Não existe lixo

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Circe Cunha e MAMFIL

A afirmação, que à primeira vista pode parecer falsa, tem sido encarada por muitos países como algo possível e vem ganhando a cada dia uma legião de adeptos e entusiastas com a ideia de que nada se perde, tudo se transforma. Tudo pode ser reinserido na cadeia de consumo de modo a racionalizar e perpetuar o ciclo de produção, tão necessário para a geração de riqueza e empregos.

Nesse contexto, o lixo é visto como ouro, bem precioso. Mas, para chegar a esse ponto, são necessárias uma preparação prévia e a introdução de muitas mudanças e alterações de antigos hábitos e costumes. A questão vem a propósito da transferência gradual do lixão da estrutural para o novo local, situado na DF 180, próximo a Ceilândia e Samambaia, segundo prevê a Lei 12.305110, conhecida por Política Nacional de Resíduos Sólidos.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a nova política vai “instituir a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos: fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos na logística reversa dos resíduos e embalagens pós-consumo”.

Para uma cidade que pretende servir de modelo para o restante do país, a questão do adequado manejo do lixo urbano é, talvez, a mais importante de todas as políticas a serem implantadas a médio prazo. Antes de tudo, impõe-se apresentar a proposta aos garis, mostrando a importância do manejo do descarte reutilizável. São os garis os primeiros a manusear o lixo seletivo. É importante que tenham conhecimento do futuro do material. A geração do número de empregos, as formas de reutilização, a importância de reaproveitamento, os desafios à criatividade.

O segundo passo são as escolas. Há que envolvê-las no assunto. Elas são a base para a formação de cidadãos conscientes sobre a importância da questão do lixo urbano. Desde lições preliminares de urbanidade, como o lixo no lixo, até a conscientização da família para a questão.

Também o saber das universidades deve ser incorporado ao terna, com a criação de cadeiras que tratem especificamente do tema, de modo que se busquem soluções racionais para este que é um dos maiores problemas da atualidade.

Somente com o poder multiplicador das escolas é possível chegar a uma solução razoável para tratar o descarte responsável. O governo e os órgãos a ele subordinados devem dar o exemplo internamente, na minimização do consumo de todo material que possa gerar lixo e, sobretudo, empreender campanhas para tratar o assunto com a seriedade requerida.

Nesse ponto, a fiscalização sistemática para o correto manuseio do lixo torna-se necessária e urgente, estabelecendo pesadas penas para quem deposita lixo de forma inadequada, como vem se tornando habitual na cidade. Circular pelas quadras comerciais hoje é experiência desagradável, dada a quantidade de lixo estocado de forma incorreta em contêineres superlotados e malcheirosos. E visível, ao final do dia, quando o lixo do comércio local é recolhido, a presença de chorume escorrendo rua abaixo, inundando o ar de mau cheiro insuportável.

Diariamente são gerados aproximadamente 3 milhões de toneladas de lixo doméstico em todo o DF. Trata-se de problema de enormes proporções, que requer ação rápida e constante, sob pena de, no futuro, inviabilizar ambientalmente a própria cidade.

A reutilização e o reaproveitamento dos materiais sólidos em centros especializados e modernos de triagem têm sido solução correta e econômica tanto para os catadores como para o próprio governo. É preciso incutir nos brasilienses a ideia e a importância da reciclagem.

Em alguns países vem ganhando força a construção de fábricas que utilizam roupas usadas como matéria-prima para a fabricação de papel de ótimo padrão e fios e tecidos de algodão de excelente qualidade. Com 7 bilhões de habitantes, o planeta já não consegue mais suprir a demanda de consumo. O futuro é da reciclagem, da reutilização dos materiais e do repensar o consumo do sistema capitalista selvagem, que enxerga o meio ambiente apenas como objeto para a geração de lucros sem fim.

Pode ser interessante fazer visitas guiadas das escolas aos lixões, para que os novos alunos tomem ciência, in loco, do tamanho do problema e do perigo que correm no futuro caso não repensem imediatamente seus padrões de consumo e de comportamento.

>>A frase que não foi pronunciada

“Esse silêncio político é apenas o preparo da receita de sempre para o ano que se inicia.”

Alguém pensando depois de uma reunião de partido

>>História de Brasília

Ajude a Câmara Júnior, na Campanha de Trânsito. Não precisa dar dinheiro. Basta cumprir o Código, respeitar os outros e, quanto ao mais, procure defender a si próprio sem sacrificar ninguém. (Publicado em 211911961)

Circe Cunha

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Circe Cunha
Tags: Trânsito lixo ari cunha Brasília Cidades

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