VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Somos apenas fracas projeções, ofuscadas por um tolo racionalismo. A verdadeira imagem e semelhança é abstrata, como abstrato e lúcido é o sentir. O capim ressequido, agitado pelos ventos de novembro, parece dizer adeus a todos que passam por esta estrada.
Uma ave se lança num voo incerto contra a luz do fim de dia e pousa na arquitetura sem ciência de um galho, cansada do seu voar sem rota. Vou até a janela. Um universo agita-se em frente com uma porção de esperança na Justiça, nas Leis, nas regras.
Elevo as mãos na altura dos olhos e traço uma linha que se estende paralela ao meio fio.
Os telhados nas superquadras, com antenas captando ilusões do ar, com trapos nos varais e com o céu talhado por centenas de fios elétricos, parecem decretar a morte da poesia.
Nada há nestes dias a não ser, ao longe, o se perder das vozes roucas.
Esses ventos úmidos secam a alma.
Corro para a rua num olhar mecânico reconhecendo o ócio dos dias de luta. Volto para o centro destas paredes e deixo o pensamento equidistante de tudo. Farta de saber que o mundo nada mais é que um velho e ilusório parque de diversões, com gente que, vendendo bilhetes, garantem breves prazeres aos ingênuos e aos maliciosos.
Tentam eclipsar o sol tornando as vistas e o desejo para um telhado suave, tangido pelo quedar da tarde. Vem o retorno da noite visto pelo cimo da rua, trazendo os matizes do céu habitado.
Por onde andaria a velha amiga Mariinha ou o primo Cláudio. A eles cabem os riscos celestes nas fotos que agarram a imagem pintada pelos anjos. Ou leem Zaratrusta, tocam flauta ou maldizem os indolentes e egoístas.
Riscando a terra naqueles dias, então muitos optaram por fazer sua trincheira, marcando sua posição nesse mundo de ninguém.
Ah! Como lembro de ti! Como um porto. Um cemitério de navios onde os mastros feito silhuetas tristes pelo sol nascente pareciam árvores a atravessarem o mar. Eram as correntes que, na bruma do cais, prendiam os sonhos idos. Repouse em ti o perfume das madressilvas. E seja esse céu candango, sem gaivotas, a calmaria no mar alto do Ceará.
Por que se mostram os astros aos líderes se a América dorme? Passamos absortos de um tempo. Com falas poucas. Com orelhas moucas.
Deitando os olhos até as linhas imaginárias do horizonte, ficamos a olhar para as pedras à espera de algum movimento. E assim não vemos os pássaros que se abalam no espaço.
Não conheces mais os arabescos antigos. E o rastro deixado pela lua nos telhados da cidade. Deixas de lado os sonhos que podiam ser teu acalento para correr atrás da justiça ou daqueles que não têm tempo para ti. São como as rochas que encerram os sonhos sem asas.
Outra noite se cai e o pensamento segue a estrada imensa.
A ursa maior se estende no céu e a lua crescente lança sua tênue luz no planalto. Cruza o amor ao país como uma sombra em abalar os sonhos dos que nada sabem e dormem.
Abro essas páginas ao vento. Com minha morte, virá o mar a salgar os versos antigos a tragar a espada cega da luta.
Sigo definhando como as solas, cujo único nexo é seguir. Antecipo assim a noite a cada pedaço de chão. Paro. Olho para o espaço e as formações de luz se tornam como guias, partindo das cores de um diamante.
Ouço ao longe que é fácil se confundir com o tempo. Sol ou farol jogam a luz no arco íris como se a chuva fosse a esperança da terra. Como encarnação da música, cantam as águas em mini ondas no lago Paranoá. Vivendo apenas alguns compassos, não ficam para ver o resultado de tanta cantoria.
E a noção tão cheia de ciência das coisas é redimida, quando as nuvens, atendendo ao canto, desinteressadamente lançam chuva a terra.
No livre arbítrio do verso, Deus deu a vida e o homem, na busca da harmonia com ela, concebeu a forma que lhe convinha.
Grossas nuvens vagueiam sobre a cidade cinzenta. O olhar acompanha o movimento leve dos pássaros. Chove e estas águas trazem um frescor antigo. Como os suaves arcos de um beco cheio de estórias. O céu é recortado pelo oscilar sinuoso dos telhados, leves pássaros. Suaves arcos de um frescor antigo, na prosaica arrumação das vielas.
Que tudo fique no seu lugar, sem protesto.
Teço os dias indiferente, bordando sóis e luas sempre diversos, indiferente à malha que traça para mim a noite enorme e sem estrelas.
Esqueço o labor dos astros.
A frase que foi pronunciada:
“O único ditador que eu aceito é a voz silenciosa da minha consciência.”
Mahatma Gandhi
História de Brasília
Providências, também, estão faltando para que sejam ligados esgotos, luz e água para a escola nova, que está entregue desde novembro. (Publicada em 13.03.1962)
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