O Deus ex-machina da Inteligência Artificial

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Charge: Asier Sanz Nieto

Deus, segundo a Bíblia, criou o mundo e nele depositou a espécie humana ou homem, conforme à imagem e semelhança do próprio Criador. Em Gênesis 1:26-28, está escrito: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os grandes animais de toda a Terra e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao chão. Multipliquem-se, disse Deus. Encham e subjuguem a Terra.” E foi isso exatamente o que a espécie humana fez, ao subjugar, para o bem e para o mal, todo o planeta e dele se servindo, para sobreviver e se desenvolver como espécie. Nesse sentido, o homem tem em Deus o seu Criador. Do mesmo modo, ao se desenvolver, o homem buscou imitar Deus, criando a máquina. Nesse ponto, o homem torna-se também o deus criador da máquina, utilizando-a para seu proveito.

Ao soprar em suas narinas, Deus deu ânimo ou uma alma à sua criação. Também em Gênesis 2: 7-25 está escrito: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da Terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.”. Da mesma forma, o homem, para dar “vida” ou uma “alma” à sua criação (máquina), desenvolveu primeiro o combustível a vapor, depois o motor à explosão, a eletricidade e outros catalizadores mais atuais. Tudo num gesto típico de imitação ao Deus Criador. Da criação da máquina a vapor, durante a chamada Revolução Industrial, na segunda metade do século XVIII, até a invenção e o desenvolvimento dos primeiros computadores, entre os anos 1943 e 1946, com a denominada Eletronic Numerical Integrator and Computer (ENIAC), foi um ”pulo”, em termos de tempo histórico de evolução. Daí então, para o desenvolvimento dos robôs, da computação quântica, até a tão propalada Inteligência Artificial (IA), deu-se também num pulo rápido. Eis aí o ponto em que nos encontramos agora, com o homem buscando tornar sua criação, conforme à sua imagem, conforme à semelhança da espécie.

Ocorre que, na história e no enredo do desenvolvimento humano, é preciso dar sentido à criação da IA, de modo que ela não venha, no futuro, dispensar o próprio homem, descartando-os como muitos ainda fazem hoje em dia em relação ao Deus Criador. É, nesse momento que a expressão latina, de origem grega, Deus ex machina, ou o Deus surgido da máquina, entra em cena, podendo dar um fim inesperado a toda a trama humana, quiçá até em destruí-la. Não se trata aqui de ficção, mas de uma realidade que preocupa, agora, diversas personalidades pelo mundo afora, todas elas envolvidas, direta ou indiretamente, nos projetos de Inteligência Artificial. Para tanto, esse grupo de visionistas, que inclui desde o bilionário Elon Musk, dono da Tesla, o historiador Yuval Harari, autor de best seller como “Sapiens, uma breve história da humanidade” ou o “Homo Deus”, além de personalidades como Sam Altman, CEO da OpenAI Startup que criou o chatGPT e outros, estão pedindo, agora, por meio do site “futureoflife.org”, que se faça uma moratória de, ao menos, seis meses, para que haja discussões mais aprofundadas e mesmo regulamentações de segurança sobre o desenvolvimento da IA, tendo em vista as múltiplas repercussões que essa tecnologia trará para a humanidade.

Não se trata aqui de um alerta sem propósito ou sensacionalista, mas de uma advertência com profundas e sérias razões. Da mesma forma que os homens criaram e desenvolveram as armas de destruição em massa, capaz de fazer explodir todo o planeta, também a IA, para muitos pensadores e protagonistas dessa epopeia, vem alertando sobre os riscos para a humanidade trazidos por esse tipo de avanço, tanto para a democracia, como para o fim de muitas profissões, com riscos ainda para perda do controle de toda a civilização.

Para esse grupo, a humanidade está próxima de um ponto de inflexão a que chamam de “singularidade”, quando as máquinas passam a adquirir e despertar consciência. É o nascer da consciência das máquinas, sua autonomia e sua provável rebelião contra a espécie humana. Anos atrás, o então físico Stephen Hawking já alertava para os perigos no desenvolvimento de robôs e de da própria IA, dizendo que essa revolução implicaria também um sério risco às sociedades humanas.

Em 2014, numa entrevista concedida à BBC, Hawking, disse, com todas as letras, que o desenvolvimento da Inteligência Artificial poderia significar o fim da raça humana. “Máquinas pensantes ameaçam a existência humana”, disse ele, ao lembrar que os humanos, limitados pela evolução biológica lenta, não conseguiriam competir com a IA e seriam desbancados. O risco maior está naqueles países que não respeitam e mesmo desprezam fatores como a ética científica e, portanto, irão se lançar no desenvolvimento dessa tecnologia, para dominar, ainda mais, seus próprios cidadãos e, posteriormente, dominar outras nações.

A singularidade desse momento, não só no sentido do despertar da consciência das máquinas, mas também no que toca à esse instante ímpar em que temos que decidir que rumo tomaremos pela frente, pode significar desde um avanço, em direção à árvore da maçã proibida, até a uma nova expulsão do paraíso e um retorno às cavernas. Ou nem isso.

A frase que foi pronunciada:

“É das feições dos anos que se compõe a fisionomia dos séculos.”

Victor Hugo

Victor Hugo. Foto: wikipedia.org

Sóbrio

Nos anos 60, lá estava Geraldo Vasconcelos, no famoso Posto do Geraldo, quando, de repente, chega o presidente Jânio Quadros. Todos com os olhos presos no homem, que anda devagar e vai até o balcão. Pede para ver uma garrafa de bebida alcóolica. Qualquer uma. O que ele queria mesmo era se certificar se os produtos de lá estavam com o selo do imposto. Havia um selo de imposto. Estava tudo certo.

Jânio Quadros. Foto: al.sp.gov

ColaBora

O Coletivo de Poetas (CP), a Tagore Editora e o Café ColaBora – Arte, Moda, Gastro e Decorações convidam para o lançamento de BRASILIDADE, sábado, 01/04, às 16h. O poemário reúne 31 poetas. Foi concebido para celebrar os aniversário de 60 anos de Brasília e 30 do CP, em 2020. A pandemia adiou o evento. Veja, a seguir, quais são os poetas em BRASILIDADE. São 241 págs. Preço de lançamento: R$ 60,00. CRS 507 Bl. D Lj 3/5. W3 Sul.

–> Alceu Brito Corrêa, Anabe Lopes da Silva, Ariosto Teixeira, Chico Pôrto, Elisa Carneiro, Ézio Pires, Guido Heleno, Herbert Lago Castelo Branco, Hilan Bensusan, Jorge Amâncio, José Edson dos Santos, José Roberto da Silva, Lourdes Teodoro, Luís César Sousa, Maria Maia, Marcos Freitas, Mauro Moncks, Menezes y Morais, Nando Potyguara, Nara Fontes, Nonato Freitas, Nonato Véras, Olivia Maria Maia, Paulo José Cunha, Salomão Sousa,  Reginaldo Gontijo, Roberta Almeida de Souza Cruz,  Samuel Barros Magalhães,  Vanessa Teodoro Trajano, Varadero e Wagner Srestras. BRASILIDADE tem fotografias de Edmilson Figueiredo.

História de Brasília

Fugiu, doutor, é o termo. E vai ser duro, reaver o crédito. Seu sucessor soube se portar, com espírito de renuncia e compressão. Desprendeu-se de vaidades, e abriu mão de um direito constitucional para que não fosse sacrificado o povo. O senhor, no caso, faria o mesmo, dr. Jânio? (Publicada em 17.03.1962)

Circe Cunha

Publicado por
Circe Cunha
Tags: #AI #AriCunha #Brasília #CirceCunha #CriaçõesHumanas #HistóriadeBrasília #InteligênciaArtificial #Mamfil #Máquina

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