VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
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No campo econômico, há aqueles que entendem que um bom projeto educacional é aquele que estabelece uma autonomia e liberdade orçamentária. Seria uma solução interessante, com as escolas contratando ou demitindo professores sem rendimento. Ideias como o estabelecimento de uma renda para as escolas, de acordo com o número de alunos matriculados e aprovados, também surge como interessante, o que faria as escolas a cumprirem uma meta pré-estabelecida, principalmente se houvesse testes regulares elaborados pelas regionais para atestar se há o conhecimento dos alunos ou se foram empurrados para o ano seguinte.
Outro ponto apontado como importante é a fixação de uma política de compliance nas escolas públicas, da mesma forma como vem sendo implementado nas grandes organizações. O mais surpreendente é que o Brasil já experimentou, por um curto espaço de tempo, a introdução de escolas com educação de excelência. Um exemplo foram as Escolas Parques criadas por Anísio Teixeira e aquelas estabelecidas pelo educador Darcy Ribeiro, com os CIEPs, Centros Integrados de Educação Pública, que se mostraram plenamente adequados a nossa realidade.
Como esses modelos necessitavam de grande empenho e responsabilidade por parte das autoridades, foram deixados de lado. O que se tem hoje são modelos improvisados, porém necessários, como é o caso das escolas militarizadas.
Na avaliação de experts no assunto, como é o caso do filósofo e mestre em Ciências Políticas, Fernando Schuler, são várias as linhas de inovações possíveis para a melhoria do ensino público. Segundo ele, “os sistemas de voucher, em que o governo oferece uma bolsa e dá direito de escolha às famílias, ao invés de gerenciar escolas; e o modelo das charters schools, em que o governo assina contratos de gestão com instituições especializadas, de direito privado e sem fins lucrativos. Em ambos casos, o governo passa da condição de gestor direto para regulador do sistema.”
Outro pensador atual e importante sobre essa questão é o economista Eduardo Giannetti. Para ele, a sociedade brasileira valoriza a educação, mas coloca-a em plano abstrato e idealizado, sem que os familiares se envolvam diretamente no dia-a-dia com o processo de aprendizagem de seus filhos. Ou seja, um reconhecimento que fica apenas no discurso, descolado da prática. Segundo ele é preciso entender que o aproveitamento do que a criança e o jovem aprendem depende do suporte que eles têm ou não em casa, pois é isso o que fará com que os alunos percebam a permanente interação da escola com o mundo.
“Gosto muito de citar como exemplo os descendentes de orientais que moram no estado de São Paulo. Eles correspondem a aproximadamente 3% da população paulista e obtêm 12% das vagas disponibilizadas pela Fuvest [processo que seleciona alunos para a Universidade de São Paulo e para a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo], o principal vestibular do país. Os orientais vieram para cá sem privilégio algum, sem nenhum tipo de vantagem especial para viver aqui, e tiveram as mesmas oportunidades educacionais que a maioria da população. No entanto, em poucas gerações, os descendentes deles apresentam um desempenho escolar que os diferencia”, diz Giannetti.
A escola, na opinião de vários educadores, deve ser integral, não apenas no desenvolvimento do que se processa intramuros, mas abrir-se para comunidade em tempo também integral, envolvendo todo o entorno social. Deve ainda promover atividades culturais que reúna toda a comunidade, criando um espaço aberto e integrativo permanente. Cabe a ela também discutir os problemas da comunidade, buscando apoio coletivo.
Em outras palavras, a escola deve ser um lugar em que alunos, pais e toda a comunidade possam confiar e conviver de forma permanente, auxiliando a todos na medida do possível e do impossível. Só assim terá sua validade reconhecida. Na realidade, não há nada para ser inventado nessa área que já não foi experimentado com sucesso garantido. Falta apenas um certo compromisso a ser estabelecido entre os cidadãos brasileiros e seus legítimos representantes. Nesse ponto também se encontra um outro nó difícil de desatar e que diz respeito à educação dos eleitores para o ato de votar, o que nos remete ao início de todo o problema e ao recomeço desse ciclo fechado. Aí são mais alguns séculos de discussões.
A frase que não foi pronunciada:
“A educação é aquilo que sobrevive depois que tudo o que aprendemos foi esquecido.”
B. F. Skinner, educador
Tenso
É preciso ter o coração forte para suportar a política de hoje. Mais uma vez, uma dupla de políticos desfalece. Senador Kajuru e Senador Heinze. Os dois ficaram em quartos vizinhos no Sírio Libanês em Brasília.
Tráfico
Moradores reclamam do tráfico de drogas na 408 Sul. Movimentações por toda a noite deixam os vizinhos apreensivos e sem saber o que fazer. A situação está bem desagradável.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O Ceará, este ano, perdeu a iniciativa da “indústria da seca”. O ministro Virgílio Távora moralizou a história, mas os baianos não aderiram. (Publicado em 06/12/1961)
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