O lábaro estrelado

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

com Circe Cunha e Mamfil

colunadoaricunha@gmail.com;

Imagem: materiaincognita.com.br

“Sobre a imensa Nação Brasileira,/Nos momentos de festa ou de dor,/Paira sempre sagrada bandeira/Pavilhão da justiça e do amor!”

Hino à bandeira,

Olavo Bilac, Francisco Braga

       No futuro, quando os sentimentos e paixões tiverem cedido o lugar para a razão e a reflexão, haverá espaço para que historiadores e outros estudiosos da cena política e social se detenham numa análise mais serena e realista sobre esses dias conturbados que vivenciamos no presente. Somente o tempo e a distância serão capazes de trazer à lume o entendimento necessário para que possamos perceber com clareza até que ponto o enraizamento dos dogmas de uma esquerda decadente e anacrônica foi capaz de contaminar, não apenas as instituições do país, mas sobretudo, parcela da população.

   Entre nós, esse problema adquire maior gravidade quando se percebe que à cartilha tradicional socialista importada, e não devidamente traduzida e entendida, foram agregados diversos outros elementos ligados à nossa formação histórica. O que se resultou desse amálgama foi um sistema heterogêneo e sui generis que engloba, desde o paternalismo, passando pelo patrimonialismo, que tem o homem cordial como sujeito principal, até chegarmos ao trabalhismo de cunho nitidamente fascista e demagógico. Nesse sentido, é apropriado falar em herança petista, mais precisamente sobre herança nefasta do lulismo, que é ao que se reduziu esse partido, submetido, desde o seu surgimento, às vontades de um dos seus principais fundadores. Embora teoricamente não se possa falar em um lulismo, como corrente ou linha de pensamento político, dado as conhecidas limitações intelectuais desse personagem e de seu entorno imediato, o que se observa é a realização da política por outros meios, sobretudo, através do instinto.

Charge: opiniaotriunfodigital.blogspot.com.br

É pelo instinto e pelo faro do momento que Lula dará rumo ao seu governo por mais de uma década. O desaparecimento de Miguel Arraes e Leonel Brizola deixariam o campo livre para o desenvolvimento do lulismo, calcado, obviamente, nos alicerces econômicos implantados por seu predecessor e criador do Plano Real. Foi o Real, e não outro elemento, que pavimentou a estrada do lulismo, abonado ainda pelo período de ouro nos preços internacionais das commodities.

Com o campo livre para agir e de posse dos bilhões de reais que passaram a abarrotar os cofres do Estado, o lulismo floresceu sem limitações, nem mesmo as de caráter ético. Com a abundância de recursos em mãos, obter o apoio integral das classes políticas tradicionais e dos empresários, eternos parasitas do Estado, foi fácil e tudo funcionou conforme desejavam.

O senão e as primeiras dificuldades viriam justamente da inveja de alguns políticos da base, insatisfeitos com a partilha desigual do butim. Com a entrada da imprensa, até então submissa, na pista dos desmandos que ocorriam nos bastidores, o castelo de cartas do lulismo começou a desabar lentamente.

É nesse ponto que entra o lábaro estrelado: o ritual da queima da bandeira nacional, que sistematicamente vem acontecendo nas manifestações derradeiras desse grupo, demonstra, além de outros crimes, o inconformismo dessa gente que não admite que outro valor mais alto se erga sobre todos, tremulando pacientemente do cimo dos mastros, cobrindo a nação ordeira com seu manto de justiça.

A frase que foi pronunciada:

“O amor por princípio, a ordem por baixo e o progresso por cima”.

Augusto Comte

Generalizar

Sobre a coluna que tratava da UnB, Bruna Ribeiro protestou com propriedade. Ela nos diz: “Generalizar que todos os alunos da UnB não colaboram com propostas acadêmicas é injusto. A Universidade é pública porque, na teoria, as pessoas que lá estudam não têm condições de pagar um curso particular. Por ser pública, precisa de incentivo do governo para custear as pesquisas.”

Reconhecimento

Além disso, continua a missiva, a exemplo de contribuições, concluí o curso com um trabalho sobre crises no setor público, que inclusive foi apresentado no V Congresso Científico de Administração, do Conselho Regional de Administração do DF. Muitos amigos meus estiveram engajados com pesquisas da universidade. Mas além de faltar incentivo, falta também reconhecimento.

Científicos

São inúmeros os projetos que podem ser aproveitados pelo governo. E são inúmeros também, os alunos que gostariam de aplicar suas teses. E mais: Há professores muito bons na UnB e alunos comprometidos. Essa problemática de gerar retorno para a sociedade foi um ponto levantado na última eleição para o Diretório Central dos Estudantes Honestino Guimarães da Universidade de Brasília (DCE/UnB) por uma chapa liberal que perdeu para essa de esquerda que está lá hoje.

Por fim

Quando a coluna diz que a UnB virou as costas para a comunidade e não colabora com propostas acadêmicas, incluiu todos os bons alunos e professores nessa mancha vermelha que tem contaminado a própria universidade. E querendo ou não, é um exemplo da falta de reconhecimento, protesta nossa colaboradora Bruna Ribeiro.

Assim como o país, a universidade parece estar dividida.

Mea culpa

Registramos o nosso respeito pelos alunos e professores da Universidade de Brasília que enfrentam todos os tipos de impedimentos para estudar, trabalhar e pesquisar, enriquecendo a comunidade científica do país. Nossas sinceras desculpas pela falha. Generalizar foi realmente injusto.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Parece que vai se consumar, mesmo, a mudança do Ministério das Minas e Energia para a Asa Norte. Pelo menos, é esta a disposição, que se encontra na nota à imprensa distribuída pelo Ministro. (Publicado em 18.10.1961)

Circe Cunha

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Circe Cunha
Tags: #Brasília #HistóriadeBrasília #AriCunha #CirceCunha #Mamfil

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