesse caso, o melhor seria uma consulta diretamente com os moradores dessas áreas afetadas pelas algazarras, para que possam escolher livremente o que desejam para sua quadra e para sua família.

        Uma Lei do Silêncio para valer deveria propor a quietação e a serenidade de toda a cidade como recompensa àqueles milhões de candangos que deram duro durante todo o dia.

A frase que foi pronunciada:

“Se algum deputado distrital tivesse uma fábrica de isolamento acústico, a Lei do Silêncio seria para ser Lei do Silêncio.”

Comentário de Sérgio Silva, da 408 Norte

Charge: jornaldebrasilia.com.br

Boa ideia

Vicentinho, deputado federal pelo PT, declara que está quase defendendo a desobediência civil. Bom falar isso justamente no mês dos contribuintes pagarem 40% dos vencimentos ao Leão. Se a moda pega, seria o caso de depositar o imposto de renda em juízo, até que a União, Estados e municípios se comprometam em cumprir a Constituição devolvendo aos contribuintes os impostos pagos em segurança, educação, saúde, transporte.

Trabalhadores

Por falar em Receita, os auditores fiscais estão com data marcada para paralisação. A nota diz o seguinte: “Os auditores-fiscais desejam seguir cumprindo seu papel capital na retomada do crescimento e entendem que a desestabilização do órgão não atende aos interesses da sociedade brasileira. Assim, esperam que o governo se sensibilize e cumpra aquilo que foi acordado com a categoria. Esta é a única forma de reestabelecer a normalidade na Receita Federal do Brasil”.

Danos morais

Vídeo sobre uma funcionária do HRT mostra que, diariamente, ela batia o ponto, entrava no carro e saía. A má-fé de quem teve o cuidado de gravar as imagens foi atestada, já que ela entrava no carro, mas não ia embora. Na verdade, ela parava mais perto da entrada do trabalho para a labuta diária.

Caindo a ficha

Jornalistas sofrem na cobertura do Lula. Muitos deles digitaram o número 13 na urna eleitoral. O fenômeno anti-PT se dá, exatamente, como acontece com pessoas que deixam a religião. Pode-se tocar a alma, mas a manifestação da vontade deve ser livre e inatingível.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O que houve, de fato, foi uma licença que ele tirou da sucursal do “Correio Paulistano”, e, agora, estão fazendo “jogo de empurra” para destinar o apartamento a um funcionário já escolhido. (Publicado em 18.10.1961)

Circe Cunha

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Circe Cunha
Tags: #Brasília #HistóriadeBrasília #AriCunha #CirceCunha #Mamfil

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